Tem ideia do que é ser enxotado de sua própria casa? Bem, aquela pequena família de seis agora tinha que lidar com essa sensação. Passaram-se cinco dias desde que voltaram para 2019, e para alguns deles, aquilo já havia sido tempo suficiente. Deveriam ir embora... mas para onde? Essa era a questão, a razão de todas as brigas, a inquietação que tomava seus corações. Era esperado que voltassem para casa, para um tempo que era deles, mas ao invés disso, foram parar em um lugar que era qualquer coisa, menos o 2019 cuja lua despedaçara.
Entre sumiços e aparições, Cinco os alertou que, talvez, o mundo que conheciam não existisse mais. E isso foi um choque, mais para uns que para outros. Allison os ajudou a arranjar um lugar para ficar, uma grande casa com espaço para todos e bem longe das vistas do velho Reginald (ou assim esperavam). Eles tiveram que descobrir uma forma de sobreviver, mas sempre acabavam dependendo da número 03... afinal, em que poderiam trabalhar? Nem documentos eles tinham, e todos eram estranhos para eles.
Diego encerrou uma das inúmeras discussões que o grupo teve ao longo desses cinco dias com a seguinte conclusão: eles deveriam ter morrido quando a lua caiu sobre a terra, agora não passavam de anomalias, corpos estranhos que não deveriam existir. E parece que a Sparrow Academy pensa o mesmo de todos eles, ou foi isso que o velho dissera quando os colocou para correr de sua casa.
Naquela tarde, Klaus estava largado no sofá de forma espalhafatosa, deixando um pequeno espaço para o irmão Diego. Os outros deviam estar por aí... deus sabe onde. Na tv da sala passava um filme antigo de faroeste. Klaus olhava para a tela, mas era como se não estivesse ali, Diego estava mais entretido. De repente, durante um intervalo comercial, um anúncio fez com que o Número Dois se ajeitasse sobre seus assento.
"NÃO PERCAM, AS 9 HORAS DA NOITE, UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O NOSSO QUERIDO SPACEBOY! ELE QUE É O GRANDE LÍDER DA SPARROW ACADEMY..."
— Spaceboy... – Diego murmurou, dando um tapa na perna de Klaus para que ele se concentrasse na tv.
— Dá para entender porque essas meninas parecem tão animadas. Veja, o cara é bonitão, isso não podemos negar – Respondeu-lhe o número 04.
"O PRIMEIRO GAROTO A IR PARA O ESPAÇO..."
— Luther não comentou nada ainda, mas o homem está se sentindo um lixo. Eu sei.
"O PRIMEIRO HOMEM A PISAR EM MARTE..."
— Sabe porque sente o mesmo – Klaus falou, esboçando um sorriso e voltando a se estirar no sofá. – Vocês precisam superar isso. O melhor que temos a fazer é ficar de fora de toda essa merda. Se eles querem continuar lutando contra as forças do mal e brincando de salvar o mundo, parabéns para eles. Nós já nos aposentamos há anos, vamos viver nossas vidas que é o que nos resta agora.
— Até o Cinco aparecer com outra de suas maluquices, você quer dizer.
Klaus não se importou. Para ele, não estava fazendo diferença se continuariam vivendo naquela realidade ou iriam para outro lugar.
Enquanto isso, longe dali...
Um homem alto, forte e loiro estava sentado abaixo da árvore na parte externa da casa, lascando o que parecia ser um amuleto em um pedaço de madeira com um canivete. Era um dia ensolarado, com um ar seco e morno balançando as folhas da árvore.
— Para quem é isso? – perguntou o número seis, que resolvera se aproximar do irmão.
— Para você, Horror, gostou? – o sujeito respondeu, com um olhar atrevido e um sorriso no canto da boca.
— Um coração de madeira... Sério, Michael? Brega demais. Falou disso em sua entrevista? Sobre como é um grandalhão bobo e apaixonado? Ouvi dizer que entrará no ar hoje à noite.
Spaceboy continuou a esculpir na madeira.
— Que mal pode fazer um pouco de amor? – não era uma pergunta. Ele logo prosseguiu, emendando um novo assunto. – E os seus amigos, notícias deles?
— Ah... o pai tem os observado, certamente. Mas por tanto que não entrem em nosso caminho, não me tiram o sono.
Número Um terminou o seu trabalho, fechou o canivete e o guardou no bolso da calça.
— Como ficou? – Horror ensaiou uma resposta, mas Michael Hargreeves não esperou por isso, talvez não importasse para ele o que o Número Seis tinha a dizer. – Cedo ou tarde eles irão se meter em nosso caminho, você sabe disso, Ben. E eu não sou o tipo que senta e fica esperando – seu tom de voz se tornou sério e pouco amigável naquele momento.
— Space, Space. O que você anda planejando? O pai não quer que...
— Só estou mantendo todos vocês em segurança, meu irmão. Afinal, o que mais eu faço da vida? — Sugeriu ele, levantando-se, dando uma piscada para Ben e caminhando em direção do interior da casa.
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A Sparrow Academy
AksiUma fic continuando de onde a segunda temporada parou. Para exercitar a imaginação enquanto a série não volta.