Capítulo 2

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"Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia."
William Shakespeare.

10 de agosto de 2020

Zulema entrou na cela e antes de qualquer ação se assustou um pouco ao ouvir o barulho da porta se fechando atrás de si, passou rapidamente o olho pelo local, pela análise geral até que era um pouco melhor que sua antiga cela, tinha um beliche no canto direito, uma mesa no centro com duas cadeiras, ao lado do beliche um pequeno armário de madeira, e no canto esquerdo tinha um cercado com o vaso sanitário e uma ducha. Viu duas caixas plásticas transparente com suas coisas dentro, tudo bagunçado, é claro. Ela deu alguns passos e começou a tirar as coisas de dentro da caixa e organizou pela cela, se dirigiu ao armário abrindo as portas e dentro tinha um caderno no formato A5, abriu a capa vendo uma assinatura na primeira folha, Macarena Ferreiro, estava escrito. Passou folha por folha, mas não havia nada. Devolveu o caderno ao lugar que estava sem dar muita importância e colocou algumas de suas coisas no móvel. 

A morena sentou na cama de baixo do beliche, pensava na merda de vida que estava levando e lamentava a falha do plano, se tudo tivesse dado certo a essa hora estaria bem longe daquele inferno, ela deitou estirando as pernas na cama deixando que seu corpo relaxasse eliminando toda a tensão da audiência e da sua recepção na prisão. Virou a cabeça e viu alguns rabiscos pela parede cinza.

— Maca — ela leu em voz alta, seria a mesma Macarena do caderno? Ela pensou. Junto ao nome tinha um desenho de um pássaro saindo de uma gaiola. Um pouco mais distante estava escrito a palavra liberdade. Zulema ficou curiosa, quem seria aquela pessoa? Ela não lembrava desse nome e olha que a mesma conhecia quase todas as presas e imaginou que essa mulher também deve ter dado trabalho para vir parar numa cela como essa.

Novamente ela se assustou com a porta destravando e o som pesado de quando ela se abriu, estava odiando e desejava ter forças para quebrar todo aquele aço em pedacinhos, levantou para ver o que a estava esperando agora e para sua surpresa entrou a diretora. 

— Boa tarde Zulema — Miranda era uma mulher de meia-idade, já conhecia Zulema de trás para frente e depois perder a cabeça várias vezes com as armações da morena decidiu tomar medidas mais drásticas. 

— Boa tarde chefa, a que devo a honra da sua presença? — Zulema respondeu com seu jeito debochado e habitual, ela sentou na cadeira em frente a mesa e cruzou os braços analisando a presença da mulher. 

— Vou te passar sua nova rotina, as coisas vão mudar para você aqui dentro. Pelo menos por enquanto — ela abriu a pasta que estava segurando e iniciou as instruções — Primeiro, suas refeições serão realizadas aqui, um guarda vai trazer diariamente, seu horário de banho de sol será uma hora mais cedo das demais presas e você só tem permissão para ir à biblioteca duas vezes por semana e acompanhada de um guarda, sem contato com as outras detentas e não quero te ver circulando por aí, aproveite o tempo sozinha para refletir sobre suas ações. 

— Entendido chefa  — Zulema até esperava que fosse pior, pelo menos não iria estar exposta as outras mulheres que queriam a cabeça dela, não que ela tivesse medo, mas sim porque sabia que poderia causar facilmente outras mortes e piorar mais ainda sua situação. 

— Muito bem! Espero que você não cause problemas outra vez — a mulher girou indo em direção a porta quando foi interrompida.

— Mais uma coisa, quem estava aqui antes de mim? — Zulema deixou sua curiosidade falar mais alto, o que lhe causou um tanto de espanto, não percebeu o quanto aqueles desenhos e o nome daquela ficaram grudados em seu subconsciente — vi alguns rabiscos ali na parede, por isso a pergunta — não queria falar sobre o caderno, pensava que poderia ser útil no futuro. 

— Macarena Ferreiro — Miranda se virou novamente para Zulema — uma detenta tão problemática como você, mas isso já faz muito tempo! 

A mulher deixou a cela e a morena ficou com aquela informação martelando em sua cabeça, queria saber quando Macarena deixara àquela cela, o que aconteceu com ela e, porque aquele caderno ainda estava ali. Porque não retiraram os desenhos da parede com uma pintura nova, tinha muitas perguntas que ela queria resposta. Lembrando do objeto, ela levantou da cadeira e agachou novamente em frente ao armário e pegou o caderno, observou o mesmo por um tempo, percebeu que estava um pouco desgasto e o abriu novamente, dessa vez para seu espanto tinham vários riscos por toda a primeira página, eram linhas desconexas e não formava nenhuma figura, parecia que alguém tinha riscado em um ataque de raiva. Ela soltou o caderno assustada, jurava que instantes atrás aquilo não estava ali.

— Puta merda que porra é essa? — pegou novamente se certificando que não estava alucinando, fechou rapidamente e colocou o caderno do armário e girou as chaves, aquilo era bizarro. 

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Mais um capítulo, agora vocês já conhecem um pouco mais sobre a
Zulema, no próximo será Maca!

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