VIII - Flocos de Neve

1.1K 134 61
                                    

21, Dezembro de 1896
Avonlea, Canadá

Hoje eu acordei sabendo que lá fora estaria nublado, o vento gelado balançava os galhos das árvores que batiam em minha janela causando um barulho estrondoso, a neve caia em pequenos flocos do céu deixando tudo branco como nuvem

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Hoje eu acordei sabendo que lá fora estaria nublado, o vento gelado balançava os galhos das árvores que batiam em minha janela causando um barulho estrondoso, a neve caia em pequenos flocos do céu deixando tudo branco como nuvem. A estação mais difícil do ano havia chegado. O rígido e severo inverno.

Meu pai e eu tínhamos muitas expectativas para esse inverno, por ser o primeiro que passaríamos todos juntos e por termos a ajuda do Lucas, nós só não esperávamos que ele fosse ficar tão doente novamente. Pois aqui estou eu, fazendo uma sopa medicinal para o meu pai que está de cama enquanto meu irmão tenta cortar lenha sem causar nenhum acidente.

Com os meses se passando tão depressa, não conseguimos nos preparar devidamente para o período de inverno este ano, não juntamos dinheiro o suficiente com as colheitas, ou seja, vamos precisar trabalhar o dobro ano que vem. No momento isso é o de menos já que temos problemas bem maiores.

Sirvo a sopa em uma cambuca e depois coloco numa bandeja para levar até o meu pai, que para de encarar a janela assim que entro no quarto.

— Muito obrigado, Gil — Ele murmura com a voz fraca enquanto pega a bandeja com dificuldade e um tremor nas mãos que já era costumeiro dele.

— Você se lembra de quando passávamos horas observando a neve cair? Você ficava esperando ver um floco de neve para tentar guardá-lo — Ele olha para a janela como se estivesse com a mente vagando em outro lugar — Claro que você nunca conseguia porque ele derretia antes.

— Nunca irei me esquecer — Sigo seu olhar e algumas lembranças genuinamente felizes retornam a minha mente.

— Toda vez que você via um floco de neve ficava encantado — Sua voz se alegra um pouco, o que me faz sorrir sem nem ao menos perceber. Nunca parei pra pensar do quanto meu pai tornou minha infância mais feliz.

O inverno era minha estação favorita do ano, já que ele me ensinou a amar cada pedacinho disso. Tudo isso me fazia imaginar como seriam todos os invernos caso Lucas estivesse em Avonlea, como teria sido ter montado os bonecos de neve com outra criança, ter alguém para brincar com os presentes de Natal e fazer guerras de bola de neve em família.

— Eu devia ter mandado aquela carta antes — Meu pai fala como se estivesse lendo minha mente — Ele deveria ter vindo a muito tempo... Agora está cortando a lenha que eu deveria estar cortando mas não consigo.

A animação que havia em sua voz até alguns segundos atrás sumiu, sei que ele se sente culpado por ter ficado doente logo depois que o Lucas veio morar conosco. O que é irracional, já que ele não têm culpa de nada, mas caso eu tentasse explicar isso a ele começariamos a discutir.

— Por favor, coma. Faz dois dias que não come nada — Ele mal tocou na comida, eu não sabia mais o que fazer, era totalmente visível a qualquer um seu aspecto enfermo, principalmente com a perda repentina de peso ressaltando seus ossos agora cada vez mais aparentes.

Minha doce Anne com EOnde histórias criam vida. Descubra agora