Ten

591 52 73
                                    

Poin't View Anna Julia

Eu estava sentada á mesa com o notebook na minha frente e na tela havia a imagem de Esther dormindo, fazia uma hora mais ou menos que ela tinha adormecido e não sei por que eu ficava ali zelando pelo seu sono, aconteceu a mesma coisa quando ela estava sedada, eu não conseguia deixa de olhá- la a todo instante. Pude ouvir passos vindo das escadas e era Vanessa, tratei de fechar o notebook, ela já tinha me questionado bastante sobre minha preocupação com Esther, eu respondi que era porque não confiava nela, e ela não continuou com o assunto mas eu sei que ela não acreditou e olha que eu sou muito boa mentindo.

-Temos que fazer isso está noite - falei assim que ela chegou perto de mim.

- Tem mesmo? - Vanessa rebateu, já estava com a roupa de dormi.

-Precisamos saber se ela é de confiança, não posso arriscar tudo por uma decisão precipitada - eu estava aflita, a duvida de que Esther ainda estava trabalhando para Javier ou para a policia me matava.

-Se não confia nela, por que trouxe ela pra cá? - Vanessa se sentou em uma das cadeiras, de frente para mim.

-Mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda - eu falei e ela apenas abaixou a cabeça e riu - Manu preparou tudo no galpão, vai ser só uma encenação, vocês vão fingir que morreram e pronto.

-Tudo bem - ela se levantou - mas ainda não concordo com isso.

-Por que? - ela parou antes de subir mais um degrau e se virou para mim.

-Confiança se adquire - ela voltou a subir as escadas, ela tinha bons argumentos, mas eu precisava provar para mim mesmo que aceitei Esther por ela ser um diferencial para o grupo e não por ter encontrado a garota por quem eu era apaixonada no colegial.

-Fala pra todo mundo ficar pronto em 15 minutos - gritei para ela que apenas acenou com a mão, informando que entendeu.

Fui andando por aquele corredor que se tornou imenso para mim, parecia que nunca tinha fim, coisas vinham em minha cabeça, lembranças da escola, meus amigos, as pessoas do orfanato, irmã Sonia que cuidou de mim e aquele homem que me ensinou muita coisa, então parei no meio do corredor e as lembranças dos dias de escola invadiram meus pensamentos.

Flashback on.

- Olha aquela ali, ela é meio nerdzinha, tem até peitinhos bonitinhos. Eu pegava fácil. O Que você acha Oliveira? - Rod falava sem pudores das garotas, eu só andava com ele poque ele sempre me arrumava uns trabalhos bons, quando me virei para ver de quem ele estava falando, eu á vi, com aquele sorriso lindo e aqueles cabelos castanhos escuro. Eu era dois anos mais velha, mas a primeira vez que a vi, na verdade a primeira vez que ela esbarrou em mim no corredor, eu acho que me apaixonei. Rodrigo era babaca demais, ainda mais pro tratar uma garota assim. Eu era lésbica e não escondia isso de ninguém, já fiquei com lideres de torcida, nerds, rockeiras, cristãs, e a maioria estava experimentando pela primeira vez e a minha principal arma era minha descrição e meu senso de humor meio babaca. Rod me cutucou mais uma vez para que eu pudesse responder a pergunta idiota dele.

-É - foi o que limitei a falar, não queria demonstrar nada, toda vez que demonstrava que gostava de uma garota, ela pisava no meu coração, mesmo quando eu demonstrava apenas para terceiros, isso chegava nos ouvidos delas de alguma maneira e elas pisavam em mim, mas era como vidro, se derrubar quebra, se pisar corta, uma hora ou outra todas se arrependeriam, era só ser paciente e eu sabia muito bem ser paciente.

-Ah, vai dizer que você não pensou em pegar nos peitos dela - ele ria e eu continuava séria, como eu queria quebrar a cara dele.

-Não - falei séria, mas sim eu já tinha imaginado ela de muitos jeitos,meio pervertido, mas era só na minha imaginação que eu teria ela pra mim.

The MissionOnde histórias criam vida. Descubra agora