Pimenta forte

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 Penélope sentiu o ar fresco inflar os seus pulmões com dificuldade, as árvores balançavam conforme a brisa leve e o sol não estava tão forte, o que era perfeito. O hábito de corridas matinais havia sido adquirido depois da faculdade, com um pouco de insistência, já que Park sabia que tinha que fazer algum exercício físico então não sobravam muitas alternativas.

 A corrida tinha sido um achado, ela conseguia ligar a sua música e sair correndo, vendo paisagens lindas e deixando que sua mente doida vagasse para onde quisesse, na maioria das vezes isso não deveria ser um incômodo, muito pelo contrário, mas nos últimos dias a sua mente doida estava com a mania de lembrar de Josie, lembrar muito de Josie, e isso era revoltante.

 Passado deveria ficar no passado, mas, mesmo assim, parecia ser tão real em seu presente que era irônico, mas que merda. Então, a corrida chegava a ser uma forma de fugir e correr em direção ao problema, os dois ao mesmo tempo, naquela manhã resolveu se arriscar, fazia um tempo que não corria e a situação no escritório não estava boa então precisava de um momento livre.

 Era tudo o que queria, um momento livre.

 Nem em casa ela tinha paz, Mia e sua constante estavam sempre presentes, por mais que elas nunca chegassem a ter termos claros e oficializados, Park ainda sentia que tinha alguma coisa de errado para ser resolvida, óbvio, porque tinha. Casamento de Hope Mikaelson, quais a chances dela comparecer?

 Tão próxima de 0 quanto o 1, talvez até mais, era ranzinza da parte dela tomar uma posição tão radical? Talvez devesse analisar de novo? Quer dizer... Hope sempre foi uma pessoa muito presente até... Bom, até a vida. Besteira, tudo o que pensava era besteira, ela não iria ir, caso encerrado e Mia precisava aprender a respeitar a vontade dos outros.

 Encarou o relógio, estava correndo a quase uma hora, nem tinha percebido, ótimo. Parou em uma pequena cafeteria que tinha por perto e comprou um chá, saiu com ele em mãos e foi andando até sua casa, um trote leve que não necessitava de muito esforço, verificou as novidades no escritório, apenas problemas, era sempre assim, ainda não entendia porque esperava algo diferente.

 Passou por algumas vitrines mas continuou seu caminho certeira, o jantar com seu pai se aproximava(mesmo depois de ter sido remarcado) e Penélope sabia que as coisas não estavam boas para o seu lado, e sabia o que tinha que fazer mas a sua parte humana gritava por misericórdia então ainda estava considerando.

 Terminou o seu chá e aumentou o volume da música, até que sobressaísse as buzinas e as conversas altas, o que resultou em alto, muito alto, danificar seus tímpanos alto, mas, pelo menos, parecia tão distante da grande Nova Iorque quanto Virgínia, o que não era muito longe, mas dava para o gasto.

 Sentiu o suor que escorria começar secar, o que era um bom sinal, mas, mesmo assim, tomaria um banho assim que chegasse em casa, quente, por mais que os incentivadores do mundo dissessem que banho frio nos deixa mais produtivos, Penélope se dava ao luxo de relaxar enquanto a água morna batia em seu corpo, era um direito.

 Olhou para o lado e aproveitou o sinal fechado para atravessar a rua, agora, já não estava tão longe de seu apartamento. Um corpo grande se chocou contra o dela e como se tivesse batido de frente com uma parede a menina foi ao chão, completamente desmontada como se fosse feita de pequenas peças.

 Talvez o impacto, talvez o momento, talvez sua cabeça... Penélope não conseguiu apontar o que exatamente a levou a outra lembrança escondida, mas a levou, e quando viu, já era tarde demais.

- Agora você faz assim...- A menina prendeu o braço de Park- E assim- O torceu, derrubando-a, ficando por cima- E então, assim- Prendeu as mãos de Penélope, deixando-a imóvel.

Conhecidas, apenas - Posie -Onde histórias criam vida. Descubra agora