Debaixo da chuva

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Quando chovia, muitas crianças iam pra rua, todas com o mesmo propósito: brincar. Umas brincavam de correr, outras pulavam, jogavam gotas de chuva umas nas outras, a criançada se divertia! Mas logo a diversão acabava, quando seus pais as chamavam. - Já pra casa, fulano! – Venha aqui, menina! – Já pra casa, beltrano! – Ôh, menino! Quem mandou você sair? – gritavam os pais das crianças. O pequeno Carlinhos, era uma dessas crianças, que gostavam de ficar debaixo da chuva. Digo ao leitor que ser criança é muito bom e até hoje sinto falta da minha infância, creio que tu também assim o sentes. Carlinhos, assim como as outras crianças, corria em disparada para casa, quando seus pais o chamava. Alguns pais davam uma boa lição nos filhos com a palmatória, outros apenas davam um puxão de orelha. Os pais de Carlinhos eram destes, quando ele entrava em casa, seu pai lhe dava um belo puxão de orelha e para complementar a ação, sua mãe dizia: – Não é pra sair quando estiver chovendo. Queres ficar resfriado? Menino teimoso!
Carlinhos corria pro quarto. Mas o leitor deve imaginar o que Carlinhos fazia quando chovia novamente. Ele tinha 10 anos e adorava correr, era um garoto magro, baixo e muito interativo. Gostava não só de correr, mas também de jogar bola, soltar pipa e brincar de bolinha de gude. Certa vez, Carlinhos estava jogando bolinha de gude com os amigos, Pedro e Bernardo, quando eles resolveram "brincar na vera" e agora aquele que ganhasse a partida, teria o direito de escolher uma bolinha de gude do amigo. – Ei! Vamos jogar apostado? – perguntou Bernardo.
– Quem ganhar, fica com uma das bolinhas de gude dos que perderam! – acrescentou Carlinhos.
Assim eles passaram a brincar. Com o tempo, a mãe de Carlinhos reparou que ele voltava da rua com mais bolinhas do que havia saído. – Oras... Que tantas bolinhas são essas, Carlinhos? – perguntou sua mãe.
Carlinhos ficara nervoso, havia sido questionado e estava despreparado para responder, resolveu inventar uma. – Foi que eu ganhei, mãe. – disse ele.
– Ganhou? De quem? – perguntou sua mãe.
Digo ao leitor que as mães quando se põem a questionar, questionam tão bem que deixam seus filhos, muitas das vezes, sem saída! Carlinhos não soube responder. Mais tarde, sua mãe descobriu tudo e Carlinhos levou uns puxões de orelha do pai. – Ora essa! É pra aprender boas maneiras, não é pra ficar apostando! Isto é feio! – gritava seu pai no pé dos ouvidos de seu filho.
Carlinhos corria pro quarto. Fim de semana chegou, era uma sexta-feira, quando um pé d'água caiu do céu. – Chuva! - gritavam as crianças. Portas se abriam e na rua se via a criançada brincando, sorrindo e se divertindo debaixo da chuva, inclusive o Carlinhos.

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