Um beijo, mil confusões...
Uma amizade, um beijo, mil conflitos. O que fazer quando um simples e inesperado beijo te causa sentimentos por uma pessoa que, ainda por cima, é o seu melhor amigo?
Charlotte e Henry decidem se beijar. Um ato tão íntimo...
O sinal da última aula toca, o que significa estarmos livres para ir embora. Mas a minha animação se dissipa no momento em que lembro ter um encontro em algumas horas. Não que eu não esteja animada, mas hoje eu planejava assistir séries.
— Hey, Char.
Viro-me e dou de cara com os meus melhores amigos.
— Boa notícia! O treino de basquete vai começar uma hora antes, então significa que vou chegar a tempo para a nossa sessão de terror. — Por um momento é bom ouvir isso. Todas as quintas-feiras nós nos encontramos na casa do Henry e assistimos filmes de terror, mas o Ray tem um jogo importante amanhã e tivemos que cancelar.
Mas o meu sorriso evapora quando me lembro do encontro com o Ryan.
— É que… Ah... eu não vou poder ir — gaguejo.
As feições deles murcham.
— Por quê? Aconteceu alguma coisa? — Jasper pergunta.
Preciso pensar em uma desculpa rápido.
— Eu vou ter que ajudar a minha mãe, coisas chatas sobre o trabalho dela. — Faço uma careta, como se realmente estivesse de saco cheio.
— Ok, a sessão de terror fica para a próxima quinta-feira — Henry diz.
— Desculpa — murmuro baixo. Eu não gosto de mentir para eles, mas no momento não tenho escolha.
— Não é culpa sua, Charlotte. — Henry passa os braços por cima dos meus ombros, e eu engulo seco, ignorando o formigamento nas minhas mãos.
Andamos juntos, rindo das bobagem que o Ray diz.
****
Olho-me uma última vez no espelho do meu quarto, perguntando-me se a camisa cinza sem estampa e o short cós alto é uma boa. É bem difícil se vestir quando não se sabe nada sobre o local para onde vai. Escuto batidas na minha janela e dou de cara com Henry olhando-me irritado.
Eu me lembro das diversas vezes em que os garotos escalaram a minha sacada apenas para jogarmos conversa fora. Henry não espera um convite para entrar, ele só senta na minha cama e me observa com um semblante irritado.
— Henry? Algum problema? O que está fazendo aqui?
— Sério que com tantos caras você escolheu Ryan Johnson para sair? — Sinto minha garganta secar. Como ele descobriu?
— Como você sabe que eu vou sair com ele? Eu não contei nem para a Piper. — De fato, eu não estava mentindo: eu realmente não disse nada a ela. Pretendo contar só depois do encontro.
— Eu só acho que você esqueceu que o Ray joga basquete com ele. — Ele cruza os braços. — Ray o escutou dizer que ia sair com você hoje.
Merda.
— Escutar a conversa das outras pessoas não é legal — digo, tentando amenizar a situação. Henry solta uma risada sem emoção e desvia o olhar do meu.
— Que seja. Só toma cuidado, tá? — Ele se levanta com um semblante decepcionado. E só então percebo as consequências da minha mentira. Eu consegui magoar os meus melhores amigos.
— Não precisa se preocupar, Hen. O Ryan é um cara legal. — Volto a olhar minha imagem no espelho para não ter que encarar o olhar de decepção no rosto dele.
— Cara legal? Estou percebendo que você não presta atenção nas reclamações do Ray sobre o time de basquete.
Eu até tento escutar com atenção, mas se torna algo bem difícil quando não se entende nada do esporte, e o ego do Ray ao dizer que é o melhor jogador só faz eu me desinteressar ainda mais no assunto. Mas em momento algum eu deixo de parabenizá-lo pelas vitórias.
— O Ray exagera às vezes, e você sabe disso. — Olho de soslaio e o vejo revirar os olhos. Finalmente entendo o motivo de ele estar assim.
— Henry! Você está com ciúmes! — digo, sem rodeios.
— O quê? Não estou, não. — Ele franze o cenho.
— Sei… não precisa se preocupar, você sempre vai ser o único loiro na minha vida. — Passo o gloss nos meus lábios e voilà! Finalmente estou pronta.
— Eu sempre vou ser o único na sua vida. Mas estou deixando bem claro que não estou com ciúmes, só estou preocupado com você. — Reviro os olhos. Não vou manter essa discussão, Ryan vai chegar a qualquer minuto.
— Não precisa se preocupar, Henry. Ele é um cara legal e, além disso, beija muito bem. — Mordo os lábios e me viro para encará-lo, dando de cara com um sorriso zombeteiro.
— Então você está saindo com ele só por achar que ele beija bem? — Levanto a sobrancelha e cruzo os braços.
— Eu não acho que ele beija bem, eu tenho certeza.
— Charlotte, meu amor, esse Ryan pode até beijar bem. — Henry faz aspas com os dedos ao pronunciar o nome do Ryan. — Mas eu beijo melhor.
Touché.
Era para eu estar irritada por ele adorar massagear o próprio ego, mas a minha mente só consegue focar nele me chamando de amor. Parece tão certo ele me chamar de amor... Foi deslumbrante ouvir isso sair dos lábios dele.
— Henry, você precisa parar de se achar, isso faz mal. Agora você pode fazer o favor de sair do meu quarto? O Ryan vai chegar a qualquer momento.
— Eu vou sair, sim, Charlotte. — Henry se aproxima, fazendo o meu corpo se chocar contra a parede. — Mas antes eu preciso fazer isso.
Antes que eu o questione, seus lábios já estão colados aos meus e sua língua se encontra com a minha. Cada centímetro do meu corpo reage ao beijo dele, fazendo-me aumentar a urgência.
— Char…
Mas qualquer coisa que ele tivesse para me dizer é interrompida quando eu o beijo, sua língua quente procura pela minha, acariciando-a devagar. Suas mãos se encaixam no meu quadril, apertando-o.
Dessa vez é diferente. É como se nós precisássemos daquilo como se precisa do ar para respirar. Seus beijos descem para o meu pescoço, e é tão gostoso que fecho os olhos, apreciando seus lábios molhados contra a pele do meu pescoço.
Mas o momento não dura muito, pois ele se afasta. Henry me empurra levemente e sussurra no meu ouvido:
— Depois você me diz quem beija melhor. — Ignoro o vazio que sinto sem o seu corpo por perto.
E com a mesma agilidade que entrou, ele sai, deixando-me frustrada e com vontade de beijá-lo outra vez.
Céus, o que raios está acontecendo comigo?
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