O SENTIMENTO DE UM TRABALHO realizado com sucesso tomava conta do coração de Margot Hargreeves quando regressou para casa. Havia garantido mais alguns milhões de dólares em sua conta bancária após recuperar um artefato Maia que havia sido roubado por traficantes de arte, não que ela fosse muito diferente deles, afinal topava como serviço aquilo que lhe pagasse mais. Entretanto, pelo menos dessa vez, o tesouro não foi parar em mãos erradas ou de algum bilionário apreciador de coisas bizarras, mas do próprio povo Colombiano.
Furtivamente Maggy, como prefere ser chamada pelo íntimos, ingressou em sua mansão torcendo para que a filha adotiva, Octávia, estivesse dormindo. Não pretendia escutar o sermão em espanhol de uma adolescente de treze anos por não ter dado notícias durante oito dias consecutivos, deixando a menina aos cuidados de um tio dão desajuizado quanto a mãe. Pelo menos com Diego ela sabia que a filha estava em segurança, a menos que ele tivesse sido preso ou levado a sobrinha para alguma missão.
— Es tarde! — Vestindo um pijama peludo de bolinhas, Octávia apareceu abruptamente no final da escada, surpreendendo Maggy que deu um pequeno sobressalto com o susto levando a mão no coração. — Debería estar aquí para cenar.
— Hola mi amor! — Margot aproximou da filha dando o seu melhor sorriso cínico e lhe beijou a têmpora, deveria ter previsto que a garotinha estava a esperando acordada e em casa desde a última ligação. — Como foi com seu tio Diego? Altas aventuras?
— Não mude de assunto, mamãe — Ordenou Via seguindo Margot pelos corredores — Você desapareceu após dizer que estava trocando tiros com mafiosos, por OITO DIAS. Estávamos quase indo atrás de você.
— Não tinha telefone onde eu estava — Maggy deu com os ombros — Sabia que estava em uma selva? No meio do nada? Igual o Indiana Jones?
— Você sempre está no meio do nada igual o Indiana Jones — Repreendeu Octávia revirando os olhos frustrada — Onde está o rádio via satélite que lhe dei? Sabe quanto tempo demorei para convencer o Pogo a liberar uma frequência pra mim?
— Por causa dessas coisas que seu "avô" fica me pedindo favor o tempo inteiro — Reclamou Margot retirando a roupa suja assim que ingressou no quarto — Sabe quantas relíquias tive que pegar para ele desde que comecei meus negócios?
— Você me adotou com um propósito, mãe. Para conseguir esse propósito preciso de tecnologia e a única pessoa que pode me oferecer as melhores é o Sir. Reginald — Octávia acompanhava a mãe pelo quarto, seguindo até o banheiro sem parar de reclamar. Pelo menos, para a felicidade de Margot, ela não estava falando em castelhano.
— Sir Reginald? Velho ingrato. Sou uma das poucas filhas que ainda mantém contato com ele, a negócios é claro, e ele não permite que você o chame de vovô — Reclamou Maggy verdadeiramente indignada com o fato.
Mesmo que a maioria das pessoas acreditassem que ela tivesse adotado Octávia apenas como um tipo de escrava para ajudá-la com os negócios, seguindo dessa forma os passos do pai quando o excêntrico milionário adotou sete crianças extraordinárias e uma nem tanto. Não era de fato verdade. A garota a ajudava nas missões criando apetrechos tecnológicos e invadindo estações de segurança, mas isso era apenas unir o útil ao agradável.
Após ter fugido de casa, Margot viajou pelo mundo em busca de novos desafios, havia roubado alguns mapas de seu pai e prometido a si mesma conquistar todos os artefatos antes que outra pessoa fizesse, isso deu início a sua carreira como historiadora e arqueóloga. Chegou a frequentar faculdade e fazer mestrado, tendo conquistado tudo com muito esforço. Foi durante uma de suas viagens pelo mundo que conheceu Octávia, a garotinha que na época possuía só nove anos, vivia em um orfanato desde o seu nascimento. O local onde Maggy estava hospedada a trabalho ficava próximo ao orfanato de Via e da janela de seu quarto ela costumava assistir a garotinha brincar no jardim desmontando cacarecos como rádios e outros aparelhos eletrônicos, sozinha, como se não pertencesse ali. Aquilo chamou a atenção de Margot, pois nos gestos daquela órfã era visível o seu interesse em aprender e a curiosidade, coisas que se bem trabalhadas transformariam aquela garotinha em um pequeno prodígio da ciência e tecnologia. Interessada em saber mais sobre a pequena criaturinha, Maggy resolveu visitar o orfanato, primeiro fazendo uma visita geral para checar o ambiente e utilizando de seus poderes fitocineticos para entreter as crianças, transformando feijões em flores e fazendo árvores frutificarem com as mais saborosas frutas. Octávia rapidamente ficou interessada em saber mais sobre Maggy, principalmente por ter lido algumas histórias em quadrinhos que havia achado na biblioteca do orfanato e narravam a vida dos membros da Umbrella Academy. Não tardou para que ambas ficassem amigas e se encantassem uma pela outra, como se a muito tempo se conhecessem, criando uma forte ligação e confiança. Rapidamente Margot lidou com a papelada da adoção e em questão de algumas semanas Octávia estava morando com ela na mansão. Durante dois anos Margot absteve dos seus negócios como caçadora de tesouros para dar atenção para a filha adotiva e ensinar o máximo que podia de defesa pessoal, chegando a pedir ajuda ao seu irmão favorito e também ao Pogo, pois precisava de algumas atividades como as que o pai passava para ela e os irmãos treinarem na infância. Nesse tempo aproveitou para melhorar a floricultura que já usava como fachada para lavar o dinheiro que conseguia com seu outro negócio. Quando Octávia já estava bem treinada e havia aprendido alguns truques úteis com Pogo e Sir. Reginald sobre tecnologia, Maggy voltou a trabalhar fielmente em seus negócios, deixando a garotinha aos cuidados de Diego quando saía viajar. As vezes com Grace, a robô que era o mais próximo de uma figura materna que possuía, quando o irmão não estava em condições de ficar com a sobrinha.
— Não gosto de chama-lo de Vovô, de qualquer modo — Disse Octávia dando com os ombros — É mais fácil chamar o Pogo de vovô, do que o Sir Reginald Hargreeves.
— Sinceramente? É mais fácil eu chamar o Pogo de pai do que o velho — Maggy riu sem humor ao entrar na banheira cheia de espuma e previamente preparada pela filha. — O macaco foi mais nosso pai do que o grande Sir Reginald Hargreeves. — A mulher pegou o controle remoto que ficava guardado no canto secreto perto da banheira e ligou a Televisão do banheiro onde as notícias rolavam — Falando no diabo.
— Mamãe, aumenta o volume — Ordenou Octávia trocando olhares preocupados com a mãe.
A notícia do jornal não era das melhores, como ambas haviam suspeitado devido ao horário que estava passando. Mesmo assim não deixaram de sentir o impacto. O excêntrico bilionário Reginald Hargreeves, fundador da Umbrella Academy, responsável por causar trauma em oito crianças com poderes que nasceram no mesmo dia, estava morto.
— Merda! Merda! — Reclamou Maggy saindo da banheira e se enrolando na toalha — Sabe o que isso significa, não sabe?
— Que não vou mais poder pedir favores a ele? — Perguntou Octávia seguindo a mãe para fora do banheiro.
— Não querida, reunião familiar — Respondeu Maggy fazendo caretas. — E quando os Hargreeves estão juntos, pode saber que vem merda na certa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐔𝐍𝐒𝐓𝐎𝐏𝐏𝐀𝐁𝐋𝐄 • 𝒯𝒽𝑒 𝒰𝓂𝒷𝓇𝑒𝓁𝓁𝒶 𝒜𝒸𝒶𝒹𝑒𝓂𝓎
FanfictionDurante muitos anos Margot Hargreeves fora conhecida como Número Oito, sendo uma das crianças com superpoderes adotadas pelo excêntrico milionário aventureiro Sir Reginald Hargreeves. Ao lado dos seus irmãos adotivos ela passou sua vida combatendo o...