WINTER

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 "If you're on the water, take care".

                                    - The saxofones.

  Mas eu resisti, não podia deixar tudo pra trás então, fiquei até o último minuto naquele chão sujo sangrando, respirando pouco pois, cada suspiro era um respingo de sangue meu que escorria, fiquei esperando que alguma alma boa aparecesse e me levasse para um hospital.

  E essa alma apareceu.

  Nunca soube quem me socorreu, mas se um dia eu encontrar quero agradecer por não me deixar morrer, pois naquela noite me lembro de ter visto vultos passando por mim e nenhum deles me ajudava, poderia estar delirando, ou chegando perto do que muitos dizem ser o fim do túnel.

  Acordei com o barulho do monitor de batimentos cardíacos, um médico veio rapidamente e o analisou, mexeu em algumas coisas, depois as anotou em uns papéis que estavam em suas mãos.

 - Você nos assustou rapaz - Ele diz e logo em seguida vêm com uma espécie de caneta com luz apontando na direção dos meus olhos, ele pediu para que eu seguisse a luz (Hilário, pois horas antes eu realmente estava a segui-la) e pediu para que eu não me esforçasse muito durante esses dias.

 - Ficou muito ferido, sabia? a gente levou um susto quando você chegou, as chances de você ter saído dessa bem eram mínimas, quero te parabenizar por ser tão forte e aguentar tudo isso, deve ter sido bem doloroso.

  O médico dizia voltando a anotar alguma coisa.

 - Obrigado doutor, realmente não foram os minutos mais fáceis. Novamente, Obrigado.

 - A gente gostaria de saber se você se lembra de quem te agrediu, você tem alguma descrição? Assim você poderá fazer uma denúncia.

  Então eu disse tudo ao médico na esperança de que os culpados fossem encontrados logo.

 - O Líder do grupo tinha cabelos loiros, olhos castanhos escuros e usava roupas vermelhas por conta do hallowen sabe?

 Não podendo me mexer muito, dei todas as descrições dos integrantes do grupo até onde eu lembrava, depois de dito o vejo sair da sala, porém rapidamente volta.

 - Ah, esqueci- me de te perguntar, tem alguém que eu possa avisar que você está aqui?- Ele diz.

  Pensei em Mya, que por sorte não estava trabalhando no momento.

 - Bom, espero que em breve ela esteja aqui para te visitar... Bom, desculpe não me apresentar antes, meu nome é Obrien, qualquer coisa é só tocar no botão que está ao seu lado na cama.

  Espero Mya aparecer e rezando para que ela chegue em segurança após receber a notícia.

  Obrien, era um homem de trinta e poucos anos, era negro, cabelos pretos enrolados e usava o famoso jaleco branco, era uma pessoa muito gente boa, e amigável.

  Mas apesar das circunstâncias, ele acabou virando um grande amigo meu lá dentro.

  Já era hora do almoço, as enfermeiras já haviam trazido meu prato, tinha uma pequena TV no quarto porém, parecia que não era ligada há anos e talvez nem ligasse o que tornava tudo ainda mais entediante.

 - Licença Lohan- Uma enfermeira entra e logo atrás está Mya.

 - Ai meu deus Lohan você está bem? Como isso aconteceu? Quem fez isso?- Ela chegou e logo disparou várias perguntas incontrolavelmente sobre mim.

 - Mya calma! Por favor, eu tô bem, foram uns idiotas que me pegaram na rua.

 - Lohan mas como assim? O que você estava fazendo na rua?

 - Mya foi coisa boba tenho até vergonha de contar, mas tinha haver com eu e Henry fugirmos, e na noite de halloween eu estava na sala com o Ju...

 - O JUHAN! EU O DEIXEI SOZINHO MYA!

 - Que? Como assim? Lohan pelo amor de calma, e para de se mexer!

  Exaltei-me tanto quando lembrei que senti minha pele repuxar e o corte se abrir.

  Mas por sorte não abriu, e foi só um susto, tentei explicar rapidamente para Mya, mas acho que saiu confuso pois, estava tão desesperado que minhas palavras saiam atropeladas pela boca.

  Sem entender muito bem, e com toda paciência do mundo, Mya foi buscá-lo.

  Fiquei esperando agoniado por ter deixado o menino sozinho que não conseguia prestar atenção em nada, Obrien tinha entrado e falado algumas coisas, mas não consegui ouvi-lo só queria saber se Juhan estava bem.

 - Lohan? Ei acorda!- Era Mya.

  Juhan corre para me abraçar, ele era um menino muito cuidadoso então não me abraçou forte sabendo que eu sentiria dor.

 - O que aconteceu pai?

  Ouvi-lo dizer "pai" me doeu tanto, porque que tipo se pai deixa seu filho sozinho em casa e desaparece sem dar notícias? O abraço de novo e peço desculpas por ter saído e o deixado sozinho. 

 - Papai, não chore eu não fiquei sozinho você estava em todo canto daquela casa, não me senti sozinho nenhuma vez.

 - Você está com fome?- Pergunto.

 - Um pouco, eu cozinhei, mas também não muito, para não gastar sua comida.

 - É nossa comida você pode fazer o que quiser, mas espera aí, você sabe cozinhar? É perigoso você poderia ter se machucado!

 - Eu sei, mas queria fazer algo especial para quando você voltasse...

  Eu já vi essa cara antes, e sei que não poderia ficar bravo com algo tão fofo.

  O encaro com muito amor nos olhos, e depois de conversamos, Mya o levou para comer no restaurante do hospital, e logo após dormiu na poltrona que tinha aqui na sala.

 - E então, tá pronto pra me explicar tudo?- Mya se sentou ao meu lado em outra poltrona.

 - Acho que agora estou. Forço um sorriso.



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