Capítulo X

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Acordo com uma mãozinha pequenina apertando minhas bochechas. Julie, e seu sorriso encantador, acompanhado de seu fiel escudeiro: o tal urso que não sei o nome.

Estou levando a ideia de morar com meus pais "para sempre" a serio. Acabei pensando nessa possibilidade ontem a noite, antes de pegar no sono. Não seria desagradavel pra mim, nem nada. Meus pais aceitariam de imediato, não iriam odiar o fato de eu poder ajudar nos afazeres da casa, e por um lado maior, passaria mais tempo com a Julie. É um caso a ser analisado.

Julie me puxa até a cozinha. Ao chegar lá me deparo com uma mesa farta de comida. A pequena (com a ajuda da dona Clara, a senhora que cuida dos serviços gerais) havia preparado um café da manhã para nós duas, com direito a suco de laranja natural e tudo.

- Nate, tome seu café da manhã, e depois iremos brincar lá na casinha de bonecas. A Anna não poderá vir brincar hoje, então, você será a minha amiguinha. - Julie diz

- Julie meu amor, podemos brincar, mas depois do almoço, tenho de ir trabalhar, tudo bem?

- Bah Nate, não podes ficar aqui comigo? Só hoje? - Julie diz, fazendo biquinho ( ei, apenas eu faço biquinho)

- Julie, não posso. Desculpe-me, tenho outros compromissos. Mas a noite depois da faculdade eu volto, e poderemos brincar amanhã e depois de amanhã. Mas agora, devemos tomar nosso super suco de laranja e irmos brincar lá fora. Ok?

Acabo burlando a Julie e conseguimos tomar o café da manhã em silêncio. Engraçado o quanto essa menina fala. Vai dar calos na língua se ela não parar de tagarelar.

Brincamos de casinha. Eu sou a empregada. Injustiça, se bem que foi super engraçado ver a Julie me dando ordens e dizendo:

Hey, não me olhe com essa cara. Limpe esse chão da forma correta ou terá que limpar novamente.

Onde foi que ela aprenderá a falar assim? Será que a mamãe está se dirigindo assim com alguém? Não a mamãe não falaria assim.

Decido olhar o relogio e meu Deus! Estou atrasada! Tenho que ir trabalhar.

- Nada disso, esfregue esse chão ai. Ela diz rindo. Os olhos dela brilham e fazem o meu dia ficar tão lindo mesmo estando no horario de almoço. Ela sorri de um jeito tão inocente que me faz esquecer de tudo. Pela primeira vez em anos, eu me sinto realmente em casa.

Tomo um banho demasiadamente demorado. Deixo a água quente banhar meu corpo de forma que me deixe vermelha. Sim, um banho escaldante. Me arrumo, passo uma maquiagem leve, corretivo para disfarçar as olheiras, base e aquele pó compacto todo quebrado. Não esqueço do blush para deixar com uma cara de viva e rimel. Está se perguntando do batom né? ODEIO usar batom. Não tenho os labios grandes muito pelo contrario. Eles são pequenos e juntamente com meus dentes pequenos dão a impressão que se eu abrir a boca um pouco mais do que o normal, corro o risco de rasgar o canto dos lábios.

Maquiagem pronta. Devidamente uniformizada, vou em direção a porta, quando a Gab, irmã do Murilo aparece com a Julie nos braços.

- Uau, Nat. Aonde tu vais guria?

Já disse que ela me agonia?

- Vou trabalhar, alias, você deveria fazer o mesmo.

- Ah não. O Miguel disse que não há necessidade. Quando ele e eu casarmos, ele ira trabalhar.

-Nossa - paro para bater palmas- Como nunca pensei nisso antes?

Vou até a Gab e dou um beijo na testa de Julie.

- Tchau pequena, até mais tarde.

- Tchau Nate, bom trabalho.- diz Julie

Trabalhar como recepcionista não é uma das melhores profissões. Uma pessima profissao pra quem odeia as segundas-feiras, mesmo trabalhando meio período, vulgo eu. O caso é que meu chefe é um tremendo "pelasaco" e o fato de não termos um gosto parecido com tudo que se diz respeito.

Apenas uma questão de tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora