Eliza Jones parecia ter conquistado tudo o que um dia havia sonhado: tinha um lugar para morar com sua melhor amiga, estava em uma outra cidade longe do lugar onde cresceu, tinha conseguido seu emprego e cursava a faculdade que sempre quis, isso tud...
Eu lembro que de todos os momentos, o último foi o que mais me doeu. E para ser sincero, ainda dói. Toda vez que eu a observo, ainda dói, e ver a sua dor, me machuca ainda mais.
Ela não era mais a mesma e eu sabia que a ferida que eu havia causado em sua vida jamais desapareceria, ela ficaria para sempre ali, talvez como uma grossa cicatriz que sempre faria questão de estar presente. Eu sabia que não seria fácil e que ela mudaria com o tempo. Porque quando passamos por alguma situação complicada na nossa vida, isso resulta em mudanças que muitas vezes são irreversíveis. Especialmente quando é algo relacionado à alguém que amamos, e quando isso acontece, é como se tudo e todos em quem acreditamos um dia, se transformasse em uma grande e dolorosa mentira. Eu acabei com a parte boa dela fazendo com que sobrasse apenas sofrimento e desconfiança.
Se alguns meses atrás alguém me perguntasse o que eu poderia querer no momento, eu diria coisas fúteis como mais uma tatuagem, dinheiro, algumas bebidas ou algo do tipo. Porém hoje não.
Hoje eu diria que eu gostaria de reparar qualquer dano que eu fiz a vida dela, e até mesmo nunca ter aparecido na sua frente e ter ferrado com tudo.
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Olhei para o lado enquanto a esperava sair pela enorme porta de cor amadeirada. Soltei lentamente a fumaça que eu havia acabado de puxar alguns segundos antes, o cigarro que eu tinha em meus lábios parecia ter um sabor amargo depois de um tempo significativo sem tê-lo em meus pulmões.
Quase todos os dias, depois do acontecido há mais ou menos dois meses atrás, essa vinha sendo a minha rotina. Sempre que eu acabava o meu serviço me locomovia até aqui e a observava de longe, habitualmente nos mesmos horários em que ela saia para colocar o lixo para fora e alimentar os animais de rua que ficavam pelos arredores do estabelecimento. Eu sei que parecia um maldito stalker, e que precisava seguir em frente, mas eu não tinha mais notícias suas e esse era o único momento em que eu podia ver se ela estava bem.
A Stones estava quase fechando, aquela início de noite estava bem fria e se não fosse pela bebida quente que eu havia tomado há alguns minutos antes de estar aqui e pelo cigarro aceso em minhas mãos, eu provavelmente congelaria aqui fora. Porém nada me incomodava tanto sem ser o fato de eu ver que a mulher que eu mais amei e amava — a não ser pela minha mãe e irmã — não estava mais ao meu lado.
"— Quando meu pai se foi ele disse que um dia eu acharia alguém tão boa para mim que o resto das coisas que eu julgava importante antes não iria valer de nada, que o amor que eu sentiria seria tão forte ao ponto de eu me sentir o cara mais implacável do mundo — dei um sorriso nervoso, pois era assim que eu me sentia perto dela. — Eu não sou um super-herói, você vive dizendo que eu não sou invencível, mas... Você sabia que eu me sinto assim? Como se eu pudesse derrotar qualquer coisa ou alguém para que nosso amor possa durar. O amor que eu sinto por você, Lizie... vai além do que eu possa explicar.
