Fifty Four

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Poin't View Anna Julia Oliveira.

Acordei ainda com meu corpo muito dolorido, estiquei o braço para abraçar a Esther, mas ela não estava mais na cama, abracei seu travesseiro e o cheirei, seu cheiro ainda era o mesmo, um misto de morango com o perfume que ela roubou de mim em Milão. Fiquei mais um pouco na cama, quando ouvi batidas na porta, imaginei ser alguém com medo deu estar pelada, provavelmente Natalie, porque Vanessa já iria sair entrando, não me lembro de quantas vezes ela me pegou nua na cama com alguma mulher.

- Pode entrar. - Eu disse de uma forma meio sonolenta. Para a minha surpresa não era Natalie e sim o senhor C. Me sentei rapidamente na cama, mas logo me arrependi, porque a dor veio com força me fazendo quase perder o fôlego. Será que eu havia quebrado alguma costela?

- Não, sua costela não está quebrada. - Ele falou, parecia até que sabia o que eu estava pensando. Eu dei um sorriso meio sem graça e ele se sentou na beira da cama. - Anna Julia, nós precisamos conversar. - Eu apenas assenti. - Quando você me conheceu, fazia pequenos furtos, havia largado a escola, mas eu sempre soube que você era uma pessoa com muito potencial. Talvez eu tenha sido duro demais algumas vezes, mas eu não quero que você desperdice tudo o que você tem e acabe se perdendo atrás de falsas ilusões, como drogas, dinheiros e mulheres. - Ele sabia minha sexualidade, foi uma das primeiras coisas sobre a qual conversamos. - É difícil, talvez quando você tiver filhos você entenda o quanto é difícil mantê-los na linha e que sigam seu caminho.

- E que caminho eu tenho? Hoje eu sou só mais um peã do FBI, fazendo o trabalho sujo deles. Eu nem sei qual o objetivo de tudo isso. - Eu disse, talvez de maneira bem rude.

- Acredite, eu não queria que fosse assim. - Ele disse. - Mas no fim, eu fico feliz que quem é o chefe dessa operação é um velho amigo meu, as coisas poderiam estar piores se não fosse por ele. - Eu concordei, pois era verdade. - Anna, querida, olhe para mim. - Levantei meu olhar para olhá-lo. - Você está nisso por conta dos seus amigos ou ainda por causa daquela vingança? - Talvez ele conseguisse me ler tão bem quanto a Esther. Quando ela mandou aquele advogado me oferecendo exatamente o que eu queria, mas nesse caso, ele sabia que havia muito mais por trás daquele contrato de liberdade, era uma promessa e ainda mais agora que eu voltei a ser a Anna Julia de sempre, a que não hesita em matar e que faria o que fosse preciso.

- Talvez. - Eu respondi. - Não é só por mim e você sabe... é para o espírito dela descansar em paz. - Eu suspirei e limpei a lágrima solitária que caiu e ele segurou minhas mãos.

- Anna, eu já te disse, isso vai matar você. Quando você está cega pela vingança, coisas acontecem, está aí como exemplo o que você está passando agora. - Ele suspirou e se aproximou de mim. - Eu também tenho minhas rixas pessoais e elas tem 26 anos e eu estou esperando o momento certo para me vingar, pela minha mulher e minha filha. - Ele me encarou, ele já havia me contado aquela história, era realmente tocante. Ele era o rei da máfia de Miami, um dos seus subordinados o traiu, matou seu melhor amigo e a esposa dele, a filha deles só sobreviveu porque a mãe dela a escondeu em um cesto, já a mulher e a filha do senhor C. não tiveram tanta sorte.

- E como eu devo encarar isso? Uma missão do governo, onde eu sou uma agente secreta que vai salvar o mundo? - A ironia reinou na frase, eu sabia que em breve ele ficaria irritado.

- Encare como um acerto de contas para um novo futuro. Agora você tem uma esposa, mesmo que não tenha me apresentado ela devidamente, fico feliz por isso. Esther é uma boa garota, um pouco perdida como você, mas as duas encontraram o caminho juntas. - Ele abaixou a cabeça e riu negando. - Quando entreguei a ficha dela para Emily, não sabia que vocês poderiam ter um relacionamento, talvez uma forte amizade, mas não um relacionamento.

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