NOCAUTE | Livro 1

18: e se...

Christian French - Head First
Ruelle - War of Hearts
Armors - Kerosene
ALT-J - Bloodflood

PLAYLIST DE NOCAUTE NO MEU PERFIL.

🥊🎼

H U N T E R

— Dez dólares pelos seus pensamentos e aposto que está pensando na anjo.

O tom de April era carregado de deboche, ela estava ao meu lado enquanto estávamos deitados em sua cama. Eu tinha vindo para cá só porque não suportava ficar no meu próprio quarto, e vir para casa de April sempre era a melhor opção quando eu queria fugir de mim mesmo. E dessa vez estava acontecendo tudo de novo, com mais intensidade, e eu me via desesperado mentalmente para negar para mim mesmo que aquilo não podia estar ocorrendo. Mas eu sabia que sim, estava.

— Isso é uma merda, estou agindo feito um idiota — admiti, mesmo que fosse difícil. A minha cabeça ia do céu até o meu inferno pessoal, e ambos eram um só: Lizie. O que tornava as coisas mais conflituosas.

Como podia a mesma pessoa trazer o melhor e o pior de mim, mesmo sem saber? Talvez ela não entendesse, na verdade ninguém entenderia. E não era culpa dela. Não era.

— Isso é novo — ela apoiou-se sobre um braço e dedilhou o meu abdômen coberto pela camisa preta e larga — Eu nunca te vi assim antes, e você continua negando que a garota mexe com você.

— Eu não gosto dela — fiz uma careta e encarei April, que me arqueou as duas sobrancelhas, duvidando da minha afirmação — Não do jeito que você acha, ela só...

— Ela só está sendo o motivo pelo qual você está conversando comigo agora mesmo sobre isso e você nunca fez esse tipo de coisa.

Touché. Você está absolutamente correta.

— O que eu faço?

— Como assim o que você faz? Você disse que não gosta dela, então não tem motivos para se preocupar com isso, não é? — seu tom era zombeteiro, gargalhando logo depois. Eu não a julgava, estava mesmo sendo confuso, mas não sabia lidar com essas coisas — Ainda não estou acreditando que você está me pedindo conselhos, mas tudo bem. O que seria de você sem mim? — frisou bem o "mim", e eu a fitei, revirando os olhos. Aquela mania me lembrava tanto ela... droga. — Mas vamos lá analisar os fatos, você está negando para si mesmo que esse seu coraçãozinho de gelo não pode ser derretido por aquela aparência angelical. Mas ele está, aos poucos.

— Talvez... — comentei baixinho, mas acho que April ouviu.

— É, mas ainda temos duas hipóteses — ela levantou, ficando sentada na cama e eu apoiei meu corpo sobre os cotovelos, prestando atenção no que ela iria dizer a seguir.

— Quais?

Estava atento às suas ações e palavras, April era muito doidinha e sabia dar bons conselhos. Então não hesitei em nenhum momento em ficar focado nela.

— A primeira é que você pode mesmo estar gostando dela. A segunda, é que talvez você pode estar confundindo as coisas.

— Confundindo por quê? — questionei curioso, a segunda opção me parecia bem mais interessante.

— A garota é praticamente intocável para você, Hunter, vamos admitir isso porque até mesmo eu tenho interesse nela... — comentou como quem não quer nada e eu a encarei feio, não gostando muito daquela confissão — Ok, ok, mas voltando... Já passou na sua cabeça enorme que você talvez esteja obcecado em, sei lá, ter alguma coisa com ela e isso não passe de uma atração? O interesse pode ser apenas essa coisa física e nessa ideia dela ser tão distante do que você habituado...