Dias que duram séculos

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CAPÍTULO II

Narrador Onisciente.

Dias que duram séculos

Hizashi havia acabado de sair de mais uma apresentação fracassada em um pequeno bar perto de sua morada. O pobre compositor solitário tinha feito uma tentativa em vão de apresentar uma de suas melhores músicas, mas pelo andar das coisas as pessoas do lugar não apreciavam um bom e velho rock balada.

O loiro partiu para sua casa aos brandos, estava definitivamente exausto de tudo, da solidão, da vida, das pessoas e principalmente de si mesmo. Parti dele não queria aceitar sua derrota perante seu pai, o velho mal humorado nunca deu ânimo ao filho rebelde e sempre estava o menosprezando até que em fim chegou o dia em que o menino deixou de ser “menino” para um adulto dono de seu próprio nariz e decidiu sair de casa para realizar seus sonhos, mas a única coisa que Hizashi conseguiu realizar foi seu pior pesadelo, a solidão e a decepção de si próprio. E a outra parte de si estava apenas a implorar a volta dos mimos, uma casa limpa e grande, comida farta e uma cama quente e macia, mas para isso teria que aceita a apreensão e o isolamento de todos os seus gostos, sem música, sem piadas, sem diversão, sem risos, então preferia passar fome do que voltar.

Quando chegou no lugar encarou bem a porta do pequeno apartamento que estava hospedado, cheio de pensamentos distantes. Ao abrir a porta arrumou o pôster de uma de suas bandas prediletas na parede com um certo desânimo, já era quinta vez que havia posto aquilo colado. Pelo menos estava em fim no lugar onde poderia chamar de lar.

Yamada retirou o violão de suas costas e colocou sutilmente ao lado de seu colchão, pois a única coisa que seus investimentos havia lhe permite comprar havia sido um colchão velho e usado de sua vizinha ao lado que já tinha se mudado de lá a alguns meses, pois tinha conseguido arrumar uma oferta de emprego em uma cidade vizinha. Hizashi achava que ela tinha sorte e que o mundo estava conspirando contra si, mas o que ele não sabia era que a sorte estava apenas esperando o momento certo para bater em sua porta, mas para isso teria que fazê-lo passar por alguns maus bocados.

O loiro sentou-se ao lado do violão olhando para o vazio alheio do cômodo pequeno, aquele sorriso apagado de sua feição não era normal, aquele que antes estava sempre sorrindo e com todas as emoções positivas a flor da pele agora estava totalmente desgastado.

Tudo estava tão tranquilo, Yamada estava até estranhando, pois todas as noites de domingo o dono do lugar vem lhe atormenta sempre com o mesmo assunto, a droga do aluguel atrasado, porém não demorou muito para alguém bater na porta e se propagar sons de gritos de raiva e transtorno.

— YAMADA SEU DESGRAÇADO É MELHOR VOCÊ PAGAR TUDO O QUE VOCÊ ME DEVE AGORA SE NÃO ESTÁ NOITE VOCÊ TERÁ QUE DORMIR NA RUA!!! — declarou o homem sem muita paciência.

O loiro revirou os olhos em sinal de desânimo e enfiou a cabeça debaixo de seu travesseiro totalmente exausto de tudo, ele poderia brigar, gritar e até mesmo insultar o velho rabugento, mas estava tão fora de si que preferiu tomar uma decisão um pouco mais sabia.

— Espere apenas um minuto para eu poder me organizar! — gritou Hizashi com a voz um pouco abafada por conta do travesseiro.

Não demorou muito para a porta se abrir e Yamada sair de dentro do apartamento com seu violão nas costas e com uma mala de rodas. Sim, o compositor estava determinado a deixar tudo para trás e ficar vagando pelas ruas sem rumo algum.

— Mas e todas essas outras coisas? — questionou o homem surpreso ao ver a atitude do loiro.

— Não preciso de nada disso, se quiser jogue no lixo, está tudo podre mesmo — respondeu o homem que agora estava prestes a entrar no velho e enferrujado elevador.

Naquela noite Hizashi Yamada deixou o único lugar que o acolhia do frio e da chuva.

Quando ele saiu do prédio sentiu um estranho alívio em seu peito. O céu estava estrelado, mas mesmo assim ainda fazia um certo frio, o típico frio do término de um longo inverno e o início da primavera, uma das estações prediletas do pobre compositor.

Hizashi não sabia nem amenos que rumo tomar, é claro que ele poderia ligar para seu pai, mas como se já tinha até vendido seu celular para obter comida? E além do mais o que não faltava no coração de Yamada naquele momento era frustração, se fizesse isso morreria de depressão então preferiu apenas caminhar e apreciar aquele céu estrelado, ligou seu querido mp3 ao velho fone de ouvido preto e pequeno e ao longo de sua caminhada foi ao som de Konai – Walk Alone.

O sono já havia tomado conta de todo seu corpo, mas não encontrou nem um lugar para passar aquela noite então estava evidenciado, teria que passar a noitada sobre as estrelas com apenas a lua como sua companheira, porém infelizmente a lua já havia sido escondida por nuvens que cobriram o céu e desta forma a chuva começou a cair forte e desesperadamente Hizashi se pois a correr até a frente de um estabelecimento que tinha um toldo de lona que felizmente se estendia por toda a calçada dando um grande espaço para ele poder se proteger. Tendo isso, deixou sua mala ao lado de onde se sentou e o violão colocou em seu colo e assim adormeceu.

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