Capítulo 03

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Cristal's POV

Acordei assustada com um barulho alto e irritante invadindo o meu sono, a campainha era tocada insistentemente pela pessoa do outro lado da porta. Uma pontinha de esperança acercou-me. Imaginei ser Teddy, mas ele não tocaria a campainha. Caso voltasse, ele ainda possuía as chaves da casa.

Sabia que não era Teddy, e aquele barulho infernal fazia com que a minha cabeça latejasse. Eu ão tinha a menor vontade de me levantar, todavia, se eu não o fizesse sofreria com uma dor de cabeça aguda depois.

Reuni forças e levantei-me daquela cama, a tontura e a fraqueza nas pernas seguiram comigo devido ao tempo indeterminado em que fiquei ali estirada naquele colchão. Levei alguns minutos para me recuperar, a campainha continuava a berrar.

Finalmente desci e segui até a porta da frente, tentei ajeitar inutilmente as minhas roupas e cabelo antes de abri-la, mas eu não estava me preocupando tanto com a minha aparência naquele momento. Girei então a maçaneta e uma garota magra, de longos cabelos platinados, encarou-me com os olhos estreitados.

- Cristal, até que enfim! Já estava quase desistindo depois de tocar essa campainha por horas e você não aparecer. - Gabi tagarelava apressada, porém quando finalmente me encarou, seus olhos se arregalaram. - Mas o que aconteceu com você? Amiga, você está pálida! - ela adentrou a casa sem cerimônias e puxou-me em direção ao sofá da sala. - Você esta se sentindo bem? Quer alguma coisa? Remédio? Um copo de água? - ela não parava de falar, minha cabeça dava voltas. - Onde está o idiota do Teddy que te deixou sozinha neste estado?

E foi esse o erro de Gabriela , essa pergunta, a menção daquele nome. Rapidamente senti as lágrimas se formarem em meus olhos para então correrem livremente pelo meu rosto.

Um soluço preso em minha garganta foi ouvido e só o que me restou fazer foi me atirar no colo de minha amiga e chorar compulsivamente tentando explicar entre soluços o que havia acontecido horas atrás.

- Ele... Ele... Me deixou. Me abandonou, Gabi! - consegui dizer com dificuldade, Gabi não disse nada, apenas me acolheu mais em seus braços e acariciou meus cabelos dizendo palavras de conforto em seguida.

- Vai ficar tudo bem, Cris. Eu estou aqui com você. - ela dizia, tentando me acalmar enquanto eu apenas me afogava em lágrimas.

Estava ali, quieta com a cabeça no colo de Gabi. Ainda não tinha coragem de contar tudo, mas ela provavelmente já havia descoberto o que acontecera. De repente um cheiro estranho invadiu o ambiente e eu senti novamente o meu estômago revirar da maneira mais veloz possível. Levantei-me e corri até o banheiro. Já estava debruçada sobre o vaso quando senti as mãos de Gabi segurarem os meus cabelos enquanto ela me pedia calma mais uma vez.

- Há quanto tempo você anda tendo esses enjoos? - Gabriela questionou-me.

- Há alguns dias. - confessei.

- Por que não procurou um médico ainda, Cristal? - ela ralhou e eu a olhei sem graça.

- Você sabe que eu não gosto de ir ao médico. - respondi normalmente.

- Isso não é desculpa, e se for algo grave? - ela disse, mas se calou de repente e ficou pensativa por um momento. - Há quanto tempo você não menstrua?

- Que tipo de pergunta é essa, Gabriela ? - questionei estupefata.

- Apenas me responda. É importante. - ela disse séria. Eu concordei.

- Agora que você mencionou, está um pouco atrasada. Mas isso é normal, digo, ela sempre atrasa. - ela rolou os olhos e depois me encarou.

- Não pode ser. - Gabi levou as mãos em direção ao rosto.

- Não pode ser o quê, Gabi?

- Cris, você pode estar grávida.

- EU O QUÊ? - berrei e ela me encarou.

- Vamos fazer um teste de gravidez. - ela disse séria e apanhou a bolsa. - Eu comprei esse há algum tempo, pois levei um susto com um namorado. - ela dizia enquanto revirava sua bolsa. - ACHEI!

- Não quero fazer isso. - disse afastando-me dela.

- Vamos lá, Cris. Precisamos tirar essa dúvida, olhe para o seu rosto. Você está mais branca que a família Cullen inteira. - Gabi dizia enquanto me empurrava em direção ao banheiro novamente.

- Eu não posso estar grávida, não agora que estou sozinha. - eu dizia amedrontada. - É impossível! Teddy e eu não fazíamos... - impedi a fala envergonhada. - Ele não me procurava mais... - eu dizia ainda abalada. Até que algo veio a minha mente, uma noite em especial. - Espera, agora eu me lembro. - parei no meio do caminho enquanto me recordava de algo e Gabi me encarou. - Há mais ou menos um mês e meio atrás, nós voltamos de uma festa que ele me implorou para ir. Teddy estava "alegre", eu também não estava muito sã e ainda me sentia carente. Bom, acabou acontecendo e acho que sem proteção. - senti-me derrotada, meus olhos lacrimejaram. - Eu não posso estar grávida, Gabi, não posso ter um bebê agora. - um soluço fraco ecoou pela minha garganta que se trancava com a possibilidade daquela gravidez.

- Calma, amiga, vai dar tudo certo. E se você estiver realmente grávida, pode ter certeza que eu vou estar aqui para te ajudar. Eu vou ser a melhor tia do mundo! - ela disse sorrindo, tentando me animar e eu retribui com um sorriso fraco.

- Vamos acabar logo com essa dúvida. - eu finalmente disse decidida, Gabi balançou a cabeça, concordando.

Então eu fiz o teste.

Aqueles poucos minutos de espera pelo resultado pareciam uma eternidade, algo me dizia que eu já sabia a resposta, apesar de negar.

Algo dentro de mim já havia mudado.

- E então? - perguntei com os olhos fechados. Havia pedido a Gabi que verificasse o resultado, eu não tinha coragem. E ela sorriu.

- Parabéns, amiga, você vai ser mãe! E eu vou ser titia. - ela disse e correu ao meu encontro para me abraçar.

- Não pode ser verdade. - eu dizia aérea.

- Nem pense em fazer besteira, Cristal. Tem uma vidinha linda começando dentro de você. - ela me abraçou e eu me senti mais forte. - Vou ligar para um médico amigo meu e marcar uma consulta para você amanhã. Precisamos tirar todas as duvidas... - ela dizia, mas parou por segundos, hesitando em terminar a frase. - Você precisa ligar pro Teddy também.

- NÃO! - eu gritei desesperada. - Se eu estiver mesmo grávida, ele não pode saber. Ele nunca irá saber. Essa criança será só minha, meu bebê.

- Mas ele é o pai, Cris! Tem o direito de saber.

- Teddy deixou de ter direito sobre qualquer coisa relacionada a mim desde o momento em que ele saiu por aquela porta. - eu disse decidida. A visível mágoa sendo observada por ela em meu olhar.

Gabi me encarou confusa, mas não disse nada, apenas apanhou o seu telefone e fez a ligação para a clínica do tal médico, marcando uma consulta para mim no dia seguinte.

Grávida, eu estava grávida.

Aquela notícia ainda se processava em minha mente, junto a um turbilhão de dúvidas, mas apesar do medo que senti ao receber a notícia e de tudo pelo que eu havia passado nas últimas horas, naquele momento algo dentro de mim me fazia sentir uma felicidade estranha e imensurável, como se a minha vida fosse voltar a ser completa novamente, como se a metade levada por Teddy pudesse finalmente ser preenchida.

Eu seguiria em frente, eu viveria. Por mim, mas principalmente por aquela criança que crescia dentro do meu ventre. Aquele bebê seria toda a minha vida a partir daquele momento.

You Gotta Chase The StormOnde histórias criam vida. Descubra agora