CHAPTER SIX
Anna Clara Wood
Décimo terceiro dia de reuniões. Dimitri vai embora na manhã do décimo quinto dia. Ou seja, tenho apenas um dia e meio pra ficarmos juntos. Isso tá doendo só em mim?
- Eu não tô preparada Jen! Não quero deixar ele ir! Mas eu, também, não posso pedir pra ele ficar nem pra me levar junto! - desabafei no colo de Jen no quarto do hotel.
- Ai amiga, queria tanto poder te ajudar! Não gosto de te ver assim!
- Eu sei. Acho que eu não vou conseguir levar ele no aeroporto. Faz isso por mim?
- Claro! Pode deixar! Mas agora eu preciso ir, tenho um jantar de negócios com alguns chineses. - se levantou e beijou minha testa - Fica bem, okay? - balancei a cabeça concordando.
Fácil pra ela falar. Fácil pra você que lê. É fácil pra todo mundo, menos pra mim! Deus, por que ele tinha que morar lá do outro lado do mundo? Por que ele não podia morar aqui? Em qualquer um dos morros aqui no Rio, eu não ia ligar! Mas na porra da Rússia? Sacanagem demais! Por que me deixou apaixonar por ele? Tanta gente na rua, na praia, no metrô, no Brasil, mas tinha que ser ele?
Hoje, Dimitri iria se encontrar com o seu pessoal da Rússia e não precisaria de tradutora. E eu fiquei no quarto me jogando em cada canto na ridícula tentativa de me consolar. Patético, Anna, patético! Tomei um banho, fiz meu cabelo, me depilei, fiz as unhas, a sobrancelhas, fiz tudo o que eu tinha pra fazer! Mas aquele sentimento ruim ainda estava dentro de mim. Quando Dimitri voltou, já eram 18 horas. Me encontrou jogada na sala, vestindo um roupão e assistindo televisão.
- Tarde promissora? - perguntou rindo se desfazendo de seu paletó.
- Você não tem ideia! – resmunguei.
- Hey, o que foi minha linda? - se abaixou ao meu lado no sofá e acariciou meus cabelos.
- Nada não. Só tédio mesmo! - acariciei seu rosto e ele sorriu.
- Você está linda! Vamos sair pra jantar?
- Claro! Vou me trocar - me levantei ainda sentindo aquela dor. Nosso último jantar.
Coloquei um vestido vinho com mangas rendadas pretas, e claro, salto alto. Iria sentir falta de como ele me chamava de linda e como eu realmente me sentia linda. Saímos do hotel e Micael já esperava por nós. Dimitri me levou a um, se não o mais, caro restaurante do Rio de Janeiro. Ele estava lindo, como de praxe. Me fez rir a noite inteira, mas em um determinado momento do jantar seu semblante se escureceu.
- Morango? Eu preciso te contar uma coisa.
- Dimitri, você está me deixando preocupada!
- Na minha reunião de hoje, nós vimos o balanceamento de todas as decisões tomadas nesses dias.
- Deu algo errado? Tá tudo bem? - perguntei aflita segurando sua mão por cima da mesa.
- Deu tudo certo, certo até demais! E é por isso que eu vou ter que voltar antes.
- Oh, você volta amanhã?
- Não, meu amor. Eu estou voltando hoje! - oh não!
- Mas já? Você tem que arrumar todas as suas coisas ainda!
- Enquanto estamos aqui, tem uma equipe fazendo isso!
- Oh, entendi.
- Eu só queria que meus últimos momentos aqui fossem com você! - disse me olhando profundamente.
- Dimitri! - disse tentando segurar minhas lágrimas.
- Eu vou sentir muito sua falta, meu morango!
- Eu também vou! - deixei uma lágrima solitária cair, mas a sequei prontamente.
Dimitri pediu a conta e me acompanhou até a porta do restaurante, tentando ao máximo colar seu corpo ao meu. Chamou um taxi e segurou a porta para mim.
- Se cuida, okay? - disse passando a mão por seu rosto.
- Eu vou! Como eu vou sentir sua falta! - me abraçou fortemente, cheirou meus cabelos e me beijou.
- Eu também vou, muito! - me colocou sentada no taxi, me deu outro beijo, e fechou a porta ficando de pé na calçada. O taxi saiu andando e Dimitri estendeu a mão como uma despedida.
- Eu te amo - sussurrei, levantei minha mão e deixei minhas lágrimas caírem. E o táxi me levou para longe daquele que eu amo.
Dimitri Yure Rachmininov
"Eu te amo" li seus lábios enquanto o táxi a levava para longe. Levava da minha vida o morango mais doce que já provei. Levava para longe meus melhores dias, melhores beijos, melhores carinhos, meus melhores momentos.
Não esperei o taxi virar a esquina e entrei no carro com Micael ao comando. Deitei minha cabeça no apoio, fechei meus olhos e respirei fundo. Não voltei a abrir os olhos pelo resto do caminho. Foi quando eu senti algo cair no meu rosto.
— O que é isso? - resmunguei passando a mão no rosto e sentindo o líquido.
— É uma lágrima, senhor. Costuma aparecer quando estamos chorando - era uma lágrima. Eu estava chorando!
— Eu estou chorando! - disse feliz.
— Isso é motivo de alegria, senhor? - disse Micael abrindo minha porta, foi quando percebi que já estávamos no aeroporto.
— Eu não posso! Micael, eu não posso pegar aquele avião! - disse olhando sério em seus olhos ainda dentro do carro.
— Finalmente! - disse sorrindo e fechou minha porta - Achei que o senhor fosse se tocar antes de chegarmos aqui! - entrou no carro e deu partida.
Ao longo do caminho encontramos certo trânsito, mas foi até rápido. Estávamos chegando perto do hotel, quando a vi descendo as escadas para colocar suas malas no carro. Micael estacionou do outro lado da rua e eu desci do carro correndo. Tinham muitas pessoas correndo na minha direção e passando direto. Não liguei e fui ao seu encontro.
— Anna! - gritei - Anna! - ela virou o rosto para mim com uma expressão assustada.
— Anna! - berrei o mais alto que pude.
— Dimitri! Pare! Pare! - ela gritou quando eu vi alguns homens vestidos de preto saírem do hotel armados e corri ainda mais rápido e tentando ultrapassar a todos para chegar até ela.
— Dimitri, pare! - ela gritou de novo, um dos homens olhou para ela, ela o encarou de volta. Ele ergueu sua arma e apontou para ela.
— Não! - berrei no meu mais puro pavor. Cheguei até ela e a abracei!
— Dimitri! - me abraçou de volta - O que está fazendo aqui?
— Eu não poderia ir embora sem você - respondi ofegante.
— Seu doido! - me beijou e eu tossi - Você está bem? Dimitri? - não consegui responder por que de repente tudo ficou escuro.
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That Russian CEO
ChickLitLivro #1 : That Russian CEO •̃ CORRIGIDO! História indicada para maiores de 18 anos! Ser tradutora e intérprete é, de longe, o melhor emprego que eu poderia ter. É claro que tem seus dias ruins, como trabalhar 14 dias para uma multinacional para a a...