TRINTA E TRÊS

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Melissa

Hoje é véspera de Natal, uma data que eu adoro e acho linda. Tudo é alegre, luzes e cores, famílias reunidas e amigos secretos.

Eu deveria estar me sentindo animada, feliz, fazendo compras com a minha mãe para a ceia de meia noite. Mas estou sentindo tudo dentro de mim, tudo menos alegria. E tudo isso se resume a dois motivos. Uma é que esse será o primeiro Natal sem a minha vózinha.

Minha mãe, minha vó e eu sempre passamos as datas especiais juntas e quase sempre na casa de Amanda ou a família de Amanda na nossa casa. Era sempre alegria, festa, conversas e risadas na casa. E agora, dessa vez por mais que os pais e o irmãozinho da Amanda irão chegar hoje para passar o Natal com gente, eu ainda sinto muita falta da minha vó. Ainda assim a casa parece ficar muito vazia.

Outro motivo da minha tristeza é que já faz nove dias que eu tive a minha última conversa com Fernando. Naquele dia, depois que quase me descontrolei falando tudo o que eu estava sentindo pra ele, vi em seus olhos que Fernando tinha tomado uma decisão. Depois de me ouvir falar, ele simplesmente me pediu para que eu voltasse com ele até o carro e que me levaria de volta pra minha casa, simplesmente assim. Me senti péssima e percebi sem que ele me dissesse uma palavra, Fernando tinha decidido se afastar de vez de mim. Agora é oficial, tudo o que tivemos um dia, se é que foi alguma coisa, estava tudo acabado. Acabei não dizendo mais nada à ele e voltamos até o seu carro, Fernando também não me disse mais nem uma palavra e dirigiu em completo silêncio até a minha casa. Assim que ele parou o carro, eu logo tratei de tirar o cinto de segurança, querendo sair de perto dele o mais rápido possível, antes que eu desabasse de vez na frente dele. Mas assim que abri a porta do carro para sair, eu ouvi Fernando dizer baixinho, um se cuide. Minha garganta se fechou mais ainda pelo o choro que segurava e não olhei pra ele, saí do seu carro sem olhar pra trás pra logo em instantes ouvir o seu carro se afastar. Entrei em casa pior do que já estive em algum dia.

Naquele dia eu só sabia chorar, e ficar quietinha no meu quarto. Amanda fez de tudo pra me distrair e animar, mas não deu muito certo.

No dia seguinte eu soube pela a minha mãe que o Fernando e a mulher dele viajaram, ela disse que eles iriam passar as festas de fim de ano em Curitiba, na casa dos pais da Laura. Minha mãe contava pra mim sem imaginar a dor sufocante instalada no meu peito. Eu não queria sentir nada com essa notícia, mas foi impossível em não ir pro meu quarto mais uma vez e chorar no ombro de Amanda. Bastava os meus olhos se fecharem pra eu ver a imagem dos dois a minha frente, Laura com a barriga já visilvelmte notável, o casal alegre com a chegada do bebê em breve. A família deles comemorando a boa nova, os dois fazendo planos para o futuro. Depois de muito chorar depressiva, Amanda finalmente conseguiu com que eu me acalmasse um pouco, não sei o que faria sem ela aqui.

Mais um dia se passou e minha mãe recebeu a ligação de que os pais de Amanda virão pra cá. Já aproveitariam pra conhecer a nossa casa e passar o Natal com a gente. Apesar da tristeza ser inevitável em nós por motivo que nesse Natal não teríamos a presença da minha vó, percebi que minha mãe se animou um pouco com a notícia da vinda deles. É claro que eu também fico feliz com isso, mas tem tantas coisas na minha cabeça que eu não consigo mais relaxar e me distrair.

Conversei com Felipe dois dias depois da minha formatura. Falei tudo o que ele precisava saber, contei que eu estava grávida e que o bebê é do patrão da minha mãe. Vi mais uma vez decepção em seus olhos, embora ele não me dissesse nada sobre isso. Achei melhor Felipe tirar um tempo pra ele, ele tinha que se afastar um pouco dessa loucura toda e pensar melhor sobre o que ele que fazer pra vida dele. Antes eu estava disposta a tentar alguma coisa com Felipe, eu tinha quase certeza que nos daríamos muito bem juntos. Mas o destino quis que eu engravidasse, abalando até mesmo a minha amizade com ele. Depois que contei tudo, Felipe disse que queria pensar um pouco por uns dias e eu o entendi perfeitamente. E depois daquele dia, ele não me procurou mais, nem uma mensagem ou ligação. Eu não o julgo, Felipe está no seu direito.

A Filha da EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora