Assim que fecho a porta do meu apartamento, encosto meu corpo contra ela. Sentia que a qualquer momento iria cair, pois minhas pernas estavam bambas.Num gesto desesperado, deslizo minhas mãos trêmulas por meu rosto em direção aos meus cabelos e logo após passo elas por ali. Uma. Duas. Três vezes.
Estava totalmente em choque por conta do que tinha acabado de descobrir, de presenciar... E por mais que desejasse que tudo isso fosse um terrível engano, não era. Todo esse tempo, eu estava ao lado do inimigo, do verdadeiro bandido e provavelmente um dos responsáveis pela morte de minha irmã.
Mesmo que Rômulo não tenha puxado o gatilho, ele estava envolvido nisso até o pescoço, pois fazia parte desse grupo de criminosos.
E só de pensar que esse desgraçado foi ao enterro de minha irmã, se colocou ao meu lado, segurou minha mão, me abraçou, enxugou minhas lágrimas quando as deixei cair, jogou flores em seu túmulo. Sinto a raíva... o ódio... arder dentro de mim.
- Burra, burra, mil vezes burra - falo em dentres ao mesmo tempo que dava tapas dos dois lados de minha face. Pois eu merecia. Ah, e como merecia isso, por ter me deixado enganar tão facilmente.
Subitamente, em meio a esse descontrole todo, um soluço que venho do fundo de minha alma, escapou por entre meus lábios.
Fecho os olhos com força e deixo meu corpo escorregar pela porta até o chão. Cubro meu rosto com minhas mãos e sem conseguir conter as lágrimas que queimavam em meus olhos, desabo.
Sentada naquele chão, eu choro copiosamente por um bom tempo. Eram lágrimas de sofrimento, dor raíva, ódio. Mas de repente, tomo consciência do que estava fazendo.
- Pare já com isso! Lágrimas não resolvem nada e nem irá mudar o que já aconteceu. Mas você pode modificar o rumo das coisas, Amanda - Sussuro com determinação passando o dorso de uma de minha mão no rosto para limpar minhas lágrimas.
Eu posso virar esse jogo ao meu favor.
E, era exatamente isso que iria fazer. Mas antes de qualquer coisa, precisava me desfazer de tudo que aquele miserável tinha me dado, não suportaria olhar ou ter nada dele em minha casa.
Então, levanto do chão e me dirijo até a cozinha. Assim que pego um saco de lixo no armário. Saio pelo apartamento jogando tudo que havia ganhado de Rômulo ali dentro. Depois me encaminho até a área de serviço e coloco o saco alí na lavanderia.
Em seguida, vou até o quarto e pego na gaveta da cômoda a pasta com as informações sobre Tales que Rômulo supostamente havia conseguido, bem como uma caneta e algumas folhas em branco para que eu pudesse rabiscar.
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Meias verdades... (Quadrilogia Mulheres Negras - Livro 3) (PAUSADO)
RomanceAmanda Martinez, viveu grande parte de sua vida em lares adotivos, onde passou por momentos difíceis, até descobrir que possuía uma meia-irmã. E quando achava que sua chance de saber o que é de fato ter uma "família" havia finalmente chegado, ela se...