VINTE E DOIS

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Melissa

Seis dias se passaram desde domingo, nesses dias eu só vi o Fernando algumas vezes de manhã ou na hora do almoço. E nessas vezes em que nos vimos ele se mostrou como se nada tivesse acontecido. Eu como uma boba apaixonada e ainda com esperanças que ele viria conversar comigo, sinto o meu coração se quebrar aos poucos cada vez que o vejo ele me olhar com indiferença. E toda vez eu pensava a mesma coisa, Se desencana garota, que ele não está nem pra você, você não merece passar por isso. Repetia pra mim mesma em pensamento, com vontade de chorar toda vez que o encontrava pela a mansão. Mas sempre eu tentava ser forte.

Na segunda-feira passada a minha mãe tinha ido comigo até a minha escola, e ela não conseguiu descobrir nada sobre o rapaz que tentou me assediar, só descobrimos que ele não é aluno daquela escola e que deve ser algum garoto que vende drogas pela a região. E sobre o meu celular eu não consegui saber realmente o que aconteceu, eu devo ter perdido e a pessoa que encontrou deve ter feito um bom proveito dele. Depois que saí da escola naquele mesmo dia, eu estava tão decidida sobre querer sair da mansão, que eu tive uma conversa com a minha mãe quando cheguei no nosso quarto. Ela como sempre, recusou a minha ajuda mais uma vez, mas eu estava tão decidida e a conveci a aceitar a minha ajuda. Talvez agora poderemos nos mudar no mês que vem se tudo der certo.

Isso me deu um certo alívio, ainda mais depois que percebi no outro dia a indiferença do Fernando quando o vi de manhã com a sua mulher e cunhado na mesa tomando café e conversando entre eles. Me senti uma idiota com o meu coração disparado por ele, e ele lá sentando sem um pingo de carinho quando me olhava. Depois disso eu me convenci de que eu estava certa sobre as minhas decisões, quero ficar longe dele o mais rápido possível.

Nessa semana eu consegui falar com a minha amiga Amanda, ela ligou para o celular da minha mãe preocupada que não conseguia falar comigo e acabamos conversando por quase duas horas seguidas. Eu estava com muita saudades dela e como a minha mãe estava no quarto comigo eu acabei não contando nada sobre as últimas novidades que envolvia Fernando. Mas prometi que iria logo comprar um celular e que iria passar o meu novo número pra ela. Com seu jeito brincalhona e me contando tudo o que andava fazendo, eu esqueci dos meus problemas enquanto falava com ela.

Hoje é sábado, faltando um pouco mais de uma hora para terminar o meu turno. A mansão estava em silêncio total, a minha mãe tinha ido ao supermercado comprar algumas verduras pra repor na geladeira e eu tinha acabado de terminar de passar pano na sala de estar, peguei os produtos de limpeza e segui para a biblioteca. Eu iria só passar um pano no chão e depois iria pra sala de jantar terminar a limpeza. Mas assim que eu cheguei e abri a porta sem imaginar quem eu encontraria, eu levei um susto. Fernando estava sentado na cadeira atrás da escrivaninha mechendo no computador concentrado, enquanto anotava alguma coisa nos papéis espalhados pela a mesa. Mas como fiz barulho ao entrar, ele levantou o seu olhar pra mim e senti as minhas pernas ficando moles, engoli em seco e resolvo falar quase gaguejando.

__ Me desculpe senhor... eu não imaginei que estaria aqui... eu volto outra hora. - Falo me sentindo uma idiota, o que está acontecendo comigo? Me viro para sair, mas antes escuto a sua voz grossa atrás de mim.

__ Espera Melissa. - Paro... Ainda paralisada com a sua voz, sinto os seus passos atrás de mim. Não ouso me virar, sentindo as minhas mãos tremer enquanto aperto o cabo do esfregão e o balde com água, sentindo as minhas bochechas esquentarem. - Olhe pra mim!

Sinto que ele está perto de mim. Isso seria irônico se não fosse trágico, pois isso já me aconteceu justamente aqui nessa biblioteca. Engulo em seco e resolvo me virar lentamente e por fim ergo o meu rosto o olhando nos olhos, ele está à um passo longe de mim. Sinto o meu coração ainda mais acelerado e tenho certeza que ele pode ouvir.

A Filha da EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora