Fifty

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Cheguei a sala de reuniões, as persianas estavam abertas, então dava para ver pela janela todos lá dentro sentados numa mesa e Calixto em pé, eu já não estava mais chateada, não que eu estivesse antes, mas eu precisei ir pensar um pouco, não tomar nenhuma decisão precipitada ou dizer besteiras como eu fazia antes. Eu voltei a ser a Anna Julia de sempre, eu acho que já era a Anna Julia de sempre, só de não ter explodido com o Isaac e com a Esther na cozinha, isso já mostrava que eu estava diferente. Eloisa foi a primeira a notar, quem seria o próximo? Entrei na sala sem nem ao menos bater e todos me olharam, caminhei para a única cadeira vazia que estava em um dos cantos da sala, já que não tinha mais lugares na mesa. Esther tinha um semblante triste, provavelmente ainda estava chateada com a situação anterior.

- Anna, que bom que se juntou a nós mais cedo. - Calixto disse e eu percebi que era verdadeiro, apenas lhe dei um sorriso e me sentei. - Bom, continuando, sabemos que o El loco agora tem aumentando a produção em quase 200% nas suas fábricas de drogas, segundo as informações, agora ele só tem duas fábricas e precisamos derrubar a maior de todas. - Ele a apontou no mapa, na verdade não sabíamos aonde ela estava localizada.

- Eu tenho uma ideia. - Levantei a mão e todos me olharam. - Podemos voltar a vender drogas, começar diminuindo o mercado dele. - Eu falei e Calixto arqueou a sobrancelha. - Bom, eu vou explicar. A um tempo atrás vendemos drogas, mas não era qualquer droga, era a melhor da região, não só os compradores começaram a nos procurar, mas como também os vendedores. Queriam fechar acordos ou queriam simplesmente nos matar e roubar nossos carregamentos, o que eu quero dizer é, eles vão vir até nós. Me dê os carregamentos, me dê a liberdade e em um mês faço um dos principais capangas do El loco vir atrás de mim para me matar.

- É muito arriscado. - Calixto disse coçando o queixo.

- Seus homens podem se disfarçar, eles já vivem praticamente lá em casa. - Eu disse me levantando e indo até onde estava o mapa, peguei uma caneta vermelha e comecei a riscar os pontos no mapa. - Natalie, com base nos cálculos e nas informações que temos, sabemos exatamente todos os pontos de venda deles, correto?

- Sim. - Ela respondeu abrindo o notebook.

- Quantas pessoas íamos precisar para vender a mesma quantidade de drogas que eles vendem por mês em uma semana? É claro que esse é um dado baseado na nossa fama anterior. - Eu dei um breve sorriso lembrando que já éramos conhecidos, quando saímos desse segmento, vi muitas pessoas lamentando, desde os mendigos aos grandes políticos. Vanessa me ajudou a criar essa variação de cocaína com uma pequena mistura de LSD, nunca achei que isso fosse possível, mas deu certo, como ninguém nunca descobriu isso? Bom, um estimulante não deve ser misturado com um alucinógeno, a não ser que você tome em um coquetel, o risco de sofrer uma overdose quase dobra, mas vale à pena.

- Bom, precisaríamos pelo menos de cinco pessoas na rua vendendo, duas negociando com os ricos e uma na boate da Lud. - Lud pigarreou. - Quero dizer, ex boate da Lud. - Eu não pude deixar de rir, Lud ainda era a dona da boate, mas tinha arrumado uma pessoa para ficar como "dono" e não era ninguém menos que o seu sogro. Se Brunna sabia disso? Nem poderia sonhar. Se o pai dela se divertia com a Lud assistindo as strippers e as novas candidatas? Pode apostar que sim.

- Se fizermos isso em um mês, vamos vender quatro vezes mais que ele? - Eu perguntei.

- Meus cálculos não erram. - Ela falou.

- E quando ele chegar até nós? - Eduardo se manifestou.

- Aí vai ser tudo ou nada. Vamos destruir o maior traficante de drogas de Los Angeles ou vamos morrer tentando. - Eu disse sorrindo. - Agora é tudo ou nada. - Eu me virei de costas para olhar o mapa. - Calixto, seus homens morreriam por essa missão, porque suas famílias vão os ver como heróis, e se meus amigos morrerem nessa missão, serão lembrados como bandidos repulsivos aos olhos desse país e provavelmente contaram seus corpos como se fossem capangas do El loco. - Eu me virei para ele e vi todos me olhando. - Não deixe com que isso aconteça, eles mais do que ninguém merecem ser honrados e fizeram tanto por esse país, mesmo sem ninguém saber. - Cruzei meus braços. - Esses homens e mulheres já fizeram muito pelo seu país, mesmo que você não sabia disso. - Isaac riu sarcasticamente.

The MissionOnde histórias criam vida. Descubra agora