Abobrinha, pimentão, cebola e berinjela

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- Mia, você viu aonde eu coloquei a minha calça?- Penélope gritou para o corredor.

- Na gaveta!- A resposta veio da cozinha.

- Não está na gaveta!- Gritou de volta.

- Eu tenho certeza que se eu for ai eu vou achar!- Um riso baixo veio seguido dos gritos.

- Eu acho que não...- Foi até a cozinha, cansada de gritar.

- Quer apostar?- Aproximou-se, deixando os legumes que cortava de lado.

- Talvez...- Um sorriso maroto- O que você está fazendo?- Olhou para as panelas no fogão e os legumes fatiados sob a tábua de carne.

- Ratatouille- Tentou pronunciar.

- Interessante- O cheiro estava ótimo, pelo menos.

- Você não viu nada- Sorriu e se esticou para deixar um beijo rápido- Vou pegar a sua calça- Afastou-se, desaparecendo no corredor. Park aproveitou o momento para mexer no celular e verificar mais algumas coisas finais antes delas saírem- O que você faria sem mim, Penélope Park?- Fez uma graça enquanto entregava a calça dobrada para a morena dos olhos verdes.

- Morreria- Dramatizou- Aonde estava?- Olhou o pedaço de pano.

- Na gaveta, aonde eu disse que estava- Riu e voltou a cortar os legumes.

- Certo, vou colocar na mala...- Deu costas a situação.

- Penélope...- Chamou atenção da mulher antes que ela fosse embora.

- Sim?- Virou-se, dando atenção.

- Tem certeza que quer ir a esse casamento?- Olhou para baixo envergonhada- Está tudo bem se você não quiser ir...- Mordeu os lábios e tornou a encará-la.

- Eu...- Não tinha, não tinha mínima da certeza, temia inclusive por si mesma- Tenho- Sorriu.

- Eu sinto muito se te forcei a alguma coisa- Confessou baixo, envergonhada pelas próprias ações.

- Está tudo bem, nós estamos aqui agora então...- Mandou um beijo no ar- Vou arrumar minha mala, me chama quando a comida estiver pronta- Desapareceu pelo corredor, indo em direção seu quarto.

- Chamo- Caiu na risada enquanto intercalava, abobrinha, pimentão, cebola e berinjela.

 Penélope guardou a calça com delicadeza em sua mala, revisou a lista, tudo certo, foi até o banheiro e de lá voltou com a nécessaire pronta, colocou-a com facilidade ao lado das roupas, fechou a mala sem dificuldade e a deixou ao lado da porta. Deitou-se na cama pensando, não tinha mais certeza de suas ações, mas mesmo assim continuava.

 Lembrou-se das últimas vezes que viu Josie, depois de Paris não passaram de encontros impulsivos, porque era o que elas eram, impulsivas, principalmente quando se tratava uma da outra. Uma vez foi a um congresso de psicologia, apenas para encontrar a jovem Saltzman, riu porque foi patético, mas voltaria com facilidade para aquela época.

 Ou quando foram para um concerto juntas, uma série de bandas iam tocar então elas compraram os ingressos e foram, barracas, terra e amor(era uma boa definição), escondidas do mundo, como sempre, porque o que ninguém sabe ninguém estraga, desculpas e mais desculpas, desculpas para Alaric e para Angela, para Tom e para Trish, para Ben e para Mia, desculpas e mais desculpas.

 Quando era aniversário da morte da mãe Josie ligava, não falhava, não importava o quão brigada estavam ou o quanto haviam prometido nunca mais, ela sempre ligava, ou quando ela tinha ataque de pânicos, porque Penélope parecia ser a única capaz de ajudar, então era sempre o primeiro contato, o único contato.

Conhecidas, apenas - Posie -Onde histórias criam vida. Descubra agora