Sixty One

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Acordei na minha cama, o quarto estava escuro e eu estava sozinha, Esther deve ter descido para beber água, levantei para procurar a minha mulher, algo me dizia que tinha alguma coisa errada, fui descendo as escadas e ouvi duas pessoas conversando na sala, dava para identificar uma voz masculina e uma feminina, mas eu não esperava pela cena a seguir; Esther e Isaac se beijando. Senti meu coração parar e eu quase cai da escada.

- O que... o que... está acontecendo? - Falei ofegante, mas conseguia pensar direito.

- Isaac e eu acabamos de nos casar. - Esther dizia feliz e Isaac sorria.

- Que loucura é essa, Esther? - Fui para perto dela e tentei puxá-la pelo braço, mas ela se manteve firme.

- Não é loucura. - Ela disse séria. - Eu percebi que ele é o melhor para mim, você só me causa dor, me levou para essa vida e eu quase morri, olha. - Ela levantou a blusa e me mostrou a lateral esquerda da barriga que sangrava muito. Levantei os olhos e vi que ela estava chorando. - Eu não te amo mais. - Ela falou em alto e bom som, eu não sabia como lidar com aquilo.

- Você não pode fazer isso comigo. - Eu falei quase que em um sussurro.

- Acabou, Anna Julia. - Ela puxou uma pistola e puxou o gatilho.

Acordei num susto tão grande que acabei gritando, meu corpo estava suado, percebi que tinha fios prendendo meu braço, senti uma dor latente no meu ombro, havia um bip que estava apitando muito, meu coração estava disparado, eu queria levantar, precisava encontrar a Esther, puxei tudo o que estava ligado ao meu corpo e tentei me levantar, mas fiquei tonta, puxei o ar com força, minha visão foi ficando turva, ouvi algumas pessoas correndo e outras gritando, eu consegui andar até a porta e sair do quarto, precisava me apoiar na parede para conseguir andar.

- Senhora, precisa voltar para o quarto. - Ouvi alguém falar.

- Onde está a minha mulher? - Eu falei ainda andando.

- Você precisa voltar, a doutora vai te dar informações sobre ela, por favor, me acompanhe. - Senti o homem colocar a mão no meu braço, eu não queria voltar para o quarto, então eu o ataquei com um golpe no pescoço, mesmo com a visão turva vi ele se ajoelhar com as mãos no lugar. Continuei caminhando, dessa vez mais rápido, mas eu tropeçava nos meus próprios pés, eu tinha que chegar até a recepção.

- Segurem ela. - Ouvi uma mulher gritar, aumentei meus passos, eu tinha que ver a Esther, eu precisava saber se estava tudo bem com ela, meus passos rápidos não formam muito eficazes, porque eles já estavam ao meu redor, derrubei mais um, mas os outros me prenderam.

- Ela é forte. - Um deles falou. - Vamos sedá-la. - Senti uma pontada no meu braço e meu corpo ficou mole e logo tudo apagou.

Acordei novamente num pulo e um pouco desesperada, meu ombro doía muito, talvez pelo pulo que eu dei na cama, me sentando e com a respiração pesada.

- Ei anna, calma. - Senti mãos no meu rosto e uma voz conhecida, minha visão se normalizou e eu percebi que era Brunna ali. - Isso, respira devagar. - Você está no hospital por causa do acidente. - Ela piscou para mim. - Um pedaço de vidro entrou no seu ombro. - Agora fazia sentido o porquê da dor no ombro.

- Cadê a Esther? - Eu falei procurando ao redor. - E a Lud?

- Esther está bem, teve um pequeno corte e bateu a cabeça, mas foi apenas isso, ela já teve alta. - Eu soltei um suspiro. - E Ludmilla fugiu do hospital assim que acordou, ela só teve algumas escoriações e um tiro de raspão no pescoço, aquela desgraçada.

- Eu tenho que ir embora. - Tentei me virar para soltar os frios que novamente estavam presos a mim.

- Não, você não pode sair ainda, você arrebentou todos os pontos enquanto lutava com os enfermeiros, além de ter que fazer outros exames e...

The MissionOnde histórias criam vida. Descubra agora