Sete

1.5K 149 246
                                        

O sinal da última aula toca, o que significa estarmos livres para ir embora. Mas a minha animação se dissipa no momento em que lembro ter um encontro em algumas horas. Não que eu não esteja animada, mas hoje eu planejava assistir séries.

— Hey, Char.

Viro-me e dou de cara com os meus melhores amigos.

— Boa notícia! O treino de basquete vai começar uma hora antes, então significa que vou chegar a tempo para a nossa sessão de terror. — Por um momento é bom ouvir isso. Todas as quintas-feiras nós nos encontramos na casa do Henry e assistimos filmes de terror, mas o Ray tem um jogo importante amanhã e tivemos que cancelar.

Mas o meu sorriso evapora quando me lembro do encontro com o Ryan.

— É que… Ah... eu não vou poder ir — gaguejo.

As feições deles murcham.

— Por quê? Aconteceu alguma coisa? — Jasper pergunta.

Preciso pensar em uma desculpa rápido.

— Eu vou ter que ajudar a minha mãe, coisas chatas sobre o trabalho dela. — Faço uma careta, como se realmente estivesse de saco cheio.

— Ok, a sessão de terror fica para a próxima quinta-feira — Henry diz.

— Desculpa — murmuro baixo. Eu não gosto de mentir para eles, mas no momento não tenho escolha.

— Não é culpa sua, Charlotte. — Henry passa os braços por cima dos meus ombros, e eu engulo seco, ignorando o formigamento nas minhas mãos.

Andamos juntos, rindo das bobagem que o Ray diz.

****

Olho-me uma última vez no espelho do meu quarto, perguntando-me se a camisa cinza sem estampa e o short cós alto é uma boa. É bem difícil se vestir quando não se sabe nada sobre o local para onde vai. Escuto batidas na minha janela e dou de cara com Henry olhando-me irritado.

Eu me lembro das diversas vezes em que os garotos escalaram a minha sacada apenas para jogarmos conversa fora. Henry não espera um convite para entrar, ele só senta na minha cama e me observa com um semblante irritado.

— Henry? Algum problema? O que está fazendo aqui?

— Sério que com tantos caras você escolheu Ryan Johnson para sair? — Sinto minha garganta secar. Como ele descobriu?

— Como você sabe que eu vou sair com ele? Eu não contei nem para a Piper. — De fato, eu não estava mentindo: eu realmente não disse nada a ela. Pretendo contar só depois do encontro.

— Eu só acho que você esqueceu que o Ray joga basquete com ele. — Ele cruza os braços. — Ray o escutou dizer que ia sair com você hoje.

Merda.

— Escutar a conversa das outras pessoas não é legal — digo, tentando amenizar a situação. Henry solta uma risada sem emoção e desvia o olhar do meu.

— Que seja. Só toma cuidado, tá? — Ele se levanta com um semblante decepcionado. E só então percebo as consequências da minha mentira. Eu consegui magoar os meus melhores amigos.

— Não precisa se preocupar, Hen. O Ryan é um cara legal. — Volto a olhar minha imagem no espelho para não ter que encarar o olhar de decepção no rosto dele.

— Cara legal? Estou percebendo que você não presta atenção nas reclamações do Ray sobre o time de basquete.

Eu até tento escutar com atenção, mas se torna algo bem difícil quando não se entende nada do esporte, e o ego do Ray ao dizer que é o melhor jogador só faz eu me desinteressar ainda mais no assunto. Mas em momento algum eu deixo de parabenizá-lo pelas vitórias.

— O Ray exagera às vezes, e você sabe disso. — Olho de soslaio e o vejo revirar os olhos. Finalmente entendo o motivo de ele estar assim.

— Henry! Você está com ciúmes! — digo, sem rodeios.

— O quê? Não estou, não. — Ele franze o cenho.

— Sei… não precisa se preocupar, você sempre vai ser o único loiro na minha vida. — Passo o gloss nos meus lábios e voilà! Finalmente estou pronta.

— Eu sempre vou ser o único na sua vida. Mas estou deixando bem claro que não estou com ciúmes, só estou preocupado com você. — Reviro os olhos. Não vou manter essa discussão, Ryan vai chegar a qualquer minuto.

— Não precisa se preocupar, Henry. Ele é um cara legal e, além disso, beija muito bem. — Mordo os lábios e me viro para encará-lo, dando de cara com um sorriso zombeteiro.

— Então você está saindo com ele só por achar que ele beija bem? — Levanto a sobrancelha e cruzo os braços.

— Eu não acho que ele beija bem, eu tenho certeza.

— Charlotte, meu amor, esse Ryan pode até beijar bem. — Henry faz aspas com os dedos ao pronunciar o nome do Ryan. — Mas eu beijo melhor.

Touché.

Era para eu estar irritada por ele adorar massagear o próprio ego, mas a minha mente só consegue focar nele me chamando de amor. Parece tão certo ele me chamar de amor... Foi deslumbrante ouvir isso sair dos lábios dele.

— Henry, você precisa parar de se achar, isso faz mal. Agora você pode fazer o favor de sair do meu quarto? O Ryan vai chegar a qualquer momento.

— Eu vou sair, sim, Charlotte. — Henry se aproxima, fazendo o meu corpo se chocar contra a parede. — Mas antes eu preciso fazer isso.

Antes que eu o questione, seus lábios já estão colados aos meus e sua língua se encontra com a minha. Cada centímetro do meu corpo reage ao beijo dele, fazendo-me aumentar a urgência.

— Char…

Mas qualquer coisa que ele tivesse para me dizer é interrompida quando eu o beijo, sua língua quente procura pela minha, acariciando-a devagar. Suas mãos se encaixam no meu quadril, apertando-o.

Dessa vez é diferente. É como se nós precisássemos daquilo como se precisa do ar para respirar. Seus beijos descem para o meu pescoço, e é tão gostoso que fecho os olhos, apreciando seus lábios molhados contra a pele do meu pescoço.

 Mas o momento não dura muito, pois ele se afasta. Henry me empurra levemente e sussurra no meu ouvido:

— Depois você me diz quem beija melhor. — Ignoro o vazio que sinto sem o seu corpo por perto.

E com a mesma agilidade que entrou, ele sai, deixando-me frustrada e com vontade de beijá-lo outra vez.

Céus, o que raios está acontecendo comigo?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Beijos e ConflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora