No caminho de casa observo a escuridão da floresta divida pela pista, o clima chuvoso permanece no ar, o vento frio congela a minha face, Harry não estava mais comigo, nos separamos no trilho, pois ele tinha que voltar para a escola para treinar, e eu tinha que voltar para casa pois minha tia estava me mandando varias mensagens. Mesmo com idade para dirigir, gosto de andar á pé, já que não facho nada, essa é uma vitoria pessoal, para no futuro eu poder falar para os meus netos que andava á pé para todo lugar, como meus avós faziam quando eu era pequena e eles estão vivos ainda, não estão? Eles sempre me falavam dos lugares que iam sem carros e para mim isso sim é uma grande vitoria.
As vezes me pego pensando em voltar para o hospital, inventar que estou com dor ou algo do tipo, fiquei cinco anos lá, não foi pouca coisa, me acostumei a ficar sozinha, ou então penso em fugir para um lugar distante, era o primeiro plano de Alysson, fugir para longe, curtir os últimos momentos de vida que restava, mas recebemos á noticia que ela estava piorando então colocamos o nosso plano em ação, parece que foi ontem, nos trancamos no banheiro do quarto, ela estava sorridente, aceitava com tranquilidade o nosso destino, já eu estava com medo, minhas mãos tremiam, não parava de pensar em meus pais. Ela sentou no chão perto de mim, injetando rapidamente uma seringa em seu pulso, ela era boa em roubo, roubava vários alimento ou objetos, o conteúdo era tão forte que em minutos ela caiu no chão, saindo uma espuma branca de sua boca, e eu só fiquei imóvel, observando ela morrendo aos poucos, não conseguia fazer o mesmo e também não consegui pedir ajuda, só fomos descobertas algumas horas depois pela enfermeira.
Muitos falaram que não foi culpa minha, mas no fundo sei que foi, eu fiz parte daquele plano, eu concordei com as paranoias dela, e agora ela está morta, igual aos meus pais.
Chegando em casa me deparo com minha tia na cozinha, ela estava feliz e sorridente, o cheiro de comida sendo preparada toma conta de toda a casa. Segundos depois ela repara á minha presença, e logo solta um grande sorriso.
— Para que tudo isso, alguém vai vim comer aqui ?— pergunto entusiasmada, parando enfrente ao balcão.
— Sim, querida, adivinha !— ela diz com uma voz suave. Rapidamente passo o dedo no molho que ela prepara, o gosto é maravilhoso. Fico alguns segundos em silêncio mas ninguém passa pela minha cabeça.
— Não faço ideia.— falo. Ela me olha em desanimo.
— É tão fácil, Morgan.— diz ela voltando aos poucos com o sorriso.— São os Gibson !— olho indignada para ela.
— Os vizinhos ?!— indago com uma voz cantante.
— Sim ! não é demais ?— ela me olha sorridente.
— Não, tia, não é demais.— abaixo a cabeça depositando sobre o balcão.
— Áhm, para com isso, eles são amigos da família faz anos, lembro de você e o Hero brincando o dia inteiro, vocês eram amigos, o que aconteceu ?— ela pergunta. Levanto a cabeça do balcão olhando para ela.
— Você sabe o que aconteceu, ele parou de conversar comigo depois que meus pais morreram.
— Então hoje é um belo dia para vocês voltarem a conversar.— ela sorri para mim e aponta para a escada.— Suba e tome um ótimo banho, e só desça de volta quando você estiver simpática, entendeu ?— balanço a cabeça em aceitação, subindo as escadas.
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Com amor, Morgan.
Teen Fiction1° Lugar em Ficção adolescente no concurso Harry Potter. Atormentada pelo passado melancólico, Morgan Overkill, uma garota de 17 anos retorna á cidade natal "Still Hornes" depois de cinco anos longe, na esperança de se aproximar dos seu familiares e...