Primeiro dia oficialmente fechado.
- Graças aos deuses! - Samantha diz pegando sua mochila e colocando nas costas. - Eu não aguentava mais um minuto da aula do professor de filosofia.
Ela caminha até a porta do meu lado.
- A ele até que é legal, mesmo que pareça um pouco drogado. - Digo rindo.
- Ainda bem que acabou, já tava cansada de ouvir tanta coisa, seis aulas muito longas. - Ela diz se espreguiçando.
- Pelo menos algumas aulas valeram a pena assistir. - Digo caminhando calmamente até a saída daquele lugar.
Foram as seis aulas mais cansativas que eu já tive, o bom foi conhecer professores legais como o professor de português mais viajado que eu ja conheci Sebastian, um professor meio maluco das ideias que já viajou o mundo todo, do Egito a Argentina, que tem histórias muito interessantes, a qual eu e Sam passamos a aula ouvindo e rindo.
O professor Sebastian tinha uma personalidade forte para um professor de português, ele parecia mais um velho sábio que iria me dar lições de vida muito significativas, como o Yoda, so que com 1,84 de altura e mais cabeludo.
- É, mas sinto que você não gostou nada do professor de história. - Ela diz rindo alto, me fazendo fechar a cara.
Existem formas muito simples de pegar ranço de um professor, as mais conhecidas são:
A) Ele(a) chamar a sua atenção sem você ter feito nada.
B) Ele(a) te usar de exemplo para a turma ficar quieta.
C) Ele(a) implicar com você por não ir com a sua cara.
Mas no meu caso foi algo que eu sinceramente não pensei que aconteceria.
- É claro que eu odiei ele, ele jogou a porcaria do pincel dele na minha cabeça! - Digo irritada colocando a mão na minha testa, onde o pincel acertou.
Sam gargalha alto chamando a atenção de todos para a gente, ótimo, agora eu sou a garota de cabelo esquisito que anda com uma hiena.
- Não é engraçado Samantha. - Digo séria, tentando segurar o riso.
A verdade é que eu tinha gostado do professor de história, ele tinha um ar legal de pessoa zoeira e divertida, mas o pincel doeu.
Joe é do tipo de professor que você gosta mas implica, porque é divertido, mesmo que ele tenha cara de quem acha divertido ferrar com alunos.
Samantha e eu caminhamos até a saída do colégio, lugar cheio de adolescentes lotados de espinhas e falta de desodorante as 17h30m, em um calor de 37ºC, isso é comum, eu sei, mas ainda não me acostumei com isso.
Me despedi de Samantha e segui sozinha até minha casa, os 10 minutos que eu preferi transformar em 30.
Minha mãe, Alice, é uma mulher legal, 37 anos, me criou sozinha depois que literalmente meu pai saiu pra comprar cigarros e resolveu se alistar em outra cidade.
Sim, minha mãe tem dedo podre para homens, coisa que resultou em mim, filha dela com seu antigo esposo, e em minha irmã, Sophia, filha dela com o atual.
Olha eu sinceramente, nunca tive nada contra meu padrasto, Carl, até gosto da família dele, que me acolheu desde que me conheço por gente, mas esse cara, é um tremendo arrombado.
Ele não é flor que se cheire, já foi preso duas vezes desde que casou com minha mãe e em todos esses 15 anos, ele nunca respeitou ela, sempre brigou com ela de forma grosseira, quando fica bêbado quebra as coisas as coisas, fala que ela pode ir embora, que a casa é dele, que ela nunca vai ter nada, coisas de um típico tóxico que vemos se fuder em novelas e em séries.
Eu sei o que estão pensando.
"- Mas por que ela não vai embora? Nenhuma mulher merece viver isso.
A resposta é simples: Sophia e eu.
Minha mãe não tem pra onde ir, e não tem nada, depois de 15 anos sofrendo constantemente com o ciúmes e a bebedeira de Carl, engravidando de mim muito nova, ela perdeu seus estudos, perdeu chances de arrumar um bom emprego, e, além de tudo isso, trabalha com ele, no emprego dele, sendo escravizada por ele.
Bem, tudo isso sempre me faz demorar mais que o normal pra chegar em casa, pensar em todas as coisas que esse monstro faz com ela e comigo me deixam triste, fingir que estou bem depois da morte de Mary me deixa sobrecarregada, seguir em frente depois daquilo é difícil, mas eu não pensei que seria tanto.
Ao chegar no portão de casa eu me recosto nele, respiro fundo por um tempo e faço a cara do meu maior teatro, a face de alguém feliz.
- Mãe, cheguei. - Anúncio minha chegada entrando na cozinha, sendo recebida pelo olhar indiferente de Sophia. - Oi pra você também.
Ela me dá um "oi" se o e volta a mexer no celular, pra uma garota de 12 anos ela consegue me irritar mais que o normal.
Ao chegar na cozinha para pegar água sou recebida pela minha mãe nervosa, caminhando até mim com um olhar de preocupação.
- Você tem visita Lilah.
Esse dia acaba de ficar pior.
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Vidas Cruzadas
Teen FictionNovos recomeços são impossíveis, a menos que alguém lhe dê um empurrãozinho. Delilah Morgan, uma garota com sérios problemas de controle e sede por finalmente se conhecer, a três anos em luto pela suicídio de Mary Sanders, sua melhor amiga de infân...