uma conversa, uma descoberta

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Já faziam cinco minutos desde que eu cheguei na tal ponte. Não quis mais esperar em pé porque já estava nervosa e resolvi sentar em um banco próximo à mim. Acendi a tela do celular para olhar as horas — coisa que eu já estava fazendo de vinte em vinte segundos — e já tinham se passado dez minutos e a única coisa que se passava pela minha mente era que ele tinha me dado um bolo como resposta a como eu tratei ele mais cedo. Tentava não ficar pensando isso, tentei achar que poderia ter acontecido algo para que ele estivesse demorando.

Estava ventando muito e o tempo estava fechado, poderia chover a qualquer momento. Guardei o meu celular dentro da bolsa e cruzei os braços me encolhendo por causa do frio, começou a ventar mais forte e meus cabelos estavam sendo bagunçados por toda essa ventania, minhas mãos já estavam frias e sentia o meu nariz gelado. Senti gotas de chuva pingarem em meus ombros anunciando a chegada da mesma, eu não trouxe um guarda-chuva e provavelmente vou chegar em casa encharcada e eu não posso ficar doente, tenho evitado isso, foi aí que eu decidi ir embora, o dia de hoje realmente já deu o que tinha de dar, e como se já não bastasse levar um bolo ainda corro o risco de ficar doente. Coloquei minha bolsa no ombro e quando estava prestes a levantar senti uma sombra em cima de mim. Era de um... Guarda-chuva?

Edu- vem, vamos sair da chuva. Não quero que fique doente. – ele estendeu a mão com o guarda chuva para que eu o seguisse.

Não disse nada e nem acenei em forma de concordância ou discordância, apenas permaneci em silêncio, me levantei e fomos andando com um pouco de pressa até um restaurante simples e pequeno próximo a ponte. Ele escolheu uma mesa próxima a janela e um pouco perto da entrada, se sentou e eu o acompanhei, ainda em silêncio. Ele abriu a boca para falar algo mas eu fui mais rápida.

-Achei que não viria... Já estava indo embora. – digo com um olhar vacilante.

Edu- oh, sério? – acenei – me desculpe, tive um problema com a minha mãe antes de sair, por isso a demora.

-Mas ela tá bem?

Edu- está sim, ela só me ligou para falar sobre alguns compromissos da Colyin e me dizendo como estão os projetos no exterior com as subsidiárias.

-Entendi.

Edu- então..

Ficamos em silêncio, aparentemente os dois tínhamos coisas para falar, só não estávamos conseguindo juntar e formar as palavras certas, até parecia que iríamos explodir a qualquer momento.
Acenei para o garçom e pedi um café duplo, o garçom perguntou se o Eduardo queria alguma coisa também e ele apenas pediu o mesmo. Desisti de esperar que ele falasse primeiro — afinal, quem marcou essa conversa fui eu, nada mais justo que eu fale primeiro— decidir falar a primeira coisa que me veio em mente antes de qualquer coisa, então.... Lá vai.

Eu, Edu- Desculpa. – dissemos em uníssono e acabamos nos surpreendendo, fazendo com que franzíssemos o cenho com uma  interrogação enorme atrás de cada um.

-Por que você está se desculpando!?

Edu- porque fui eu quem causou tudo aquilo. Mas por que você está se desculpando!? – ele enfatiza o "você".

-Porque eu literalmente te expulsei da minha casa? – disse de um forma irônica.

Edu- verdade. – ele ri.

-Cara, porquê você está rindo!?

Edu- porque aquilo foi muito engraçado. – ele continua rindo.

-Você achou? Porque eu fiquei me culpando o dia inteiro por aquilo.

Edu- eu não fiquei mal com aquilo, pelo menos com aquilo não. Percebi que foi apenas um mecanismo de defesa. – engoli a seco e bebiriquei o meu café.

Cloudy Weather {HIATUS}Onde histórias criam vida. Descubra agora