Preço do amanhã

When I Look At You

Quando eu olho para você,

Eu vejo o perdão,

Eu vejo a verdade.

Você me ama por quem eu sou,

Como as estrelas seguram a lua,

Bem ali, onde elas fazem parte, e eu sei,

Eu não estou sozinha...

(When I Look At You - Miley Cyrus)

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A viagem de volta ao distrito é tranquila. Estou me acostumando a viajar de trem. Doryan, depois da entrevista, ficou ligeiramente calado e sei que isso é resultado da retrospectiva dos jogos. Quando se está na arena não é possível ver tudo. Não dá para ter uma ideia clara do que está acontecendo. Sua mente fica programada em um único foco, sobreviver. Por outro lado, assistir o que os idealizadores consideram os melhores momentos ali, ao vivo, não é nem de perto algo fácil. Na minha opinião, significa o quanto se chegou próximo da morte e ver um a um os tributos que, por mais que tenham sido seus rivais, treinarem ao seu lado, morrerem nas mãos uns dos outros é uma sensação horrível.

Assim que o trem para na velha estação, é possível ouvir as vozes animadas da população que aguardava. Essa é uma animação diferente da que tem na Capital. E não posso julga-los por estarem animados. A vitória do Doryan para eles, representa um ano menos miserável. Representa uma festa com fartura e claro, os doze dias da parcela que garantem o básico de mantimentos.

— Está pronto? – Peeta pergunta colocando a mão no ombro dele que, apenas concorda com a cabeça. Embora nitidamente, realmente não esteja de fato pronto. Nós, assim como Haymitch, conversamos com ele durante a viagem e por mais cruel que seja, tivemos que prepará-lo para o que viria. A Capital não está feliz e ele precisava saber. Doryan precisava entrar no jogo e fazer parte da teia de mentiras que a Capital tanto se esforça em manter. — Lembre-se sorria. Você está feliz por ter ganhado e honrado por tudo que a Capital vem fazendo por você.

— Vamos lá garoto. – Haymitch o conduz em direção a porta e logo em seguida me sento no sofá tentando me preparar para o que virá a seguir.

Encarar minha família é o que mais me deixa inquieta. O que estão pensando ao descobrir minha gravidez pela TV?

— Você está bem? – Se fosse pra ser sincera diria que não, mas sei que ele está se referindo ao bebê e não ao meu emocional. Então, confirmo com a cabeça. — Precisamos ir agora, para chegar na aldeia antes deles.

Saímos por outra porta do trem, onde normalmente desembarcam os empregados e um carro já espera por nós. Caso perguntem, a desculpa já está pronta. Devido a viagem estou indisposta, por isso não desembarcamos com Doryan. A verdade, porém, é outra. Não quero encarar ninguém do 12. Principalmente antes de ver minha família.

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Entusiasmo parece a palavra certa para definir como Prim está se sentindo. Assim que chegamos, logo vem até mim dizendo que será tia e nos parabeniza. Minha mãe também nos dá os parabéns, porém, diferente da minha irmã há algo em seu olhar que mais parece preocupação do que felicidade. Peeta incumbe de narrar toda a consulta de forma animada e não demora muito para que ele e Prim se introsem falando sobre cores para o quarto do bebê.