2. Ni

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"Dois"

Isla

Meu celular já tinha carregado por completo, então coloquei a bateria sobressalente para carregar, indo atrás da internet do apartamento. Até então eu estava na internet de meu celular — um plano internacional bastante caro, por sinal —, mas não custava encontrar aonde estava o roteador.

Quando abri a porta do quarto, quase gritei de susto.

Uma senhora estava fechando a porta de minha nova casa, e também se assustou comigo, colocando a mão no coração.

— Senhora Hattori? — Supus.

Ela sorriu, abaixando a mão do peito.

— Você deve ser a Senhorita Forsyth-Aitken. — Falou, gentil.

Concordei, assustada, colocando a mão no coração. Ela sorriu para mim, doce.

— Sou a governanta. A roupa de cama estava do seu agrado? Comprei com os fios mais parecidos do ocidente.

Sorri para ela.

— Claro que sim, senhora. Não precisava ter se dado o trabalho.

Ela soltou algo como um "precisava sim!" e foi para a cozinha, direto.

— Imagino que não tenha comido nada, ainda. — Falou, séria, do outro lado do balcão embutido na parede, na cozinha, me encarando ainda na porta do quarto.

Neguei.

Ela concordou, se virou e abriu um balcão.

Hatorri era alta, ao contrário do que imaginei considerando os exemplos televisivos que eu tinha de senhoras japonesas. Ela tinha os cabelos grisalhos, isso era um fato. Sua pele era bastante cuidada, e não tinha tantas marcas que informavam sua idade, ao contrário do cabelo.

Fui até a televisão na sala, vendo um aparelho piscando no balcão embaixo dela, vendo ali o nome do wi-fi e sua senha, satisfeita ao conectar tudo em meu celular. Ocidente ou oriente, eles sempre colocam as coisas tecnológicas juntas.

Hatorri não parecia se incomodar comigo não falando nada, então apenas peguei algumas roupas e fui tomar um banho. Quando saí do banho, o cabelo molhado e com o celular na mão, ela fez um tsc com a boca.

— Nunca te ensinaram que faz mal grudar no celular? — Franzi o cenho. Ela apontou para a cabeça. — Faz mal para sua concentração.

Considerei, então tendo que concordar. Tinha alguns estudos sobre, não?

Ela sorriu ao apontar para o balcão da cozinha, onde tinha um lugar feito — apoio para prato, um prato de comida, e talheres (me chamou bastante atenção porque eu já esperava pela humilhação que teria ao usar os palitinhos típicos). Também tinha uma xícara e um copo de suco de maçã.

— Fiz seu café da manhã. — Falou, gentil. Fui até o balcão, me sentando meio dura, porque ela conhecia minha casa melhor que eu, mas não pareceu notar meu incomodo. — Pensei em fazer algo mais sofisticado, mas acho melhor começarmos por algo que você deve conhecer. Omeletes. — Encarei o que definitivamente não era a omelete que eu conhecia. — Omeletes japonesas. — Acrescentou ao ver meu olhar.

— Ah. — Concordei, analisando o prato. A omelete estava cortada, então eu não ia precisar da faca. Coloquei o primeiro pedaço na boca, mas ela me deu uma olhada séria.

— Primeiro o chá, não?

Aquilo me surpreendeu.

— Chá? No café da manhã?

Segredos Que Nunca Contaríamos (Trem Errado #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora