first and last.

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amor para mim sempre
foi algo impossível
inalcançável
mas provavelmente
você não sabe disso
te disse uma vez enquanto
estávamos chapados após
o sexo sujo que era costume para
nossos ── seu ── corpos
sei que você não me ouvia
que não queria
que não se importava

a gente nunca fez amor
só trepava
era intenso
forte
fundo
os vizinhos reclamavam
diziam por ai que eu gemia
como um cadela
mas não me importava
chegava a dar de ombros
porque era verdade
jeongguk
você me fazia gemer
como uma cadela

batia
lambia
chupava
gozava
mordia
maltratava
toda a minha pele

a gente nunca fez amor
o problema é que me lembro

dos nossos cigarros
das danças e das risadas que
compartilhamos
me lembro de cada sensação
e de cada pinta em seu corpo

lembro do seu gosto
escorrendo em minha boca
sua voz chamando por meu nome
pedindo por mais
mais
mais e mais de mim
até restar nada

sugando minhas poucas energias
as poucas que fazia eu me levantar
da cama nos dias nublados
mas você não se importava
não permanecia ao meu lado

toda manhã o quarto vazio
gritava em silêncio
sem você

não me importava em ser
sugado, em ser usado
porque amor pra mim era impossível
amor nunca existiu
ajoelhava como um cachorrinho
sedento por você
você mandava, eu fazia

seu corpo era templo
me fazia ajoelhar
orar seria pecado
te fazia gozar
gritar
foder a minha boca

sujo
essa era a palavra que cabia
no nós que nunca existiu
no nós que o amor passou reto e viu
que o destino tinha errado em nos
colocar na frente um do outro

jeongguk
o problema é que lembro
da sua risada ao assistir vídeos
na madrugada silenciosa
lembro de você me elogiando
lembro de que você é especialista
em vinho
"está um pouco muito doce"
você dizia
sequer fazia sentido
mas eu concordava

o problema é que me
lembro de você
do seu abraço
e do seu cheiro impregnado
nas minhas roupas
nos meus lençóis
em mim

dentro de mim
dentro dos meus órgãos

a gente nunca fez amor

e o problema, jeongguk
é que me lembro exatamente
do momento em que você não voltou

que seu cigarro foi apagado para sempre
que meus gemidos foram calados
por suas próprias mãos ── talvez
a música cessou
o salão se apagou

fiquei sozinho
te disse que o amor nunca foi para mim
nunca fui digno de algo tão puro

você deixou claro quando foi
embora e mostrou que eu não servia
para nada além do sexo imoral
que tínhamos toda semana

amor nunca foi me dado e
quando a porta bateu com força
soube que não voltaria
tudo ardeu
foi pior que ralar o joelho
não tinha remédio pra aquela dor
nem lenço para as lágrimas
sangrei
chorei
gritei
morri diversas vezes

senti tanto sua falta
ainda sinto
não posso mentir
sou sujo
mas não mentiroso

dancei sozinho por dias
bebi
fumei
e gozei
sozinho
também chorei muito
chorava quando percebia
que meus dedos não eram
tão bons quanto você
chorava quando percebia
toda noite que você não iria
aparecer para me fazer rir

dancei com a solidão
com a ansiedade
com a depressão
o corpo delas nunca foi
e nunca será tão quente
quanto o seu era

quente e fazia
eu me sentir como digno de algo
puro como o amor

era mentira

e o problema é que me lembro
da mentira
me lembro das poesias bobas
e apenas mentais que criei pra você
para o seu sorriso quebrado
para sua ansiedade
me tornei poeta por você

lembro que pintei estrelas
em sua pele quando
você chorou dizendo que
elas estavam longe demais
bêbado e manhoso
cuidei de você
beijei e fiz cafuné

os dias passaram
com a dor instalada
dentro de mim
com as nossas músicas
sempre tão melancólicas
com o espaço vazio na minha cama

notei que
lembrei que

você nunca fez amor comigo.

── park jimin.

eu me lembro || jikook || oneshotOnde histórias criam vida. Descubra agora