Conto Noturno

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Heitor saiu de casa mais taciturno do que o normal, só queria respirar um pouco o ar noturno. Quem sabe até ver um pedaço de meteoro cair do céu ou olhar a Lua, admirar o céu e não se sentir tão taciturno. Pensava ele, que naquele momento, só ele estava a querer ver o céu, mas de repente avistou uma moça, jovem e misteriosa, porém taciturna. Ela veio ao seu encontro e parou. Ele estava a olhar para a Lua.
– Por que estás a olhar a Lua? – perguntou a moça.
– Olhar a Lua me acalma. – disse ele.
– Eu te digo o mesmo. – disse a moça.
Ele já estava se sentindo melhor, porém quis fazer companhia a ela. Enquanto conversavam, ele sentiu que o peso que ela sentia estava a ir embora. Parece que era disso que ela precisava. Eles caminharam juntos pela noite e lhe deu vontade de tomar vinho.
– Adoro vinho! Noite estrelada, com a Lua cheia clareando o céu e em companhia, só falta o vinho. – disse ele.
– Então vamos pra minha casa, lá tem vinho. – disse a moça.
– Oras, não precisa, não quero incomodar-te. – disse ele.
– Mas tu não vais me incomodar, aceite meu convite! – disse ela.
Assim foram para a sua casa. Ela lhe disse que adorou a conversa e queria agradecer. Ele já não estava mais taciturno, também notara um brilho diferente nos olhos dela. Tomaram vinho e aproveitaram a noite conversando e rindo sobre a infância de ambos. Eles haviam bebido muito e Heitor já estava pra ir embora. – Tu já vais? – perguntou-lhe ela.
– Já, mas adorei vossa companhia. – disse ele.
– Mas está tarde! Podes ficar e dormir aqui. – disse ela.
– Estás a me chamar para passar a noite aqui? – perguntou ele.
– Sim, não só por conta das horas, mas também porque não quero que vá sem ao menos me tocar. – disse ela.
Heitor estava um pouco embriagado e resolveu aceitar o convite. – Queres que em ti, nesta noite, eu faça morada em teu corpo? – perguntou ele.
– Sim. Não só em meu corpo. – disse ela, timidamente.
– Mas onde mais? – perguntou ele.
– Também em meu coração. – disse ela, sorrindo.
Depois deste dia, as noites não seriam tão taciturnas!

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