Mais um capítulo... espero que vocês estejam entendendo a história e esse vai e vem do tempo. Confesso que tá sendo um pouco complicado escrever de forma que as conexões façam sentido e que dê pra adiantar logo uma interação mais direta de Zurena. Nesse capítulo tem personagens novos e vocês perceberão ao longo da fic que alguns só fazem parte da linha temporal da Maca, outros da Zulema e outros que estão nas duas. Enfim, agradeço os comentários do último cap, espero que gostem desse e me contem o que estão achando da fic.
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13 de agosto de 2000
Mais uma manhã trancada naquela cela, Macarena estava deitada em sua cama, preferia dormir na parte de baixo do beliche, achava mais aconchegante e assim resolveu tomar posse daquela parte mesmo sabendo que jamais iriam colocar outra presa ali com ela, no momento não pensava em nada, sua mente apenas vagava no silêncio e seus olhos acompanhavam o dedo indicador que passava pelos traços que formavam os desenhos que a própria já tinha feito na parede. Sempre teve o desenho como um hobbie, começou como toda criança que rabiscava em todas as partes, mas pra ela algo sério, como externalizar seus sentimentos, digamos se tornou uma terapia e ela usa a atividade como tal até então. Quando entrou na prisão sofreu no início por não poder usar papel e lápis sempre que queria ou precisava, principalmente o lápis por ser facilmente usado como arma ali dentro, então era proibido ter esse material fora da biblioteca. Em uma das muitas tentativas de fuga ela encontrou uma caixa no terreno perto do complexo penitenciário, ao abrir encontrou alguns objetos.
Flashback on
Janeiro de 2000
Macarena corria sem olhar para trás após ouvir o som da sirene da prisão anunciando sua fuga, entrou no caminho de mata fechada buscando um lugar para se esconder, avistou uma pequena caverna e depressa seguiu naquela direção, chegando perto da entrada do local ela tropeçou em algo e seu corpo foi jogado ao chão, levantou rapidamente avistando o objeto, era uma caixinha de madeira, a loira estava em fuga, mas sempre teve uma mente curiosa, então agarrou o objeto e correu para dentro da caverna segurando a caixa, se escondeu atrás de uma rocha grande que havia ali dentro, esperaria que entrassem na caverna para buscá-la, assim ela poderia tentar fugir depois.
Ela era rápida e impulsiva, suas fugas aconteciam com frequência, era ótima em sair do prédio, mas nunca chegava muito longe, faltava mais, faltava planejamento e estratégia para ir além daquela região. Macarena já não tinha mais ninguém, sua família e amigos a abandonaram depois da condenação, dessa forma não possuía contatos, ninguém poderia ajudá-la.
— Ela só pode ter entrado aqui — Macarena ouviu uma voz e reconheceu como a de Fábio, a julgar pelo som dos passos ela supôs que ele estava com mais dois policiais. Ela abriu a pequena fechadura da caixa pedindo a Deus que não fizesse barulho, apoiou o objeto no chão com cuidado para abrir, esperava encontrar algo que pudesse servir como arma. Dentro havia uma lanterna, chaves de fenda, lápis, marcadores, anotações em alguns papéis soltos e outras anotações que estavam nas páginas ainda fixadas no caderno que ela tem hoje. Pegou a chave de fenda e colocou presa na cintura entre o elástico do cós da calça e sua pele, o caderno chamou sua atenção, não queria deixá-lo ali, então ela pegou junto com o lápis, destacou as folhas com cuidado guardando na caixa e deixou a caverna na ponta dos pés, chegando perto da saída deu de cara com Fábio.
— Eu sabia... — Macarena olhou apreensiva, colocou a mão na cintura querendo puxar a chave de fenda — Se você se entregar na boa eu alivio sua barra la dentro, você escolhe!
A loira olhava entre uma mão e outra, a esquerda segurava o caderno com o lápis dentro e a direita estava posicionada na cintura, abaixou essa sabendo que iria se dar mal se tentasse algo, primeiro porque o homem estava armado e segundo porque lá dentro tinham outros que a derrotariam facilmente.
— Tudo bem... — ela suspirou jogando a chave de fenda no chão e chutando para longe depois levantou as mãos em forma de rendição mais ainda segurava o caderno — pelo menos deixa eu levar o caderno, não tem nada de mais nele e só quero para desenhar.
Fábio sabia que não poderia, mas queria ceder, desde quando entrou naquela prisão seus olhos se fixaram em Macarena, desejou por diversas vezes tê-la conhecido em outras circunstâncias, pois seria extremamente complicado para ele se envolver com uma detenta, ainda mais por ele ser novato e, além disso, essa é era sua primeira e única oportunidade na profissão.
— Me dá, vou deixar passar essa mais você vai ficar me devendo uma — a loira deu de ombros entregando o objeto a ele, Fábio escondeu o caderno por debaixo do colete a prova de balas, como o material é grosso não deu para perceber ter algo ali — Se vira, vou te algemar e não tente nada.
— Não tenho opção aqui — ela se virou obedecendo ao homem.
Flashback off
— Macarena sua refeição — o guarda a despertava, estava tão distraída que nem percebeu que abriram a porta.
— Obrigada Palácios — ela deu um sorriso e o homem retribuiu, era o guarda "amigo" das detentas, nunca usou de violência ou ameaças para adverti-las, era uma das poucas pessoas que Macarena gostava ali dentro.
— Acredito que em breve vão te tirar daqui, quer dizer, te liberarem para sair durante o dia — ele deu uma rápida olhada pelo ambiente, sentia pena das circunstâncias que às vezes deixavam as presas, mesmo sabendo que a maioria ali era assassinas perigosas — Elas acham que você tem algum problema mental Maca, escutei coisas estranhas.
— Que coisas Palácios? — ela deixou de comer e direcionou a atenção para o homem. Palácios às vezes não se segurava e falava coisas que não deveria.
— Medicações... te levar para ala psiquiátrica, coisas assim... — ele sabia que ela não era doida. Palácios tinha um carinho por Macarena que nem ele sabia explicar, não era uma atração física como tinha Fábio, mas sim um carinho de amigo.
— Sabem que eu não sou louca Palácios, querem me deixar... — ela parou como se estivesse lembrando de algo — Sandoval, isso é coisa dele!
— Estou te avisando porque eu gosto de você — ela assentiu, sabia que isso era verdade — Tenta ficar tranquila Maca, essas coisas como o que você fez no refeitório podem te prejudicar aqui dentro.
— Obrigada Palácios, vou tentar, é muito difícil, mas vou tentar! — ele estava certo, aparentemente todos resolveram se colocar contra ela, Sandoval já era um peso nas costas dela e agora Anabel e seu bando causava confusões com frequência para ela explodir, teria que dar um jeito de fugir dali antes que acabassem com a vida dela.
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Ponte para o encontro | ZURENA
RomanceDuas mulheres, duas linhas temporais e um destino. Após receber a sentença de um novo crime Zulema se vê condenada a viver o resto de sua vida na prisão, tudo parecia ter terminado para ela até descobrir que havia outra possibilidade.