No dia seguinte acordo com algumas dores no corpo e com a cabeça como se estivesse prestes a explodir, levanto e me deparo que havia adormecido no chão da sala, me lembrando do ocorrido de ontem coloco a mão em minha cabeça.
- Eu sonhei?- Me questiono.
- Me sinto acabado e totalmente deslocado, então surpreso me espanto:
- Henry!
Tento ligar para seu número mas cai na caixa postal.
E têm sido assim todos os dias, ligo inúmeras vezes para ele mas sem sinal algum, ando de um lado para o outro dentro de casa pensando se está bem e o que aconteceu, as vezes me pego perguntando se isso realmente é minha culpa, não tenho me alimento bem parei de ir a psicóloga e tudo que eu penso é : Onde está Henry?. Daria um ótimo titulo para um livro... Um livro trágico.
Cada vez que penso, mais me afundo, cada vez sempre mais e mais... Não tá fácil suportar esse sentimento de culpa esse vazio no meu peito, não me sinto bem nem quero estar bem só queria acordar e perceber que tudo não passou de um mero sonho, que tudo tenha sido efeito do remédio... Ah o remédio o único capaz de acabar com meu sofrimento...
Um momento de adrenalina percorre meu corpo, em movimentos rápidos e desesperados subo os degraus da escada e vou em direção ao meu quarto, abro a gaveta, era como se alguém estivesse me controlando como um bonequinho, e naquele momento o bonequinho procurava se soltar das cordas que o prendiam mas não conseguia, e quem quer estivesse o controlando queria o ver perdido, totalmente sem falas, e incapaz de se mover.
Reviro a gaveta à procura da caixinha que me mantém vivo, sem achar-lá desço apressado e vou para a cozinha e lá está, pego-a de cima do balcão tiro todas as cartelas e empurro todos os comprimidos para fora, os amontou e vou em busca de um copo d'água.
Um único sentimento, uma única ação o bonequinho estava prestes a terminar a apresentação.
Tremendo levo lentamente o que cabe em minhas mãos em direção a boca, as pílulas balançam entre os dedos e algumas até caíam.
(TIM DIM!)
Paro os movimentos, há alguém em minha porta, devo abrir? E se for o pai de Henry? Não importa, não mais, já estou morto não há mais nada em minha vida que me faça temer a morte. Em passos lentos vou até a porta e atendo.
Antes das cortinas se fecharem uma mão surge do céus e liberta o bonequinho de suas cordas.
- Lohan? Está tudo bem? Por Deus, sua cara está horrível!
Corro para um abraço, era tudo o que eu tinha, então aperto mais forte prolongando aquele momento. Quando finalmente nós separamos começo a chorar.
- Ainda bem que está aqui- Digo entre soluços - Eu estava prestes a tentar tirar minha vida.
- Oh Lohan não... Cheguei em um bom momento não é?
- Sim Mya, por favor, entre.
Mya era minha psicóloga, em um momento como este certamente ela foi enviada pelos anjos.
- Conte-me Lohan porque queria fazer isso meu bem?
- Mya não tenho mais ninguém a não ser você, supostamente terminei com Henry, e acho que tudo foi por minha culpa, o pai dele bateu nele me ameaçou e pediu que nunca mais os procurasse porque ele estava bem sem mim eu não sei o que fazer!
- Lohan se acalme, estou aqui como sua amiga agora como prometido lembra? Não se preocupem vou te ajudar.
- Me lembrar? Do que exatamente?
- Você me pediu para vir até aqui alguns dias atrás porque precisava de um amigo para conversar, eu disse que iria, porém estava ocupada com alguns pacientes e só poderia vir hoje... Lohan tem tomado os remédios além da dosagem que eu recomendei?
- Talvez- Respondo, mas o som quase não sai.
- Sabe que não permiti isso e pelo visto você pretendia tomar ainda mais- ela aponta para o balcão da cozinha.
- Lohan como sua amiga não quero que você faça nada estupido como o que estava prestes a fazer agora ok? E sobre Henry... bom aconselho que você espere as coisas se acalmarem e use esse tempo para cuidar de você também.
- Como? Como posso fazer isso se nem notícias eu tenho dele!
E nesse momento é como se minhas preces fossem atendidas, uma notificação em meu celular aparece sobre uma nova publicação que Henry fez.
- O que!- Levo as mãos em minha boca como espanto e mostro o celular para Mya.
- Não é por nada não Lohan, mas como eu disse Henry me parece bem na foto, e você também deveria estar.
A foto mostrava Henry sorridente e com um copo na mão conversando com varias pessoas que não conheço na legenda dizia "Quem é vivo sempre a casa retorna"
- Mas que p**ra- Digo frustrado.
- Lohan, antes de pensar no Henry pense em você, poxa você tentou se matar agora pouco tem noção disso? Você estava disposto a deixar tudo para trás por causa dele, ele faria o mesmo por você?
- Você acredita que ele está bem, e que vai ficar bem agora?
- Sabe Mya - Respiro fundo - Uma vez pensei que se um relacionamento não está indo bem não tem porque prolongar a dor se não terminar logo.
- Concordo Lohan, vocês são adultos, tá na hora de você seguir em frente... se é o que você realmente quer, sabe, não há nada de errado em ser "egoísta" às vezes, você só está tirando um tempo para si, é até melhor porque assim você se conhece mais, explora seus gostos...
- Tem razão- Seco algumas lágrimas - Me parece que Henry realmente sabe se virar, e que ele não se importa comigo, ótimo eu também!- Engulo seco o que disse e com muita vontade de chorar novamente - Mya não quero mais tomar esses remédios eles me fazem mal.
- Eu sei Lohan, mas enquanto essas suas crises não passarem não tem jeito, mas eu posso te ajudar a ir diminuindo até você parar, vamos começar me diga o que você mais gosta de fazer?
- Estava tentando ocupar minha mente antes de te conhecer e depois dele partir, mas não consegui pensar algo.
- Você me disse que gosta de cozinhar não?- Mya dizia pensativa.
- Sim mas quando tenho pra quem servir.
- E você terá Lohan, vamos arrumar um emprego para você alguma cafeteira ou algum restaurante?
- O que você me diz?
A olho indeciso mas com coragem digo:
- Sim!
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•Quando o inverno chegar•
RomanceAté onde as pessoas são capazes de ir quando estão apaixonadas? Para alguns o esforço não compensa mas para Henry e Lohan isso tudo muda. Uma história linda, e simples de dois casais homoafetivos, dois jovens entusiasmados com a vida que enfrentam...