Covarde

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 Penélope alcançou suas chaves, só então percebeu como sua mão tremia, continuou mesmo assim, após algumas tentativas falhas a chave entrou na ignição, afastou-se do volante e respirou fundo tentando entender o que estava acontecendo, ela sempre fugia, ela era sempre a que se afastava e corria para longe, talvez, fosse covarde igual todos sempre disseram.

 Rodou as chaves enquanto sentia sua coragem se esvair, escutou o barulho do motor, olhou o céu cinza coberto por nuvens carregadas, o tempo combinava com o dia, irônico. Quis apertar o acelerador, sair daquele lugar o mais rápido possível, sequer olharia para trás, simplesmente dirigiria até chegar em outro lugar, qualquer outro lugar que fosse longe.

 Mas seu pé não se mexeu, como se seu cérebro mandasse os sinais mas ele não chegasse aos membros, praguejou, bateu com força em sua coxa implorando que funcionasse, que se movesse, quase gritou por piedade, por seu coração, mas não o fez, tentou mais uma vez, seu pé não se mexeu, parte dela sabia que dessa vez não dava para fugir, não mais.

 Apoiou a cabeça no volante enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto, limpou-as de uma forma agressiva e levantou o olhar, então fez outro impulso, o mais forte de todos, seu pé não se mexeu, enquanto mais lágrimas caiam a sua mão direita retirou a chave da ignição e o carro parou de fazer o barulho.

 Merda.

- Você vai ir embora?- Penélope virou assustada para o lado, Caroline.

- Era o meu plano- Mas não tinha certeza se conseguiria sequer sair do carro.

- Por que não vai?- Pacífica.

- Não sei- Encarou suas mãos porque lhe faltava coragem para encarar a loira.

- É uma grande confusão, não pense que eu te culpo- Caroline não conseguia contar quantas noites passou em claro por conta da fusão, aquele era um fantasma que a perseguia desde o momento que aquelas gêmeas foram postas em seu útero, eram seus tesouros, suas filhas, seu sangue de alguma forma e Forbes não deixaria que nada as levasse, nada.

- Eu sabia...- Desde o começo, Park sabia- Mas agora que está aqui e agora...- Parecia mais uma simulação do que qualquer coisa real.

- Como se estivéssemos esperando por esse dia há muito tempo mas agora que ele chegou não sabemos o que fazer- Balbuciou enquanto ria porque se não o fizesse choraria.

- Exatamente- Riu enquanto secava mais lágrimas, sentiu-se patética, estava chorando na frente de Caroline Forbes, mas que merda.

- Você quebrou o coração da minha filha- Penélope enrijeceu no banco, não conseguiu pensar em uma resposta então simplesmente encarou-a, o que deveria responder? "Sim, eu quebrei, mas se te faz sentir melhor ela também quebrou o meu"- Eu não sei o que aconteceu entre vocês... Josie não quis me contar- Contou apenas algumas partes, nada muito detalhado- Eu entendo se você quiser ir, mas nós precisamos de toda a ajuda do mundo nesse momento e eu sei que no fundo... Você ainda a ama- Implorou, não era de seu feito mas não deixaria suas filhas partirem, se isso incluía implorar por ajuda, imploraria.

- Caroline...- Balbuciou perdendo a voz.

- Você a ama?- Encarou-a- Não ama?- Pode sentir no minuto que a morena dos olhos verdes pisou no recinto, como os olhos se encontraram, como os batimentos aceleraram, as feições, aquilo era amor, era também muita dor, mas era amor.

- Amo- Silabou ainda não acreditando nas palavras que saiam de sua boca.

- Mas não vou te forçar- Preparou-se para sair do carro- De maneira alguma, mas... Se for para ir embora, ao menos de despeça- Encarou a jovem Park, não soube mais o que falar, então, saiu daquele lugar, voltou para dentro do colégio porque ainda haviam muitas coisas para serem resolvidas e o tempo diminuía cada vez mais rápido.

Conhecidas, apenas - Posie -Onde histórias criam vida. Descubra agora