Forty Six

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Eu entrei no quarto e ela estava sentada na cama com um semblante confuso, assim que eu entrei no quarto, ela me olhou e eu fiz um sinal para Frida parar de miar.

- Por que ela está miando? - Ela perguntou com uma voz embargada e sonolenta.

- Eu pedi para ela ficar de olho em você. Frida pra fora! - Eu ordenei e ela prontamente saiu do quarto. Caminhei até a cama e me sentei na sua frente. - O que você fez para ela começar a miar?

- Eu tentei levantar. - Eu ri.

- Ela pode ser muito protetora às vezes. - Sorri de leve e um silêncio se instalou no quarto. - Anna... eu vou ligar para a doutora Eloisa. - Eu ia levantar para pegar o celular, mas ela me segurou pelo braço.

- Não, eu estou bem. - Senti meu coração doer, porque eu sabia que ela não estava nada bem.

- Anna. - Eu peguei seu rosto entre as mãos para que ela olhasse para mim. - Você não está bem. Você se lembra do que aconteceu ontem à noite? - Meus olhos marejaram.

- Eu... eu... eu só estava confusa. - Ela desviou o olhar.

- Você sabe que não foi apenas isso. - Me levantei da cama e fui até o criado mudo, abrindo a gaveta e pegando os papelotes de cocaína. - Tem as drogas, as bebidas e muitas outras coisas.

- Desde que você se mudou pra cá, eu quase não uso drogas e nem bebo. - Ela me abraçou. - Você é a cura para todos os meus males, eu só preciso de você e de mais ninguém. - Aquilo fez meu coração bater a mil por hora, eu esperei tanto tempo para ouvir ela falar assim novamente. - Eu te amo, Esther. Volta pra mim? - Ela me apertava contra seu corpo. Eu queria dizer que iria voltar para ela, que sempre a amei e que nunca deixarei de amar. Ela me olhou nos olhos e o brilho que ela tinha não era o mesmo de antes, era como se fosse fosco, aquilo me fez lembrar que aquelas palavras eram para mascarar que ela iria se apoiar em mim e quando nós brigássemos de novo, tudo iria voltar à tona.

- O que eu mais quero nessa vida é ficar com você. - Falei sincera segurando o seu rosto e vi um sorriso brotas em seus lábios. - Mas eu não posso...

- Por quê? - Ela me interrompeu.

- Porque hoje você não é a metade da mulher que você era quando eu me apaixonei por você. - Seus olhos marejaram. - Você está tentando se apoiar emocionalmente mim e quando a gente se desentender, tudo vai voltar à tona, porque você vai ficar desmotivada emocionalmente. - Senti as lágrimas caírem. - Eu não posso e nem consigo passar por aquilo de novo. Ver você apontando uma arma para a própria cabeça, aquilo me quebrou muito mais do que te ver na cama com outra mulher, saber que aquela Anna Julia inteligente, engraçada e bonita não estava mais ali. - As lágrimas caíam por seu rosto também. - Passei a noite em claro pensando naquele momento. Se eu demorasse mais um segundo você estaria morta. Você já pensou como eu iria me sentir? - Comecei a sentir raiva dela, mesmo sabendo que ela não fez por mal, mas era algo que eu não podia controlar. - Você parou para pensar como os seus amigos iriam se sentir? E se você morresse? Como eu iria ficar com você? Nossos planos? Nossos filhos? E as crianças? Você é tudo pra mim, Anna. - Sentia as lágrimas caírem no meu rosto e Anna me abraçar mais forte a cada vez que eu tentava me soltar. - Eu me culpei e me culpo, porque se eu...

- Shhhhh. - Ela me impediu de continuar. - Eu sinto muito, amor. - Ela falou também chorando. - Não foi sua culpa, eu sou problemática desde sempre. - Eu chorava histericamente, enquanto ela afagava meus cabelos. - Eu vou me esforçar para melhorar, eu te prometo. - Ela me arrastou para a cama e ficamos deitadas abraçadas. - Volta pra mim? - Ela perguntou de novo, enquanto estávamos deitadas trocando pequenas caricias. Apoiei meu cotovelo direito na cama e me levantei um pouco para olhá-la.

The MissionOnde histórias criam vida. Descubra agora