꧁13 Planos꧂

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Tinha tomado seu café da manhã e agora estava seguindo Ravi para o escritório.

Era seu terceiro dia em Selene. Seu terceiro dia em outro mundo, e, ainda assim, parecia que havia ficado ali por muito mais que aquilo.

Se certificou de, quando dormiu na noite anterior – ou naquela madrugada, para ser técnica como Ravi gostava de ser – que a porta ficasse trancada com duas voltas na chave.

E com uma cadeira também, para ser sincera. Não precisava de plateia para os barulhos que fazia dormindo.

Ayla sentou-se na poltrona do escritório e esperou, tamborilando os dedos e olhando para ele, curiosa.

Ravi pegou um vinho, e a encarou também. Estava com suas roupas casuais de sempre, só mudava a cor da camisa e calças pretas de sempre. Ainda sem asas.

Não era normal que alguém começasse a beber vinho às dez da manhã, ela pensou, mas nada naquele macho parecia ser normal de qualquer jeito.

Ele deu uma longa golada. E abriu a boca como se fosse começar a falar, e então fechou e deu uma outra golada.

Fez isso três vezes até que Ayla bufou e se levantou.

- Por acaso está me fazendo perder tempo? – Ela reclamou.

-   Porque precisa voltar para Terrasen... 

Não foi uma pergunta. 

-   Porque preciso sair para procurar um parceiro. – Ayla falou, tonalizando a última palavra em um ódio exagerado.

-   Para então voltar para Terrasen. – Ravi concluiu. 

Ela deu de ombros.

-   Para então tentar voltar para Terrasen. Ou o obrigar a fazê-lo, o desgraçado. 

Ravi encarou ao longe. 

-   É sobre isso. - Ele estalou a língua - decidi te ajudar, a não ser que tenha alguma ideia de por onde procura-lo...

Não, ela não tinha. Mas então um pensamento lhe ocorreu.

-   Por quê? 

-   Perdão? – Ravi se virou de novo, franzindo a testa.

-   Por que me ajudar tanto? Por que me dar roupas, me dar um quarto, me dar... sua amizade. E abrigo em sua cidade. E agora quer me ajudar a achar um bastardo infeliz. – Ravi estremeceu de leve, mas ela ignorou.

-   Não posso fazer minha boa ação do ano sem ser questionado? 

-   Já fez mais que somente uma, Ravi – Ayla o encarou mais seriamente – e apenas quero saber o porquê, não acha que tenho direito?

Ravi soltou uma bufada que soou mais como uma risada e se aproximou.

-   Já disse que você me intriga, Ayla – ele inclinou a cabeça para o lado – mas se quer saber...

Ravi apontou com o queixo para que ela se sentasse na poltrona novamente. 

-   Quero que me diga com sinceridade caso fosse o inverso, Ayla. E então eu aparecesse em Terrasen. - O som de sua casa pareceu engraçado no sotaque dele - Sozinho, perdido e... quebrado. – Ayla engoliu a seco – Porque foi somente nisso que prestei atenção quando olhei para você na clareira. Estava com medo também, ou não tentaria me atacar do nada. E o medo que eu vi... eu já passei por coisas assim. 

Ayla lembrou-se de quando Kalyl lhe contou no dia anterior sobre Ravi, sobre como era um menino amoroso e sensível e se tornara do dia para a noite, depois de fugir de todo mundo, alguém insensível e amargo. E encarou mais profundamente os olhos dele. 

A Corte de Maldições & Profecias (1- A LUA E O SOL)Onde histórias criam vida. Descubra agora