Nove

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– Podemos conversar? – Encaro os meus pés, estou envergonhada demais para encarar os meus melhores amigos nos olhos.

Pedir desculpas para mim sempre foi um obstáculo, eu reconheço que sou muito orgulhosa, mas quando eu peço desculpas para uma pessoa é porque eu tenho consciência que eu errei, e eu me sinto vulnerável pedindo desculpas, eu sinto que eu dependo da pessoa, e eu não gosto de depender de absolutamente ninguém.

E em todas as brigas que eu já tivera com os garotos, a maioria das vezes era por culpa da falta de maturidade dele.

– Depende... – Ray diz. – Você vai ser sincera ou vai dizer mentiras para sair com o Ryan?

Sinto o meu peito apertar, eu conheço esse tom de voz do Ray, ele usa o tom deboche para disfarçar o quanto está magoado, Ray é orgulhoso de mais para admitir o quanto a pessoa o magoou.

– Me desculpa. – Sento do lado de Jasper. – Eu queria contar para vocês, mas então eu descobri que vocês não gostam do Ryan, e vocês não quiseram me falar o motivo de não gostarem dele. – Respiro fundo, minha frase não surgiu efeito nenhum neles, ao contrario, eles começaram a mexer no celular e ignorar a minha existência.

– Vocês são tão imaturos! Porque não resolvemos isso como pessoas maduras? – Reviro os olhos.

– Ah, então você quer falar de maturidade, Charlotte? Logo você que mentiu para seus melhores amigos? – Ray cuspe as palavras rispidamente.

Um soco teria doído menos.

Ray tem razão, eu não fui sincera com eles, eu menti de forma descarada. E eu, se quer, me dei o luxo de pensar sobre como o Ray se esforçou, ele pediu para adiantar o treino de basquete só para não furar com a gente.

– Charlotte quando eu pedi para você ficar longe do Ryan eu estava falando sério, mas em momento algum eu ia impedir de você sair com ele. – Ray passa a mão pelo topete, fazendo alguns fios grudarem na sua testa, já que está suado. – No máximo eu te alertaria sobre ele, e eu ia zoar com você pelo péssimo gosto. – É inevitável não sorrir, mas eu tenho que descobrir o motivo dele não gostar do Ryan.

– Ela tem mesmo um péssimo gosto. – Escuto a voz do Henry pela primeira vez desde que eu sentei com eles, vejo ele e o Ray fazer um high–five enquanto Jasper dá altas gargalhadas do meu lado.

– Há há há – Forço uma gargalhada e o som sai igual de uma bruxa.

– Você está engasgada? – Jasper pergunta, se referindo a minha risada falsa.

– Não, eu não estou engasgada, só estou tentando acompanhar a risada de vocês.

– Não faz mais essa risada. – Henry balança a cabeça, fazendo um gesto dramático para eu perceber o quanto essa risada soou ruim.

– Não vou mais fazer, mas o foco no momento não é a minha risada de bruxa...

– Parecia uma risada de hiena. – Ray me interrompe, fazendo–me arquear a sobrancelha, e bater as minhas unhas na mesa, para mostrar o quanto eu estou impaciente. – O que você estava dizendo mesmo?

– Eu quero que vocês me desculpem, eu não fui uma boa amiga mentindo para vocês, eu praticamente joguei a confiança que vocês sentem por mim no lixo. Mas se vocês me perdoarem, eu prometo que farei o possível para recompensar a nossa sessão de terror que eu perdi. – Encaro os garotos, Ray está com as mãos atrás da nuca me observando atentamente, não consigo ver a feição do Jasper por ele estar sentado ao meu lado.

Eu encaro o Henry, e subitamente a lembrança do nosso beijo vem a minha mente, sinto o meu estômago dar várias voltas e a ansiedade consumir eu por completo, é estranho eu está ansiosa para ouvir a voz dele soar, sentir ele pegar a minha mão, ou passar o seu braço por cima do meu ombro, para ser sincera tudo isso que está acontecendo é estranho, eu jamais me imaginei em uma situação dessas com ele.

Beijos e ConflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora