Nineteen

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Poin't View Anna Julia.

Eu estava saindo pela porta do restaurante e eu queria muito olhar para trás, mas não iria, eu não podia. Merda, eu estava olhando para trás e ela estava com um sorriso tímido para ele, caminhei pela saída do hotel, não queria ir para o quarto. Um dos funcionários perguntou se eu queria meu carro, mas eu disse que iria para uma praça perto dali. Fui caminhando pela rua e me lembrei de quando nossos olhares se encontraram no quarto e por um segundo senti um sorriso involuntário surgir em meus lábios. Você nunca vai tê-la da forma que você quer, Anna Julia, por que você não percebe isso? Vai ser mais fácil para você e para ela, é o melhor. Fiquei sentada na praça por alguns minutos, quando ouvi passos e alguém sentou ao meu lado no banco, nem me dei ao trabalho de olhar para ver quem era, permaneci na mesma posição.

- Posso me sentar aqui? - A pessoa perguntou, mas eu conhecia aquela voz, me virei para vê-la e era realmente ela.

- Claro. - Eu disse e ela se aproximou de mim. Ela estava sem casaco, acho que ela não imaginou que sairia de dentro do hotel. - Você quer minha jaqueta? - Ela me olhou e sorriu.

- Não precisa. - Ela agarrou meu braço de maneira gentil e deitou a cabeça no meu ombro. - Anna, eu posso te perguntar uma coisa?

- Vão ser duas. - Nós rimos. - Mas pode. - Apoiei minha cabeça em cima da dela.

- De onde nos conhecemos? - Ela agora brincava com meus dedos.

- Isso não vai mudar nada em sua vida. - Levantei minha cabeça e fiquei olhando nosso reflexo na vitrine de uma loja e ela parecia fazer o mesmo.

- Como pode dizer isso? - Ela dizia de maneira doce e ainda brincava com os meus dedos.

- Se você não lembra, é porque não fez diferença para você. - Ela levantou a cabeça do meu ombro e me olhou, foi aí que eu deixei escapar um sorriso, lembrando de como aconteceu. - Era o primeiro dia de aula, eu estava no segundo ano, na noite anterior eu trabalhei no Juan's, um restaurante mexicano do bairro, eu peguei o turno da noite, então cheguei em casa bem tarde, por causa disso acabei chegando atrasada na escola. Foi no corredor que você esbarrou em mim, uma caloura, que vestia uma blusa branca com detalhes e uma saia preta rodada, usava óculos e estava mais perdida do que cedo em tiroteio. Você derrubou meus livros e trocamos algumas palavras naquele disse. "Sou Anna Julia Oliveira", eu disse e você sorriu meio tímida e estendeu a mão, "Prazer, sou Esther Zanin ". " Seus olhos são lindos, preciso ir", eu sorri e você voltou a correr, porque percebeu que estava atrasada. - Eu não conseguia parar de olhar para frente, eu não podia olhá-la agora.3

- Esses olhos. - Ela deu uma pausa e apoiou a cabeça no meu ombro novamente. - Eu sempre soube que já tinha os visto. - Pelo reflexo do vidro eu notei que ela sorria. - Me desculpe Anna, eu sou...

- Não, Esther. - Eu a interrompi. - Você não precisa se desculpar, já faz muito tempo, naquele dia eu só falei isso para te provocar.

- Você lembra de tudo, até o que eu estava vestindo no dia. - Virei meu rosto para o lado, porque ela me encarou pelo reflexo. Eu acho que falei demais.

- Eu tenho uma boa memória. - Voltei a olhar para o nosso reflexo. Ficamos em silêncio por um tempo, ela ainda estava abraçada ao meu braço e brincava com meus dedos. Ela bocejou, sabia que ela ia dormir ali e eu teria que carregá-la. - Esther, vamos subir, você parece cansada. - Ela levantou a cabeça sorrindo e eu levantei do banco rindo e estendendo a mão para que ela pegasse e assim ela fez, ela abraçou meu braço novamente e fomos andando assim até o hotel. Íamos passando pelo hall do hotel, quando ouço alguém gritar.

- MEU DEUS! - Aquela voz era de Vanessa, ela se aproximou de nós e Esther largou meu braço. - Não precisa ficar com vergonhar não, Esther. - Ela começou a rir, parecia estar bêbada, revirei os olhos.

- O que eu falei sobre exagerar, Vanessa? - Ela parrou o braço pelo meu ombro e se apoiou.

- Eu bebi só um pouquinho. - Vi os outros se aproximando, rindo que nem umas hienas, também estavam bêbados.

- Anna, você pode ficar com o quarto todo para você está noite, pegamos quartos separados. - Emily dizia rindo de um jeito safado, ela estava acompanhada de uma garota mais alta que ela e de olhos um tanto puxados, deve ser alguma garota que ela conheceu na boate, não falei nada apenas ri e assenti, Esther fez o mesmo. Sabia que teria que levar Vanessa para o quarto, Esther me ajudou a levá-la para o elevador.

- Anna, sabia que eu te amo? - Vanessa repetia diversas vezes, o que fazia Esther e eu rimos. - Esther. - Ela se virou para Esther agora. - Anna vale ouro, muitas garotas se matariam para namorar com ela.

- Hum, tá bom! - Esther falou meio sem entender, eu queria dar um soco na Vanessa, mas dei uma risada para disfarçar.

- Ela está muito bêbada. - Chegamos ao último andar e fomos carregando-a até o banheiro. - Vanessa, você precisa tomar um banho. - Ela apenas balançava a cabeça de maneira negativa. - Liga o chuveiro.

- Você vai dar banho nela? - Perguntou.

- Nós vamos!

Demos banho em Vanessa e saímos de lá completamente molhadas, colocamos ela em um dos quartos. Esther estava morrendo de rir com aquilo, eu pensei que ela ia pirar, mas ela estava se divertido. Fui até a minha mala e peguei uma roupa confortável, ai entrar no banheiro, mas ela correu e entrou na minha frente, ela nem se preocupou em fechar a porta por completo, pela pequena abertura eu pude ver bem rápido ela apenas de roupa íntima, por mais que meus instintos gritassem para eu continuar olhando, eu sai, tive medo de não conseguir me controlar. Passei minutos pensando naquele corpo mais do que perfeito e nem notei quando ela se aproximou de mim.

- ANNA JULIA - Ela gritou. - Estou te chamando a um tempão. - Quando eu olhei a roupa que ela estava vestida quase engasguei com a minha própria saliva. Era quase um pecado, uma blusa branca colada no corpo e um micro short. - Pode ir tomar banho. - Eu apenas assenti e fui para o banheiro, não demorei muito. Quando sai Esther estava sentada da cama e parecia tentar solucionar um grande problema.

- O que foi? - Ela se virou para mim.

- Você vai dormir comigo? - Ela ficou me olhando.

- Eu durmo no sofá. - Fui andando até o lado da cama apenas para pegar um travesseiro e pediria um cobertor para o serviço de quarto.

- Você pode dormir aqui, não tem problema. - Ela me deu um sorriso caloroso que me fez sorrir também, então eu apenas assenti e me deitei ali e ela se deitou ao meu lado, me cobri e fiquei de barriga para cima e ela estava de costas para mim. - Você sabe que eu sou especialista em artes marciais, então é melhor não tentar nada. - Ela falou e eu não pude deixar de rir alto.

- Você não faz o tipo de garota que eu gosto de abusar. - Falei num tom brincalhão.

- Você não me acha atraente? - Ela se virou para mim e eu não pude deixar de rir. Sério que ela estava me perguntando aquilo? Ela realmente não acreditou no que eu falei sobre todos estarem olhando para ela no restaurante?

- Claro que você é atraente, muito atraente na verdade. - Eu dei uma olhada para seu corpo sem querer, por instinto, percebi ela ficar em graça e acabei ficando também. - Você era e continua sendo linda, Esther. - Fiz um breve carinho em seus cabelos e ela estava ainda mais vermelha, então escondeu o rosto com as mãos, eu comecei a rir.

- Para Anna! - Ela bateu em meu braço para que eu parasse de rir.

- Eu só falei a verdade. - Voltei a ficar de barriga para cima com os braços embaixo da cabeça, ela virou de costas para mim novamente.

- Obrigada pela noite, eu me diverti bastante. - Ela sussurrou.

- Eu também me diverti muito. - Eu sussurrei. - Boa noite, Esther!

- Boa noite, Anna! - Ela virou rápido e me deu um beijo na bochecha, depois voltou a deitar de costas. Eu estava com um sorriso tão grande que pensei que iria rasgar meu rosto. Fiquei ali pensando nas coisas que aconteceram naquela noite, as simples coisas, a forma que ela me tratava, seu jeito tímido, até mesmo nesse último beijo e acabei pegando no sono. 

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