A Filha da Empregada

VINTE E TRÊS

Melissa

Olho o Fernando, surpresa pelo o que ele acabou de dizer. É claro que eu não quero nem pensar na possibilidade de ficar grávida, além da ainda eu ser nova, isso realmente se tornaria um caos nas nossas vidas. Mas dizer que uma gravidez seria uma desgraça na sua vida, já é um pouco pesado demais. Se os dois fez sexo sem se prevenir, os dois tem que assumir as consequências, seja qual for o resultado disso tudo. Eu sei que Fernando deve estar me culpando por isso, só pelo o fato de ele ainda estar me olhando como se estivesse me acusando do que aconteceu, apesar de ele já ter pedido desculpa por querer jogar a culpa em cima de mim. Me sinto estranha e sem jeito na frente dele, seu olhar ainda em mim me avaliando e provavelmente pensado na burrada que acabamos de cometer.

O que ele pensa que aconteceu? Que transamos feitos loucos nessa biblioteca e que eu o fiz perder a cabeça por não lembrar de colocar a camisinha? Assim como ele não se lembrou, eu também não me lembrei desse detalhe tão importante. Erros acontecem e o Fernando deve entender que a culpa não é minha por não tomar nenhum método contraceptivo, e além do mais, eu tenho mais riscos pegar uma doença sexualmente transmissível dele por ele ser um homem que faz sexo por aí do que propriamente eu engravidar. Eu que deveria estar puta da vida com esse deslize e não ele. Fico irritada com o seu olhar acusador em mim e em silêncio amarro os meus cabelos e termino de ajeitar o meu vestido, me viro pra ir até o balde e pego os produtos de limpeza. Mas quando vou até a porta ouço a sua voz.

__ Espera, pega aqui o dinheiro...

__ Não precisa! Eu tenho dinheiro e hoje mesmo vou até a farmácia comprar, não se preocupe com isso. Eu vou tomar o mais rápido possível. - Interrompo Fernando, me virando pra olhar ele ainda parado no mesmo lugar.

Sinto um aperto no meu coração, minha garganta se fecha novamente pela a vontade enorme de chorar e esse misto de sensações em um só dia, me fez ver com clareza que estou sendo praticamente um brinquedo pra esse homem. Fernando sabe mexer muito com as minhas emoções e quando estou perto dele, seja passando raiva ou paixão, eu não consigo pensar em tudo com mais clareza. Sei que ele nunca me prometeu nada, mas eu ingênua e burra, me permiti sonhar um dia que ele largaria tudo pra ficar comigo. Como eu deixei isso acontecer comigo? Me iludir dessa maneira. Já critiquei mulheres por se deixar passar por uma situação assim, e agora, estou eu aqui sentindo na pele o que é estar cega e apaixonada por uma pessoa que está claro que só quer viver alguns momentos de prazer. Critiquei até eu passar pela a mesma situação e agora estou pagando com a minha língua.

__ Vamos torcer para que funcione. - Ele diz pegando a sua camisa e começa a vestir.

__ É o que eu mais quero. - Me viro e destranco a porta pra sair sem olhar pra trás.

Vou rápido pra cozinha me tremendo toda, sentindo uma mistura de raiva, decepção e medo. Agradeço a Deus por a minha mãe ainda não ter chegado e olho o relógio na parede, vejo que ainda falta vinte minutos para dar o meu horário. Ainda faltava limpar o chão da sala de jantar e resolvo deixar pra outro dia, que se dane tudo. Não vou conseguir terminar tudo mesmo e os meus pensamentos estão quase me sufocando de tanto penso em tudo. Guardo os produtos de limpeza na lavanderia e vou direto pro quarto tomar um banho, tirar o cheiro e vestígios dele de mim.

Tomo o meu banho demorado e quando estou saindo do banheiro distraída, vejo a minha mãe no quarto me fazendo levar um pequeno susto. Ela me olha e ri.

__ Anda assustada Mel?

__ Eu não ouvi a senhora chegar, tava quietinha aqui no quarto. - Tento um sorriso forçado.