꧁03 Incertezas&Traições ꧂

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Depois de duas horas trancada nos aposentos do curandeiro, Ayla estava com a cabeça latejando na banheira, com água morna lhe cobrindo até o pescoço. Era bom que a banheira fosse grande o suficiente para cinco pessoas e ela pudesse nadar como em uma piscina particular, porque era exatamente do que precisava.    

Discutiram diversos assuntos de doenças, mas não chegavam à conclusão alguma. Isso se sequer houvesse uma.    

Aelin durante toda a conversa ficara tão amargurada e estressada como se aquela tatuagem estivesse latejando no seu próprio pulso e não no de Ayla. A palavra maldição tinha sido proibida durante toda a discussão porque ao que parecia ela apavorava a sua mãe.   

Thomas, sempre a máscara do nervosismo e querendo arrancar aquele maldito sol do pulso da princesa, mas um grunhido de Ayla e suas mãos voltavam imediatamente para o bolso das calças e para longe do sol. Ninguém tocaria naquilo além do curandeiro. Mas nem mesmo Sr. Belion se arriscou.   

E agora no banho, ela percebeu que a água quando batia no sol, evaporava. Não imediatamente, mas como foi com o tecido da toalha... ela molhava o pulso e minutos depois o lugar estava seco. O mais estranho, além da marca em si, era que queimasse qualquer coisa que entrasse em contato, mas não propriamente a pele da princesa, tinha parado de parecer até mesmo como uma brasa desde que Ayla saíra da ala dos curandeiros.    

Ela pensou então em seu desenho. A marca era um enigma de todas as formas, mas por que diabos tinha um desenho de sol? Por que não uma lua para que combinasse com ela? Ou uma estrela, já que ela amava o céu noturno.   

Ou talvez sol fosse apropriado. Como amava estrelas, o sol era sua preferida. Sempre pensou nele como uma esperança e um novo começo. Não era muito importante o que aconteceria em determinado dia: no seguinte o sol apareceria novamente.

O sol era uma certeza.

Quando a princesa estava se sentindo mal por qualquer motivo fosse, ela o procurava.   

Geralmente em dias ruins ela ia para sua clareira secreta no meio da floresta de Orynth, entre carvalhos e arbustos de amora. Sentava e ficava horas e horas virando de um lado para o outro no sol, prendia seus cabelos em uma trança no alto da cabeça para que mesmo o menor raio de sol a inundasse por completo. Que o calor brincasse com seu pescoço, que aquecesse até o seu interior. E sempre funcionava.    

No final das contas, era verdade o que ela lia nos livros, o sol realmente ilumina a lua.    

Distraída em pensamentos e brincando com as bolhas na banheira com seu pulso bom, três batidas soaram na porta do banheiro.    

-  Vai ficar aí até o dia de seu aniversário? Preciso saber, porque tenho uma surpresa para você e eu não contava que você estivesse no banho para fazê-la...    

Mesmo sem ver seu rosto, Ayla sentiu o sorriso nas palavras daquela voz.   

-  Uma princesa dá ao plebeu o direito de ficar em seu quarto e então ele quer invadir os aposentos mais íntimos... é mesmo um absurdo.   

Uma gargalhada foi o que ganhou em resposta.   

Thomas era humano, mas se fosse feérico com toda a certeza o poder dele seria acalmar Ayla. Aquela gargalhada derrubou a muralha de ansiedade e nervosismo que ela estava tendo no momento.    

Um sopro de ar destrancou a porta. Um convite. A porta se abriu meio segundo depois.   

-  Com pressa? – Ayla piscou para ele de onde estava na banheira, brincando com uma mexa de cabelo.   

A Corte de Maldições & Profecias (1- A LUA E O SOL)Onde histórias criam vida. Descubra agora