- Tem certeza que não vai conseguir vir Lilah? - Mary pergunta com um certo tom de tristeza.
Sinto um aperto no meu peito apenas de ouvir sua voz assim, me sinto culpada, mas não posso faltar a mais um compromisso de família.
- Me desculpa Mary, mas minha mãe tá no meu pé pra ir nesse churrasco a uma semana. - Digo me olhando no espelho e terminando de me arrumar.
Por um momento a linha fica muda, sinto a respiração de Mary fraca do outro lado.
- Mary não chora, por favor... - Digo séria.
- E-eu não tô chorando... - Ela diz com sua doce e suave voz de choro.
Solto um sorriso e penso o quão Mary é bobinha e fofa sem nem notar.
- Eu sei que você tá chorando boba, eu prometo que depois que tudo acabar eu vou aí tá? Promete que vai ficar bem? - Pergunto de forma calma.
...
- Eu prometo...
Se eu soubesse que aquela seria a última vez que eu ouviria sua voz Mary... Nunca teria desligado.
Horas mais tarde....
Sigo tranquilamente pelas ruas calmas do condomínio onde Mary mora com sua família até notar a movimentação estranha perto de sua casa, sinto um aperto no peito assim que vejo o carro da polícia passar por mim seguido por uma ambulância.
O som da cirene ecoa por meus ouvidos e só uma palavra vem a minha mente.
Mary.
Corro de forma desesperada até sua casa, empurrando a multidão de curiosos que se forma cada vez mais, murmurando sobre o que poderia ter ocorrido na casa.
Após muita luta eu chego até a porta da casa mais rápido que a própria polícia, o desespero me cega ao ver Helena e Sônia, mãe de Mary, chorando na entrada do corredor dos quartos.
Assim que Sônia me vê, ela entra em desespero, mas o desespero me cega de tal maneira que tudo que ela fala tentando me alertar é abafado por um zumbido forte que me leva ao corredor, mas não consigo dar mais nenhum passo ao olhar a porta semi aberta do quarto de Mary.
Aquela cena...
Eu não consigo pensar em mais nada que correr até Mary, mas antes que eu possa ao menos tentar, sinto meus corpo sendo erguido pelo irmão mais velho de Mary e Helena, que me segura firme enquanto luto para chegar até Mary jogada no chão de seu quarto, com sangue saindo de sua cabeça.
Grito seu nome na tentativa de ver seus belos olhos se abrindo mais uma vez e em meio às lágrimas torcendo pelo melhor, minhas esperanças morrem ao ver os paramédicos cobrindo seu corpo com uma lona preta.
Minha luta nos braços de seu irmão acabam assim que percebo que é o fim.
Meu corpo estático e congelado nos braços de James abafam os gritos de Sônia que luta com os policiais para dar um último abraço em sua menininha, o choro desesperado de Helena que sente a dor de perder a irmã, e as palavras de apoio que James diz a mim e a sua irmã enquanto molha o tecido de minha camiseta.
Na minha cabeça só passava uma coisa, uma promessa, uma única promessa quebrada...
Eu sempre te amarei...
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Vidas Cruzadas
Teen FictionNovos recomeços são impossíveis, a menos que alguém lhe dê um empurrãozinho. Delilah Morgan, uma garota com sérios problemas de controle e sede por finalmente se conhecer, a três anos em luto pela suicídio de Mary Sanders, sua melhor amiga de infân...