O vestido amarelo

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A praia sempre foi um lugar muito belo de se estar. Muitos iam à praia para passar o tempo, alguns para curtição e outros iam para sentir um pouco de paz. Renato era um destes. Ele ia à praia à procura de um pouco de paz e sossego.  Quando pequeno, Renato saía de casa escondido e ia até a praia. Era uma criança inquieta e muito comunicativa, porém às vezes, calada e quieta. Ele ia para a praia, sentava-se na areia, olhava o mar, reparava nas ondas vindo e voltando e assim, muitas das vezes, Renato se deitava na areia e relaxava, olhava o céu, tão imenso e tão azul, olhava as nuvens, tão brancas, ouvia as aves e as observava. – Isto que é ser livre! – pensava. Já era rotina para ele, ir à praia. Certa vez, estava ele deitado na areia, quando viu um casal chegar com sua filha. Os pais foram se ajeitando para deitarem na areia e enquanto eles terminavam alguns detalhes, sua filha correu em direção a Renato. Era uma linda criança, olhos castanhos, cabelo dourado, pele clara e com um vestido amarelo com flores estampadas. Ela se sentou perto dele. Renato se sentou e a olhou. – Você gosta de vir à praia? – perguntou ele.
– Quando meus pais vêm, eu também venho. Eu sempre peço pra vir. – disse graciosamente, a pequena garota.
– Vamos brincar? – perguntou ela.
– Vamos! De quê? – perguntou Renato.
– Vamos construir um castelo de areia! – disse ela.
Os pais da pequena garota a viram se divertindo com outra criança e não interferiram, apenas ficaram as observando, enquanto também aproveitavam o momento.
– Qual o seu nome? – perguntou a pequena garota.
– Renato e o seu? – perguntou ele.
– Clarice. – respondeu ela.
Era um domingo, quando Renato conheceu a pequena Clarice. Todos os domingos, ele ia para vê-la e ambos brincavam na areia. A praia, que para ele, antes era algo primário, tornou-se secundário. Agora, primário era ver a pequena Clarice. Ela sempre ia com o mesmo vestido amarelo. Renato sempre estava de short e uma camiseta branca. O tempo passou, Renato e Clarice cresceram e com o tempo, os encontros passaram a diminuir. Certas vezes, Renato ia para à praia, mas Clarice não aparecia. Ele ficava um tempo sentado na areia a olhar para o mar, na esperança, talvez, de vê-la chegar. Porém, ela não aparecia. Outras vezes, eles se encontravam e passavam a manhã juntos conversando e construindo castelos de areia. Clarice foi o primeiro amor de Renato e vice-versa. A ânsia de querer que o domingo chegasse logo só aumentava para ambos. Porém, os pais de Clarice estavam para se mudar e ela ficou abalada com tal decisão. Esperou chegar o domingo, para ir até a praia para ver Renato. Quando ela chegou, ele já estava lá a esperá-la. Eles passaram a manhã juntos e ela lhe falou sobre a triste notícia. – Não! Eu não quero que vá! – disse  Renato.
– Mas isto está fora de cogitação. Eu até adoraria ficar, mas não vou poder. Quem sabe um dia a gente se reencontre. – disse ela.
– Talvez! – exclamou ele.
A notícia abalara aos dois. Ambos ficaram tristes, tentaram se agarrar à esperança do reencontro, porém só a esperança não bastava. Alguns anos se passaram. Renato não deixou de ir à praia, nem aos domingos. Certa vez, ele foi para a praia, como de costume. De longe, ele avistou alguém perambulando de um lado para o outro, devagar. A pessoa aparentava estar esperando alguém, estava pensativa, inquieta. Renato se aproximou e viu uma mulher, vestida num vestido amarelo estampado com flores. Ele se alegrou e correu em sua direção. – Clarice! – exclamou.
– Renato! – exclamou ela.
Certas cores que usávamos quando pequenos, ainda continuamos a usar, quando grandes. Renato reencontrou a pequena Clarice e seu vestido amarelo!

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