◜11 ·

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foi estranhamente difícil tentar deixar minha mente vazia. aquilo que ele falou me deixou preocupada, a real é que no fundo eu sabia que o que tinha feito era errado, mas agora não tem como voltar atrás.

por sorte, hoje só tenho duas aulas com joalin, as duas últimas. levando em consideração que pelo menos em uma, ela não vai fazer questão de participar, amém.

acordar e ver as mensagens dela não era uma coisa tão comum. acho que agora ela resolveu dar um tempo nessa brincadeira idiota.

uma grande pena porque isso era divertido.

eu sei que conseguir evita-la não é motivo de orgulho, mas eu não acho que bater um papo vá resolver, até porque na visão dela estamos bem. talvez eu esteja exagerando um pouco, é só agir indiferente e isso eu sempre soube fazer.

a aula deveria ter começado há uns dez minutos, e o professor não deu um sinal de vida. sinceramente o esforço dos funcionários desse colégio é deplorável.

assim que vi a diretora entrando, guardei meu celular. naquele momento me arrependi amargamente de ter nascido e me evolvido com harvey petito; um cara que conheci num almoço, amigo da minha família, meu companheiro nas noites solitárias, e de acordo com yonta, ele meu mais novo professor.

tenho dúvidas da minha sorte.

depois que ela o apresentou, não prestei atenção em uma palavra sequer. ele só me tentava ignorar minha existência naquela sala e aquilo me deixava puta pra caralho, eu não sei o que faria no lugar dele, mas pelo menos um contato visual.. isso não seria pedir muito.

óbvio que não sou perfeita, durante esses anos que namorei joalin houveram muitos deslizes.. e ela sabe deles, isso nunca ficou entre nós, até porque naquela época eu era extremamente egoísta.

o foda é que uma coisa é contar que que traiu e a outra é conviver com "amante" e namorada. fora que eles nunca se viram, se for pensar bem, é melhor não falar nada.

- precisa ir na enfermaria? -harvey perguntou apoiando as mãos em minha carteira.

yonta ja havia saído, a sala era totalmente dele.

- não? -falei sem fazer questão de o olhar. continuei fazendo alguns exercícios na apostila.

- tem certeza? -o olhei. - você parece meio pálida.

- absoluta. vai mesmo me torturar? -perguntei.

- essa conversa fica pra depois. -ele falou e eu suspirei. voltei minha atenção aos exercícios e aquele idiota foi importunar outra pessoa.

problemas são resolvidos dando importância para outros problemas. pelo menos não teria a cabeça ocupada pela possível chantagem de josh, tecnicamente ele não seria idiota a ponto de estragar tudo. a existência dele era pouco significativa naquela sala.

harvey tinha vinte e um anos, apenas quatro a mais que eu, então aquilo não era tão errado quanto pareceu.. em parte, lógico.

aquelas coisas não significaram absolutamente nada e isso serve para ambos os lados. ja disse que jamais trocaria joalin por gente desse tipo.

(...)

as primeiras aulas se passaram. resolvi ficar na sala durante o intervalo, queria ver se harvey iria dizer alguma coisa. não seria nenhuma surpresa se ele fosse um cara obcecado que só resolveu dar aula em Las Ensinas para me ver todos os dias, né?

- vai perder o seu tempo me encarando? -ele perguntou rindo.

- não tenho nada melhor pra fazer mesmo. -falei e me levantei indo em sua direção. me sentei na carteira mais perto possível de sua mesa.

- então você gosta de me admirar? uau. -o olhei.

- tipo isso. -arrumei minha postura e apoiei a cabeça com uma mão. - só queria saber o motivo de você estar trabalhando no lugar que estudo desde pequena.

- pura coincidência. -ele sorriu cínico.

- mesmo que eu tenha te contado onde estudava há alguns meses atrás? não me parece coincidência. -falei.

- acontece. acho que a única coisa que você pode fazer é aceitar. também tem outras, mas você é toda certinha, ou não?

no fundo eu sabia o porquê disso tudo.

- ta querendo transar com uma aluna? -perguntei incrédula.

- eu não disse isso. -ele falou.

- então eu ouvi errado? impossível.

- só perguntei se você era certinha. e ainda não tive uma resposta.

- nem vai ter. faz uma pergunta melhor que eu respondo. -falei e por um segundo olhei para porta, checando se nós realmente estávamos sozinhos.

se algo acontecesse, eu com certeza não gostaria de ter platéia.

- não gosto de ser indiscreto. -harvey disse, pude ouvir sua respiração pesada por conta do silêncio que permaneceu naquela sala.

- tarde demais. -suspirei baixo enquanto brincava com uma mecha de cabelo.

- enfim.. -o olhei se levantando. - se eu fosse você, parava de achar que o universo gira ao seu redor. o sabina centrismo só existe na sua cabeça.

- vai se foder. -eu disse e segundos depois acabei ficando sozinha naquela sala.

harvey realmente é um filho da puta.

acabei ficando na sala mesmo. não valia a pena ir pro pátio e encontrar um monte de idiotas que provavelmente não vão com minha cara.

꒰ stupid frogs ꒱  ݈݇Onde histórias criam vida. Descubra agora