3. San

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"Três"

Isla

Mika e Fumihiro me esperavam prontamente na entrada quando saí do elevador, e seguimos para casa. Akio já havia ido porque estaria me acompanhando no início da manhã de hoje, então havia ido para casa ter as nove horas obrigatórias de folga, por dia. Mika, por ser segurança integral, provavelmente dormiria no carro durante minhas aulas de amanhã.

Era por isso que eu estava indo para casa. Por aqueles homens. Eu já tinha ficado demais, e me sentia meio egoísta por fazer isso.

Fora que era muito estranho que eles soubessem o que eu estava fazendo.

Tomei um banho ao chegar no apartamento, vendo uma de minhas gatas em minha cama e a outra no sofá da sala, dormindo em um cobertor que eu havia deixado ali. Deitei no canto desocupado da cama, me enrolando nas cobertas dentro do possível, então tentando descansar.


É claro que eu tive pesadelos. Nem todos eles são leves o suficiente para valer a descrição. Quem me dera eu pudesse descrever tudo o que eu já havia visto. Ou sonhado.

Acordei sem fôlego, me sentando com velocidade e colocando a mão no coração, sentindo meus dedos tremerem. Minha cabeça foi apoiada no balcão atrás de mim, comigo puxando o ar e começando a contar mentalmente. É só manter a calma.

Para quem havia tido a primeira vez com uma pessoa que nunca mais veria na vida, eu estava ótima. Era meu segundo, mas era a primeira vez que fazia aquilo daquela forma. Não havia pensado nele uma única vez. Na realidade, esperava, quem sabe, que os pesadelos desaparecessem por uma noite, para que eu conseguisse dormir em paz.

Claramente não foi o que aconteceu.

Me levantei da cama lentamente, empurrando as cobertas para o lado e me espreguiçando. Me alonguei antes de sequer sair do lado da cama, então indo tomar um banho.

Cuidei da pele após isso, então indo para meu quarto e entrando no closet, parando em frente às portas agora abertas e já preenchidas com minhas roupas. Cheio era uma expressão muito forte, apesar disso. Quem sabe, se eu ficasse ali por mais do que dois anos, eu conseguisse encher tudo. Enquanto isso não acontecia, passeei os dedos por algumas calças, separando uma segunda pele antes disso. Estava frio na rua, até porque estávamos no inverno. Mas sempre existem macetes para se sair bem mesmo num inverno congelante, é claro. Segunda pele é um deles.

Me encostei no balcão do lado oposto às roupas que eu observava, pensativa sobre a cultura oriental. Eu não queria desrespeitar ninguém, ao mesmo tempo em que tinha muito interesse em ser eu mesma, sem contar que, até onde eu havia notado, as japonesas eram bastante estilosas.

Então, como manter meu estilo, causar uma boa impressão e ainda assim não desrespeitar ninguém? Era meu primeiro dilema do dia.

Meus olhos pararam em um casacão preto que eu havia comprado na Rússia. E um sorriso se formou em meu rosto.

Quando saí de meu quarto para tomar um gole do café que eu havia deixado passando depois de sair do banho, Mika me encarou lentamente, como se tentasse entender quem ele via.

E então sorriu.

— Senti falta da russa em você.

Sorri de volta, tomando o café rapidamente e voltando para meu quarto, pegando uma bolsa de ombro grande e guardando meu notebook em sua capa de segurança. Joguei tudo possível dentro da bolsa e segui para a sala de estar, onde Mika colocava uma escuta.

Segredos Que Nunca Contaríamos (Trem Errado #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora