Straight ༄ changlix

56.Breakdown

Senti meu corpo paralisar e meus lábios de entreabrirem no momento em que vi o selar dado no garoto pelo outro, eu não sabia muito bem o que fazer ou como reagir, um frio subiu por minha espinha e eu simplesmente parei de andar. O beijo foi rápido e pareceu surpreender Felix, entretanto, eu tenho certeza de que não o deixou tão pasmo quanto a mim.

— Changbin? – pronunciou o menor, virando-se para mim assim que notou minha presença no local.

Meu olhar passou da face do loiro para o outro garoto — que coincidentemente não me parecia estranho, apesar de nenhum nome me vir a mente — este me analisou com um olhar um tanto convencido, sorrindo lateralmente por conseguinte.

— Binnie, n-não é nada disso que você está pensando, eu juro... – escutei o mais novo dizer, enquanto meus olhos permaneceram sobre o desconhecido de cabelos acinzentados. — Eu posso explicar, okay? – senti o toque alheio em meu braço, por fim fazendo com que eu saísse de meu transe e meu campo de visão alternasse mais uma vez para o garoto à minha frente.

Soltei um suspiro nasal em derrota, ao tempo que meus lábios se fecharam e levemente curvaram-se para baixo. Eu não disse uma palavra, apenas me virei para trás e comecei a caminhar.

— Binnie... Hey... BINNIE, ESPERA! – chamou, sendo ignorado por mim, que continuei andando para fora dali.

— Deixe ele ir, Felix. – pude ouvir baixo o outro dizer, sendo esta a última coisa que escutei antes de virar o corredor.

Percorri o caminho do prédio de fotografia até os dormitórios de forma rápida, tendo meus punhos cerrados e sentindo meus olhos arderem. Não levou muito tempo para que minha visão ficasse turva pelas lágrimas que ficavam presas dentre minhas pálpebras, as quais fecharam-se, fazendo com que o excesso de água escorresse pelo meu rosto. Limpei minha pele com o dorso da mão, tentando manter minha respiração controlada enquanto não chegava em casa, evitando assim que meu pranto se prolongasse ou, sequer, existisse além daquela simples gota.

Bati a porta do quarto assim que adentrei-o, respirando fundo e olhando em volta, percebendo assim que estava sozinho. Me sentei em minha cama, mantendo o silêncio completo que já se estabelecia desde que saí de lá. Ao contrário do ambiente quieto, minha mente estava turbulenta, trilhões de pensamentos me invadiam a todo momento, parecia que estava prestes a explodir. Tive a sensação de meu coração apertar, um nó formar-se em minha garganta e meu rosto esquentar, e logo em seguida, meus olhos estavam cheios novamente.

Desta vez, eu deixei que as lágrimas escorressem, na tentativa de que tudo aquilo preso dentro de mim saísse de alguma forma. O dormitório que antes encontrava-se calado, gradativamente se preenchia por soluços meus, que tornaram-se tão frequentes quanto o borrão em meu globo ocular. As minhas mãos estremeciam-se em ansiedade, e o incômodo em minha faringe parecia não se resolver nunca, e cheguei no ponto de não conseguir evitar um grito, que saiu de mim intensa e demoradamente, expulsando todo o ar de meus pulmões.

Quando eu consegui recuperar meu fôlego, pude me sentir minimamente melhor, mesmo que as lágrimas ainda escorressem de meus olhos. Estiquei meu braço até a gaveta da mesa de cabeceira, pegando meu isqueiro e meu maço que estava praticamente vazio, puxando dali um dos cigarros. Acendi sem muita dificuldade, sentindo todos os meus músculos relaxarem logo no primeiro trago, acalmando-se cada vez mais nos haustos seguintes.

Mesmo que meu corpo se tranquilizasse, minha cabeça continuou inquieta, e nada poderia mudar isso por enquanto. A cena que vi mais cedo se repetia em minha cabeça a todo instante, ver os baços de outra pessoa em volta do garoto que eu gosto, os lábios de outra pessoa selando os dele... foi como um tiro em meu peito, eu me senti mais insuficiente do que geralmente me sinto em relação a ele. E justamente hoje, o dia em que nós seríamos oficialmente um do outro... ou pelo menos eu achei que seríamos, mas agora eu sinceramente não sei nem se ele iria aceitar o pedido caso eu fizesse.