Com amor, Morgan.

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Hero Gibson 

 Havíamos chegado á alguns minutos e tudo estava em silêncio, não tudo para falar á verdade, apenas eu e Morgan, ela não havia falado nada desde que chegamos. Sempre olhando para suas mãos ou para o lado de fora pela janela. O Raposa vermelha era um restaurante local de Still Hornes, eu não costumo trazer ninguém aqui, pois é um local onde eu costumo pensar e escrever, mas á Morgan é diferente, quando eramos pequenos sempre íamos á um restaurante chamado "Joel e Joe", adorávamos aquele lugar, como o nome diz os donos era o velho Joel e a senhora Joe, os dois eram casados mas mesmo sendo dos dois, a senhora Joe era á unica garçonete daquele lugar. Quando há Morgan se foi, os dois se separaram, pois o Joel desmerecia á senhora Joe na frente dos outros, e um dia ela se cansou e foi embora. Um tempo depois ela abriu o seu próprio restaurante, e fez o maior sucesso, com isso o velho Joel decidiu fechar o antigo e sumiu da cidade, ninguém sabe o seu paradeiro.

 Volto o olhar á Morgan, que continua á observar pela janela, não havia movimentos na rua, apenas alguns carros, mas o restaurante estava lotado, e não parava de entrar mais gente. Observo um grupo de adolescentes entrando no local, eram quatro garotos, eu os conhecia, mesmo eles sendo quietos, confesso que pagavam eles para fazer alguns trabalhos de biologia. Dois deles me cumprimenta de longe.

— E ai, Hero.— diz Elliot, um menino pálido e desajeitado, ele tinha uma postura encolhida e cabelos lisos cor de carvão, seus olhos azuis se perdia em uma pequena timidez. Ele sempre andava com um menino magro e loiro cujo o nome é Zach, seus cabelos eram grandes e bagunçados, eu sempre sinto que ele esconde alguma coisa por debaixo daqueles óculos.

 Aceno com o braço para eles, que sentam em uma mesa perto da porta, Morgan olha de relance para o grupo, seguindo o olhar até mim, ela dá um sorrisinho de canto desviando á cada segundo os olhos. 

— Como você está hoje ?— pergunto quebrando o silêncio.

— Eu... eu não sei.— ela balança os ombros parcialmente.— Tirando o tempo que está uma merda, as provas chegando e á pressão da minha tia, vai tudo bem.

 Apoio os cotovelos sobre á mesa.

— Bom, você consegue perceber que isso é um pedido de desculpa, não ?— pergunto dando um leve sorriso.

— Desculpas por ontem ou pelo escândalo da sua namoradinha ?— ela faz outra pergunta, seu rosto sempre neutro.

— Por ontem. Eu não tenho nada haver com o escândalo da Marnie — ficamos em silêncio por alguns segundos. Até Joe se aproximar com uma garrafa de café.

— E lá está ele... um belo jovem deslumbrante. Como você está, Hero ?— ela deposita um pouco de café em nossas canecas. A alegria de Joe é incrível, ela consegue demostrar todo o afeto com um simples sorriso.

— Olá, seu cabelo está ótimo.— ela sorri em resposta. Morgan permanece em silêncio apenas nos observando.

— Finalmente você trouxe alguém aqui, não aguentava mais te ver sentado sozinho todo dia.

— Essa é á Morgan, você lembra dela ?— as duas se olham por alguns segundos, de repente Joe se debate, dando pequenos pulinhos de alegria.

— Santo Deus! Morgan ? Minha pequena Morgan voltou.— aquelas palavras se escapam em tom sagaz, ela se aproxima abraçando Morgan, que retruca o carinho seguido de um leve sorriso.

— Oi, Joe, é ótimo vê-la de novo. Você está igual á ultima vez.— ela desvia o olhar até mim voltando á senhora Joe.

— Como se eu ainda fosse uma garçonete no Joel e Joe depois de todos esses anos ?— ela pergunta.

— Não, é... você ainda está mais linda.— Joe dá uma longa gargalhada.

— Minha garota, você ainda é esperta. E agora que está de volta... espero que ajude o nosso querido Hero a andar de novo nos trilhos, ele precisa de você.

 Todos nos ficamos em silêncio, aquelas palavras me deixaram um pouco desconfortável, e sinto que deixou Morgan também. Sei que á Joe não sabe, mas a Morgan está mais perdida que eu, pelo menos quero tentar ajudar ela a se reerguer em Still hornes, como os velhos tempos.

 — Vamos ao que interessa.— indaga Joe.— O que vocês vão querer ?

 Morgan se vê perdida em meio as varias opções do cardápio, sei de algo que ela vai gostar, quando íamos ao Joel e Joe ela sempre gostava de comer Waffle belga, ao mel e frutas, é algo meio pesado para se comer no dia á dia, mas ela adorava, então tomo iniciativa de pedir por ela.

— Bom, uma omelete de bacon para mim, e waffle belga para ela.— Morgan me olha surpresa, mantendo o silêncio.

— Como nos velhos tempos.— Joe sorri, se afastando até a cozinha.— Agora, terminem o café.

— Você ainda lembra do waffle.— Morgan me pergunta fascinada.

— Mesmo não parecendo, você não mudou muito.— indago.— Sei que habita a mesma Morgana de uns anos atras em você.

— A unica coisa que não mudou foi o meu gosto por comida, de resto, esta tudo diferente.— ela desvia o olhar até a parede de cartaz, ficando em silêncio. Nele a vários cartaz, uns de empregos, outros de lavagem de carros, e vários papeis de desaparecidos, para ser mais exato, os papeis são da Max, a garota que sumiu á alguns meses. 

— O que será que aconteceu com ela ?— ela me pergunta dando uma golada no café.

— Eu não sei, talvez ela fugiu ou só está brincando de esconde-esconde com todo mundo.— respondo.

— Por que ela faria isso ? Você não acha que ela teria algum motivo para desaparecer ?

— Talvez, ela não era muito sociável, não andava com ninguém na escola, ou então ela só quer ficar sozinha.— digo.

— E se ela quer que á encontre ? Ela deve estar sozinha e com medo em algum lugar, faríamos um favor para ela se nós a encontrasse.

 Joe se aproxima com os pratos em mão, depositando a comida cuidadosamente na mesa, o aroma maravilhoso da omelete me deixa com água na boca, mesmo eu comendo quase todos os dias eu não me enjoou da comida do Raposa vermelha.

— Aqui está.— indaga Joe.— Aproveitem.

 Agradeço com a cabeça, dando a primeira garfada no maravilhoso ovo com bacon, Morgan faz o mesmo. Joe sorri, se afastando para atender as outras pessoas.

— O que quer dizer com"se nós a encontrasse" ?— pergunto limpando o canto da boca.

— Ela não tinha amigos, ninguém está atras dela além dos policiais.— diz ela.— E cá entre nos, eles não estão nem aí. Só acho que se fosse comigo... eu ficaria feliz em saber que tem alguém fazendo de tudo para me encontrar.

— E como você quer começar essa investigação ?— pergunto.

— A gente pode...— ela olha para o celular, dando um enorme pulo da cadeira, pegando suas coisas rapidamente.— Merda, estou atrasada, marquei de ir com o Harry para o football, preciso encontra-lo na casa dele.

  Ela caminha até o balcão se despedindo de Joe.

— Quer que eu te leve ?— me ofereço

— Não, não precisa.— Ela se afasta até a porta virando para mim.— Te vejo no football, ou em qualquer outro lugar.— ela sai do estabelecimento se perdendo do meu campo de visão. Mesmo sendo em poucas horas, esse momento de conversa foi o mais longo que tivemos desde que ela chegou na cidade, eu estava feliz por não ter acabado em tragedia, tudo que resta é nos continuarmos nos aproximando sem brigas e sem receio.

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