45. Familly issues

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— Então, onde vamos? – questionei, me virando para o mais novo enquanto colocava minhas mãos nos bolsos do casaco pelo frio que fazia aqui fora.

— Humm... – virou seu olhar para cima, aparentemente pensando em algum lugar. — Que tal irmos naquele café aqui perto? Depois podemos andar por algum lugar ou sei lá.

— Acho uma ótima ideia! – respondi, abrindo um sorriso e, um pouco receosamente, lhe estendendo a mão para que ele pegasse. — Vamos?

Soltou um riso, segurando minha mão e entrelaçando nossos dedos. — Vamos.

Caminhamos em passos lentos até o estabelecimento, trocando algumas palavras as vezes, alguns sorrisos, carícias, e até mesmo beijos na bochecha. Observei ao redor por um momento, notando que algumas pessoas olhavam torto para nós, mas eu realmente não dei atenção, afinal, uma das coisas que aprendi com o garoto foi não me importar com o que as pessoas dizem ou pensam, e se estar com ele aqui e agora me faz feliz, é isso que vou buscar.

Enfim, prosseguimos o curto trajeto até que finalmente chegássemos, adentrando o local e nos dirigindo ao balcão. Eu decidi pedir um chá de limão com leite sem açúcar e um brownie igualmente sem adoçantes, pedido que surpreendeu o loiro, já que ele não acreditava em minha dieta saudável. Por sua vez, ele escolheu um chocolate quente branco e um muffin de chocolate, o que também me deixou um pouco atônito por serem duas coisas do mesmo sabor e absolutamente doces.

— Bem, a gente conversa todos os dias e já nos conhecemos bastante, mas sinto que preciso saber mais. — pronunciou o mais novo ao sentar-se na mesa, fazendo-me atentar a si enquanto também me sentava.

— É, eu também acho... mas me diga, o que quer saber sobre mim? – questionei, tomando um gole de meu chá enquanto ele semicerrou os olhos, pensativo.

— Me diga suas cinco músicas favoritas da vida.

— Bem... acho que em primeiro lugar fica Can you feel my heart do Bring Me The Horizon, em segundo com toda a certeza Chlorine do Twenty One Pilots, depois Alleyways do The Neighbourhood, Fire do Sik-k, e por último mas não menos importante, Too late to say goodbye de Cage The Elephant. – suspirei após acabar, finalmente me recordando de todas as minhas músicas prediletas.

— Meus deuses, quanta coisa deprimente. – pronunciou com os olhos arregalados, fazendo-me, infelizmente, concordar com a a cabeça.

— Realmente, eu gosto de músicas tristes. – dei de ombros, tomando um gole de meu chá. — Sua vez.

— Bom, em primeiro lugar 3.6.5 da Katy Perry, eu amo essa música mais que tudo, depois Love is a dog from hell do Mad Clown, Youngblood do Five Seconds of Summer com certeza, Cartoons and vodka da Jinkx Monsoon e Lover boy do Phum Viphurit. – contou com os dedos, falando rapidamente o nome das músicas e dos artistas, os quais para falar a verdade, não conhecia a maioria.

— Se fosse um top 10, eu colocaria Youngblood. – falei sobre a única música a qual gostava de sua lista.

— Sim, essa música é ótima. – assentiu, bebendo um pouco de seu chocolate quente.

— Enfim, o que mais quer saber sobre minha pessoa, senhor Lee Felix? – indaguei em tom parcialmente irônico, enquanto puxava as mangas de meu moletom para esquentar minhas mãos.

— Ah, você nunca me falou muito de sua família, tenho curiosidade para saber sobre ela. – curvou os lábios ao sugerir um assunto, tateando a parte superior de seu copo.

— É, eu não sou muito de falar deles mesmo, mas eu te conto se quiser saber. – olhei para si, que assentiu, resultando em um suspiro de minha parte, antes que iniciasse a história. — Eu sou filho único de pais divorciados, nunca tive aquele apego com minha família, mas também nunca senti que precisava disso. Aliás, eu até era apegado ao meu pai quando criança, mas depois do divórcio e, principalmente da minha adolescência, nós nos afastamos bastante... Bom, eu morava com minha mãe até vir pra cá, e agora ela e meu pai me dão dinheiro para pagar as coisas da faculdade, mas eles nem sequer ligam para ver se eu estou bem, ou algo assim, então eles são meio invisíveis para mim, as vezes eu até esqueço deles para falar a verdade. – soltei um riso, negando com a cabeça, logo voltando à minha expressão de seriedade anterior. — Eu sei lá, conheci amigos tão especiais na minha vida, que acabei percebendo como ele só são importantes na minha vida financeira.

— Wow... isso parece meio triste Binnie. – o loiro disse baixo, em tom presumivelmente preocupado.

— Já foi bem triste para mim na verdade, principalmente porque eles se afastaram de mim por um motivo completamente estúpido. – soltei uma lufada de ar, revirando meus olhos peas recordações que me vieram na cabeça.

— E qual foi esse motivo?

— Fiz amizade com um garoto gay, ele era meu melhor amigo na época, e quando eles descobriram sua sexualidade, mesmo que eu não me importasse com isso, começaram a tratá-lo muito mal e dizer que não me queriam com esse tipo de companhia, minha mãe o xingou de muitos nomes horríveis, e disse que se um dia eu fosse gay, não seria mais seu filho. Meu pai por outro lado, de início julgava o garoto, mas depois de um tempo começou a ignorar isso, e a partir daí ele começou a ignorar tudo na verdade, ignorar as brigas que minha mãe puxava, ignorar as vezes que ela tentava falar sobre mim com ele, ignorar ela... e até mesmo me ignorar. – neste momento, senti que meus olhos estavam marejando, mas eu apenas fingi que nada estava acontecendo, pois não queria demonstrar fraqueza neste assunto.

— Céus, amor... eu não fazia ideia que já tinha passado por tudo isso. – levou sua mão até a minha, segurando-a e acariciando seu dorso, na intenção de me consolar.

— Tá tudo bem Lix, eu realmente não me importo com isso agora, apesar de ter me afetado muito quando descobri que gostava de você e que gostava de garotos, no momento eu só sinto falta do meu pai, porque a minha mãe pode ser uma pessoa horrível, mas eu sei que ele não é assim... e sei lá, as vezes me dá vontade de ter contato com ele novamente.

— Você sempre pode voltar a falar com ele Chang, ele é seu pai e tenho certeza que te ama muito, mesmo que talvez não saiba demonstrar. E bem, você sabe que ser quem você é não é motivo de culpa, sei que sim, mas de qualquer forma, fale comigo caso isso fique na sua cabeça, estou aqui pra te dar suporte em qualquer situação, e para escutar seus sentimentos caso você queira me contar.

— Obrigado, Lixxie. – lhe dei um sorriso, acariciando sua mão com o polegar, assim como ele fazia com a minha.

Após a minha confissão sobre meus problemas familiares o assunto mudou, tentamos falar sobre coisas mais animadas, e no geral, foi bem legal o tempo que passamos ali. Passeamos mais um pouco depois da cafeteria e fomos para o meu dormitório, Innie iria passar a noite com Hyunjin, então Lix decidiu ficar ali me fazendo companhia, assistimos um filme e depois adormecemos.

Sinto que hoje ficamos mais íntimos, mesmo que minimamente, saber que posso contar qualquer coisa para ele me fez sentir mais seguro eu acho, e o dia foi realmente gratificante para mim, afinal, eu o passei com meu loiro favorito.

Oi tudo bom? Eu sei q era pra ser 21:30 e acabou sendo 00:00, foi mal pelo horário.

Enfim espero que tenham gostado do capítulo e até amanhã. 💖

Straight  ༄ changlixOnde histórias criam vida. Descubra agora