XXIII - Mágoa

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3, Março de 1897
Avonlea, Canadá

— Bom meninos, esse é o Doutor Tom, ele se mudou a pouco tempo para Avonlea e foi o médico mais próximo que encontramos

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— Bom meninos, esse é o Doutor Tom, ele se mudou a pouco tempo para Avonlea e foi o médico mais próximo que encontramos.

Eu ainda não entendia porque Helena resolveu chamar outro médico que não fosse o doutor Johnson, o qual já estávamos acostumados e nos atendia há muitos anos. Esse parecia não passar dos trinta anos com uma aparência jovial e com cara de quem acabara de se formar na faculdade de medicina.

Por algum motivo eu conseguia me ver em seu lugar, com o jaleco branco e estetoscópio rodeando meu pescoço e um enorme sorriso no rosto sabendo que aquele era um lindo dia para salvar vidas.

— Agora vamos ver esse braço, tudo bem? — diz ele se aproximando do meu irmão que se esquivava, talvez com medo do que seria dito - Uau é uma bela tala. Acredite rapazinho sem uma dessas seu braço estaria bem pior agora — diferente do nosso antigo médico ele exalava a jovialidade o que me deixou um pouco atordoado, pois parecia que seu sorriso branco demais estava brilhando com tamanha perfeição.

— Acha mesmo? Eu não tinha os materiais necessários e tive medo de que o osso colasse no lugar errado por eu não ter feito direito — eu não sabia como me sentir em relação ao seu elogio mas saber que ele havia gostado do meu trabalho era gratificante.

— Foi você quem fez? Para um acidente como um incêndio ainda mais a noite, era claro que não conseguiria socorre-lo a tempo, e mesmo improvisando você fez um trabalho perfeito, você leva jeito pra coisa garoto — o sorriso que abri no momento seguinte continha todo o orgulho que eu sentia de mim mesmo, eu merecia me sentir assim.

Depois de fazer um check-up completo escuto meu irmão resmungar das dores musculares as quais ele vinha reclamando desde ontem.

— Não foi uma contusão grave, mas irá ficar inchado algumas semanas. Eu precisaria fazer um exame para ter certeza se não quebrou nenhum osso — diz ele — No entanto, a mobilidade dos dedos foi bastante prejudicada, pois pelo que me contou algo muito pesado esmagou seu braço e mão juntos, certo?

— Acha que meu braço irá voltar ao normal? — pergunta meu irmão parecendo desesperado.

— Não vou mentir que talvez ele não volte por completo, mais é certo que você poderá fazer suas tarefas normalmente daqui algum tempo — quando ele diz que talvez meu irmão não volte por completo não consigo deixar de sentir meu coração apertar pensando na possibilidade de tudo ser culpa minha. Não só sabia disso como me culpava e sabia que ele também me culparia algum dia.

— Então talvez eu nunca mais possa... — eu não sabia o que ele diria mas seus olhos marejados me passavam a impressão de que era algo muito importante pra ele.

Os momentos seguintes passaram muito rápido. Eu saí do quarto desalento e recostei minhas costas na parede da sala enquanto ouvia Helena e o médico conversando sobre remédios e possíveis exames que talvez fossem preciso serem feitos, em caso de urgência.

Minha doce Anne com EOnde histórias criam vida. Descubra agora