16: liberta-te

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Whissell - Get Free

🥊🎼

H U N T E R

As bandagens são importantes, especialmente para mim que uso os punhos, elas ajudam na hora de dar alguns socos. Além de tratar de possíveis lesões, também ajuda na hora da pressão e força nas articulações e músculos, dando também certa estabilidade. Existem vários tipos delas, mas eu não gostava das mais rígidas porque não sentia que elas se moldavam bem nas minhas mãos, e as elásticas não pareciam de boa qualidade, além de apertar demais na hora de fazer os movimentos. As semi elásticas me pareciam perfeitas, tendo o melhor das duas características anteriores.

Muita coisa parecia melhor quando bem estabilizadas, não é?

Eu estava retirando as bandagens que eu tinha utilizado há poucos minutos, pronto para guardá-las dentro da mochila junto com o resto das minhas coisas. Tinha acordado cedo demais para vir treinar e gastar um pouco da energia que estava acumulada.

Na realidade, eu mal tinha conseguido dormir.

Eu pensava em Liz. Muito. Praticamente a noite toda, e isso estava se tornando constante, se você quer saber.

Guardando as últimas coisas dentro da mochila, eu me despedi de alguns colegas da academia e fui para casa. Era um bom caminho, mas que eu tinha decidido fazer a pé. Fui andando em passos tranquilos, passando por partes do campus e da vizinhança que estava calma agora.

Quando cheguei ao meu prédio, coloquei minha mochila no quarto. Aparentemente não tinha ninguém em casa, eu tomei um banho refrescante, trocando de roupa em seguida. Saí do quarto para tomar água e pude ouvir uma voz baixinha conversando com alguém, reconheci a voz se aproximando, era Liz.

Sim, mamãe... Uhum... O que?! Não! Eu estou tentando ficar focada nos estudos — uma breve pausa, ela arregalou os olhos, tossindo um pouco ao me ver — É claro... Sim, eu irei. Prometo ligar mais... Eu também te amo, mamãe. Fique bem. Tchau, tchau.

Liz desligou e me olhou um pouco por alguns segundos, não dava para saber porquê, mas ela se virou para voltar para o quarto.

— Estava conversando com a sua mãe? — ela virou, ficando parada como uma estátua de novo — Anjo?

— Desculpe... É, sim, eu estava. Ela estava com saudades e preocupada, eu não ligava há uns dois dias e tinha prometido ligar todos os dias enquanto estive longe, então...

— Legal, e como foram suas noites aqui? Você vai embora hoje, 'né?

Verdadeiramente, estava curioso. Liz não tinha comentado exatamente nada, eu deduzia que estava tudo certo, mas ainda me sentia curioso. Especialmente sobre Chris.

— Foi confortável... digo, nada de anormal. Vocês foram legais comigo e Kath aqui — assenti, contente com aquela afirmação — E sim, irei hoje mais tarde.

— Legal, é bem melhor dormir em casa, 'né?

— Sim, é... onde esteve?

Eu sorri com a sua curiosidade estampada não só em suas palavras, como também em sua expressão. Liz costumava ficar com seus olhos ainda mais abertinhos, quase sem piscar e com traços mais apreensivos quando estava curiosa para saber sobre alguma coisa.

— Eu fui abater alguns sacos, costumo treinar todos os dias... você sabe, para as lutas e gastar energia. Você ficou aqui o tempo todo?

— Não, fui na academia treinar também — disse, se referindo a dança — Mas não fiz muito, foi mais para gastar energia também... — à medida que as palavras iam saindo, seu tom de voz ia diminuindo e seu olhar caindo um pouco.

NOCAUTE | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora