Capítulo 5

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Estou de volta, agora só tem essa fic em andamento e vou tentar atualizar com mais frequência. Lembro que é muito importante os comentários para saber o feedback de vocês, além disso, saber que tem gente gostando dá um gás a mais pra escrever. 

Espero que gostem do capítulo, ficou um pouco curto mas precisava atualizar logo, até a próxima atualização <3

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10 de agosto de 2020

Zulema deixava sua mente trabalhar livremente em busca de alguma explicação lógica para o que acabara de acontecer, estava deitada sendo levada por sua imaginação e pela trilha sonora da natureza que reinava do lado de fora do complexo, o barulho da forte chuva caindo sobre o concreto e som dos raios rasgando e iluminando o céu era como uma sinfonia perfeita para a morena, mas nesse momento, nessa noite ela estava em dúvida, em um conflito interno, estava colocando sua mente brilhante em dúvida, pois acreditava que o que viu não passava de alguma alucinação, pensava que talvez estivesse perdendo sua lucidez, não conseguia relaxar, poderia perder tudo, menos aquilo que ela mais ama: sua inteligência.

Ela levantou o corpo sentando na cama e fixou o olhar no móvel, com um reflexo involuntário se agachou em frente a ele e o abriu, ponderou alguns instantes antes de pegar o caderno novamente, sem coragem ela fechou as pequenas portas.

— Zulema medo não combina com você — ela dizia a si mesma em voz alta. Deu um longo suspiro como se pedisse ao universo para não encontrar nada ali, então abriu novamente as portas e pegou o caderno foleando a capa mostrando a primeira página e os rabiscos ainda estavam intactos, ela passou o dedo seguindo o traço dos riscos vendo que o grafite no papel ainda parecia "fresco", esfregou as pontas dos dedos espalhando o pó que se impregnava entre as suas digitais — Como isso é possível? — nada fazia sentido.

A morena foi despertada do seu transe junto ao caderno quando ouviu o barulho da porta se abrindo, rapidamente guardou tudo e se jogou na cama.

— Seu jantar — o guarda deixou a bandeja em cima da mesa no centro da cela.

— Humm, serviço de quarto — ela levantou olhando a bandeja — Estou me sentindo importante — ela falou debochada enquanto arrastava a cadeira para se sentar.

— Não deveria, pois, é muito fácil jogar um veneno aí e te matar de forma rápida e eficaz — ele não tinha nenhum pudor em manifestar seu verdadeiro sentimento pela morena. Ela, nem se abalou, encheu a colher com bastante comida e enfiou na boca.

— Deeeus... hmmm, está bem temperada... espero que não seja veneno! — Zulema precisava de mais para se sentir amedrontada, sabia que essa não seria a causa de sua morte, ali dentro queriam vê-la sofrer, então usar um veneno seria uma morte muito fácil para ela — Me diz uma coisa... quanto tempo você trabalha aqui?

— Para que você quer saber?

— Por aquilo — ela apontou para os rabiscos na parede — quem é Maca?

— Uma encrenqueira igual a você... era, na verdade — Fábio trabalhava na Cruz do Norte desde quando ingressou na polícia aos 25 anos, mesmo ano em que conheceu Macarena — Ela viveu nessa cela a maior parte do tempo, quando entrei aqui ela já estava presa, em 2000.

Fábio não deveria estar ali interagindo com Zulema daquela forma, primeiro porque tinha asco dela e segundo porque se seus colegas soubessem ficariam contra ele, mas quando o assunto era Macarena ele se perdia totalmente.

— E o que aconteceu com ela? — a morena estava super curiosa a essa altura da história, percebeu na voz e nas expressões do homem que ali tinha coisa.

— Ninguém sabe, ela fugiu naquele ano... — ele parou como se estivesse visitando o momento na mente — só se sabe que ela fugiu com uma mulher, ela desapareceu completamente.

— Hmmm... que coisa — Zulema fingiu desinteresse, voltou a dar atenção a sua comida deixando Fábio visitar o passado, mas, na verdade, sua mente trabalhava freneticamente naquilo.

11 de agosto de 2020

Zulema já estava de pé, mal conseguiu pregar o olho durante a noite, não entendia porque aquela história e aquele nome mexia tanto com ela, sentia vontade de saber mais, principalmente sobre a tal Macarena e como ela conseguiu fugir daquele lugar sem ser pega até hoje. Vinte anos ela pensava, todo esse tempo essa mulher estava livre... ou morta, quem sabe. Mas o fato que a tal mulher conseguiu escapar foi motivo suficiente para o assunto ganhar a atenção da morena.

Outra vez foi retirada de seus pensamentos com a porta da cela se abrindo e era Fábio outra vez trazendo sua refeição.

— Foi rebaixado a camareira? — ela não se aguentava, a provocação saia sem que ela pudesse controlar.

— Pelo contrário, é um prazer poder estar perto de você, qualquer oportunidade... você já sabe... — ele fazia gesto cortando o próprio pescoço como se ameaçasse Zulema.

— Eu não tenho medo — sentou na mesa para comer sua refeição. E realmente não tinha medo, pensava que a morte era mais vantajosa que viver ali o resto de sua vida — Antes morrer que viver aqui olhando todos os dias a cara de vocês! — no mesmo segundo viu a comida saltando pela cela, Fábio deu um tapa empurrando a bandeja ao chão, a morena não se assustou, já estava acostumada com aquilo tipo de explosão, apenas engoliu o pouco da sopa que ainda restava na colher que segurava e em seguida jogou o objeto vazio na mesa.

— Você não pode tudo Zulema, um dia sua conta vai chegar! — ele girou deixando a cela e a bagunça para trás.

Ela deu de ombros e se levantou, depois se agachou e pegou do chão um pedaço de pão que parecia intacto — Você que acha que eu não posso tudo! — mordeu o alimento olhando para o armário ao seu lado, não sabia muito sobre Macarena, mas tinha a certeza, que se ela conseguiu fugir daquele lugar ela também conseguiria.

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