Estou aqui pedindo perdão novamente, estou um pouco atarefada ultimamente com as obrigações da vida e está complicado atualizar todos os dias. Espero que não me abandonem, vejo todos os comentários e agradeço muito a quem me dá um feedback, sintam-se abraçad@s <3
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15 de agosto de 2020
Zulema levantou agitada depois de uma longa noite sem conseguir pregar os olhos, fez sua higiene pessoal e se sentou na cadeira em frente em mesa, batucava no móvel com as pontas dos dedos no mesmo ritmo que sua mente trabalhava, suas pernas estavam inquietas e balançavam devido à ansiedade, ela já sabia o que precisava fazer, mas ainda trabalhava no como fazer, estar sendo viajada o tempo inteiro naquele lugar dificultava seu planejamento, por alguns segundos sentiu saudades de quando era entre muitas aspas, mais livre ali dentro, mas esses poucos segundos foram como um nada comparado a sua satisfação por saber que ao ser jogada dentro daquele cubículo ela passou a ter uma pequena chance de sair de uma vez daquele lugar.
Interrompendo seus pensamentos, o barulho da porta anunciou a chegada do seu café da manhã, ela recolheu a prova de sua ansiedade para debaixo da mesa, pousando os braços nas pernas e olhava para porta querendo saber quem era sua "camareira" do dia.
— Deus me odeia — ela reclamou baixo ao ver a figura de Fábio entrando no local. O homem colocou a bandeja de qualquer jeito sobre a mesa e a empurrou em direção a Zulema com uma força maior que a necessária ao ponto do objeto quase ultrapassar o limite a superfície do móvel, com agilidade a morena pôs as mãos para amparar antes que fosse tudo para cima dela — Vejo que você estava morrendo de saudades... — a mulher comentou com um certo tom de deboche enquanto ajeitava a bandeja de forma segura e deu a primeira colherada na sopa.
— Converse menos e coma logo, antes que eu pegue essa merda e te deixe sem comer outra vez — Zulema deu de ombros sem tirar a atenção da comida.
— Como se fosse um prazer falar com você... — ela tinha um prazer enorme em provocá-lo, podia se chamar até de tesão em ver aquele homem ficar possuído de raiva, sempre imaginou como seria rasgar sua garganta e ver ele perdendo toda essa pose de policial certinho implorando por misericórdia diante dela.
— Não teste minha paciência — era notável sua raiva começando a subir, sua boca cerrava de estresse e sua veia saltava através da pele da testa, o homem era uma bomba relógio prestes a explodir em um infarto ou em surto, e Zulema amava levá-lo ao limite.
Zulema continuou comendo sem sentir uma gota de medo, para era um grande tanto faz, tinhas outras prioridades no momento, mas certamente antes de deixar a prisão ela cuidaria dele. Ela empurrou a bandeja de volta em direção ao homem e se encostou na cadeira cruzando os braços na frente do corpo logo em seguida fitou o homem de cima a baixo como se procurasse mais algo para provocá-lo antes que ele deixasse a cela.
— Obrigada pelo ótimo serviço de quarto camareira, a comida estava maravilhosa — o que veio a seguir não estava previsto, sentiu a lateral de seu rosto se virar de forma repentina com a pancada que recebeu, no mesmo instante a área explodiu numa dor latejante e insuportável, devido ao incômodo ela levou a mão até a boca ao sentir o gosto característico de sangue. Zulema sentiu a cabeça girar e visão se tornar cada vez mais turva e em segundos não via mais nada.
2 horas depois
Zulema abriu os olhos com uma certa dificuldade, piscou várias vezes até se acostumar com a claridade, correu os olhos pelo local e sorriu vitoriosa.
— To te devendo essa cara — ela apontava para cima, tendo a certeza Deus não a odiava. Levantou a coluna se sentando na maca da enfermaria e viu que o local estava vazio, não poderia ser mais perfeito.
Desde o momento que se deu conta que as coisas apareciam no caderno ela soube que precisava escrever ali, não tinha certeza e muito menos saberia como seria possível tal coisa acontecer, mas ela apostava que conseguiria se comunicar com Macarena através daquele objeto, seja lá onde ela estivesse. Dessa forma, ela acordou determinada em conseguir um lápis para tal tentativa, pelo fato de estar trancafiada em uma cela e separada das outras presas, sabia que suas chances eram a biblioteca ou alguma das salas com escritório, achou mais fácil a segunda opção, pois na biblioteca teria que pedir autorização e dar uma justificativa e o pior, teria que devolver depois, as medidas de segurança se tornaram cada vez mais rígida e esse mérito é total dela.
Então pensou em forçar algum acidente pelas escadas ou pelos batentes do pátio para ter acesso à sala do médico na enfermaria, não sabendo ela que seria bem mais fácil se tivesse provocado Fábio com a intenção de que ele a agredisse a ponto dela ter que ir para enfermaria, o homem não fazia ideia do quanto ajudou a mulher com seus planos.
— Idiota!! — Zulema ria sozinha enquanto tentava levantar da cama com um pouco de dificuldade, pegou um pequeno espelho redondo para ver o estrago em seu rosto, tinha um curativo pequeno na lateral da face, perto das sobrancelhas — Fábio, Fábio, se acha grande coisa, mas é um grande pedaço de bosta!!
Ela largou o espelho e se voltou novamente para seu objetivo, foi diretamente em direção a sala do médico, girou a maçaneta, mas a porta estava trancada, então começou a andar pela enfermaria de forma apressada, mas com uma certa dificuldade, devido às dores, mas sem perder tempo. Abriu algumas gavetas que estavam vazias, olhou dentro de algumas pastas e nada, até que seu olho bateu uma caixa na estante perto da entrada, andou apressadamente até ela e abriu. Seu sorriso se abriu de orelha a orelha, a caixa estava repleta de um carregamento de materiais para escritório, rapidamente tirou dois lápis dali e guardou na roupa entre sua pele o elástico da calcinha. Fechou a caixa deixando tudo como estava antes e voltou para cama, subiu na mesma e deitou-se. Estava feliz, as coisas estavam começando a funcionar para ela.
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ps: será que vem aí uma interação Zurena?
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Ponte para o encontro | ZURENA
RomanceDuas mulheres, duas linhas temporais e um destino. Após receber a sentença de um novo crime Zulema se vê condenada a viver o resto de sua vida na prisão, tudo parecia ter terminado para ela até descobrir que havia outra possibilidade.