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 "Mentira", muitas vezes ela é a solução de tudo, você mente para conseguir algo, mente para amenizar uma relação não tão boa ou para proteger alguém que goste. A pessoa que mente é chamada de mentirosa, mas e a pessoa que está chamando ela assim?. Igual uma mãe que chora por sua filha na bera de uma cama de hospital, e à promete que ela ficará bem, e em breve à levará para casa, mas no outro dia sua filha acorda morta, vencida pelo câncer, ou um pai que promete ao filho que o levará para o futebol, mas na verdade ele vai estar bêbado o suficiente para não consegui levantar do sofá.

 Eu por exemplo, falo mentiras para não ter problemas, mas me arrependo de algumas, a maior mentira da minha vida foi falar para minha colega de quarto do hospital e amiga Alysson que ficaríamos juntas para sempre, mesmo depois da morte pois acreditávamos que não venceríamos o câncer, iriamos nos matar juntas, para que nem uma ficasse sozinha aqui ou em qualquer lugar que ela esteja, mas eu soube que era mentira a partir do momento que não tive coragem de me matar e ela teve a dela.

 Lembro da última mentira da minha mãe, ela me prometeu que ia voltar para casa com um grande presente antes das 20:00, e eu fiquei esperando a noite inteira e ela nunca mais voltou. E o meu pai me prometeu um lindo colar de borboleta, para a minha coleção de 100 colares, e ele decidiu ficar com a minha mãe, mas eu não culpo eles, eu culpo a mim, por ser o que eu sou. Minha mentira mais ingênua foi falar para o professor Benjamin que eu faria a lição dele, e adivinha, não fiz.

 O relógio marca 13:47, fujo dos meus pensamentos para prestar atenção no resto de aula que tenho, já que não posso mais matar aula ou fingir que estou doente, o que resta é ir para as aulas e fingir preocupação com provas e exercícios.

— Alfred Hitchcock disse uma vez que o filme é como"pequenos pedaços de tempo", mas ele poderia estar falando de fotografia... — o professor Benjamim caminha lentamente pela sala, olhando para cada aluno.

Olho pela janela, observando pequenas gotas escorrendo lentamente pelo vidro, solto um ar quente pela boca fazendo o vidro ficar embaçado assim podendo escrever nele...

...Foda-se Alfred Hitch...

— O que você está fazendo ?— pergunta Harry que também não está prestando atenção na aula. Harry era o meu único amigo atualmente, eu o conheci muito antes de voltar á cidade, ele é considerado uma das pessoas mais popular da escola pelo simples fato de ser capitão do time de Football americano, e também por ser extremamente lindo, seu cabelo batia até o meio do rosto, seus olhos verdes brilhavam mesmo na escuridão, quando ele sorria a perfeição se perdia em meio a duas lindas covinhas, e sem falar de seu físico atleta, todas as garotas ficavam sem rumo quando o via, mas ele é diferente, ele não está nem ai para as garotas, ele só tem olhos para uma pessoa, Dylan Prescott.

— Por que você não foi na festa ontem ?— sussurro uma pergunta.

— Não posso beber, vai ter jogo amanhã, lembra.

— Não precisava beber, apenas fazer companhia para mim, e eu não bebi também.— indago ironicamente. Ele me olha dando um leve sorriso de canto.

— Mesmo sendo uma piada, você não pode beber mesmo, Morgan.— reviro os olhos lentamente.

— Esta bem, "tia".— digo sarcasticamente.

— Esses pedaços de tempo pode enquadrar a nossa glória e nossa tristeza; da luz a sombra; da cor para o chiaroscuro.— o professor continua falando. O professor Benjamim era legal, ele era bonito, as meninas da sala prestava bastante atenção nele, confirmo sim que ele era um pouco atraente mas não fazia o meu tipo, talvez convida-lo para um chá da tarde e ficar falando da planta da cidade, nada além disso. Olho novamente pelá janela observando todo o campo e me imaginado fora daquela prisão moderna.

Com amor, Morgan.Onde histórias criam vida. Descubra agora